Ronaldinho é investigado no Paraguai sob suspeita de usar passaporte falso

Atleta e seu irmão, Assis, devem prestar depoimento às autoridades nesta quinta

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O ex-jogador Ronaldinho Gaúcho, 39, e seu irmão Roberto Assis, 49, estão sendo investigados no Paraguai, sob suspeita de usarem documentos falsos para entrar no país.

A informação foi divulgada na noite desta quarta-feira (4), inicialmente por jornais locais, como o La Nación e o ABC Color, e posteriormente confirmada por autoridades paraguaias.

Por volta das 21h, integrantes da Polícia Nacional, do Ministério do Interior e do Ministério Público foram até a suíte onde eles estavam hospedados, no hotel Yacht y Golf Club, em Lambaré, nas proximidades de Assunção. Lá, afirmaram ter encontrado passaportes e cédulas de identidade paraguaias falsas nos nomes de Ronaldinho e Assis.

Ronaldinho Gaúcho é investigado no Paraguai sob suspeita de usar passaporte e documentos falsos
Ronaldinho Gaúcho é investigado no Paraguai sob suspeita de usar passaporte e documentos falsos - Ministério Público do Paraguai

Eles permaneceram a noite no hotel, sob custódia, e foram à sede da Promotoria contra o Crime Organizado para depor na manhã desta quinta-feira (5). Os documentos foram apreendidos, assim como celulares.

"Está ocorrendo uma audiência neste momento, onde certamente tudo será resolvido", disse o advogado do ex-jogador, Sérgio Queiroz, à Folha.

De acordo com relato do comissário Gilberto Fleitas ao jornal ABC Color, as autoridades tiveram conhecimento de que cidadãos brasileiros ingressaram no país com documentos paraguaios, o que chamou a atenção. Em contato com o departamento de identificações, não foram encontrados registros de seus dados no sistema, o que motivou a busca no hotel.

Ronaldinho chega para prestar depoimento em Assunção
Ronaldinho chega para prestar depoimento em Assunção - Norberto Duarte/AFP

Fleitas afirmou nesta quinta à rádio ABC Cardinal que Ronaldinho e Assis disseram ter recebido os documentos falsos do empresário Wilmondes Sousa Lira, 45, que está detido na sede da investigação de delitos da polícia.

Segundo o promotor do caso, Federico Delfino, que concedeu entrevista à imprensa paraguaia na manhã desta quinta, os números dos documentos apreendidos pertencem a outras pessoas, que foram detidas para prestar esclarecimentos. De acordo com ele, o passaporte foi expedido em janeiro deste ano, e as cédulas de identidade, em dezembro do ano passado.

"Foi feita a checagem da documentação, e chamou a atenção. Para obter nacionalidade paraguaia ou ser um cidadão paraguaio naturalizado, é preciso estar vivendo durante um tempo no país. E ter um trabalho, todas essas coisas. Ronaldinho é uma pessoa de fama mundial. Os números dos passaportes pertencem a outras pessoas. São passaportes originais, mas com os dados apócrifos", disse Delfino.

Ele declarou que os brasileiros terão de permanecer à disposição da Justiça por tempo indeterminado.

O ex-atleta teria viajado ao Paraguai para o lançamento do livro “Gênio da Vida” e participaria também de eventos beneficentes organizados pela Fundação Fraternidade Angelical. Ele havia sido recebido com festa na chegada ao país, incluindo escolta policial no aeroporto.

Brasileiros não precisam de passaporte para entrar no Paraguai, já que isso pode ser feito com o RG.

Não é a primeira vez que o nome de Ronaldinho é ligado a problemas com seu passaporte. Em novembro de 2018, ele e Assis chegaram a ter seus documentos brasileiros apreendidos após condenação por um crime ambiental no Rio Grande do Sul.

Ele fora condenado a pagar mais de R$ 8,5 milhões pela construção de um píer em área de proteção ambiental no lago Guaíba, na capital gaúcha. Como não cumpriu a sentença, teve o passaporte retido.

Ronaldinho foi recebido com festa e escoltado em sua chegada ao Paraguai - AFP

Em setembro do ano passado, um acordo com o Ministério Público do Rio Grande do Sul permitiu que ele recuperasse o documento. Os termos da negociação não foram publicados à época.

Pouco antes de fechar esse acordo, Ronaldinho havia sido nomeado embaixador do turismo brasileiro pela Embratur, instituto ligado ao Ministério do Turismo. A nomeação ocorrera mesmo sem o documento que permite viagens ao exterior.

"A indicação do ex-jogador como Embaixador do Turismo do Brasil é simbólica, honorária, e o trabalho desenvolvido é totalmente voluntário, sem ônus para a Embratur, que segue promovendo o turismo brasileiro no exterior", afirmou a Embratur, por meio de sua assessoria, sobre o atual status do ex-jogador.

Entre as atividades como embaixador do Turismo previstas pelo governo federal está a criação de um reality show, chamado de "Rei do Rolê". Ele viralizou nos últimos anos em redes sociais com a fama dos “rolês aleatórios”, por aparecer em fotografias com diferentes personalidades em lugares inesperados.

Com o passaporte recuperado, viajou a Israel em outubro para participar de um amistoso beneficente ao lado de outros ex-jogadores da seleção brasileira.

"Estou voltando à minha rotina, né? Tive um problema com o passaporte. Então, estou feliz de poder voltar a viajar", afirmou rapidamente à Folha na ocasião, ao desembarcar em Tel Aviv.

Também no ano passado, a Folha revelou que Ronaldinho, eleito duas vezes o melhor do mundo e aposentado do futebol desde 2015, acumulava dívidas e problemas com a Justiça.

Na época da reportagem, em julho, estava com 57 imóveis bloqueados, 4 deles penhorados, pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul por causa da multa ambiental. Além disso, tinha R$ 7,8 milhões em protestos em três cartórios da capital gaúcha.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.