Justiça paraguaia libera Ronaldinho Gaúcho para prisão domiciliar

Ex-jogador e seu irmão pagaram fiança de US$ 1,6 milhão e vão para um hotel

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São Paulo

O juiz paraguaio Gustavo Amarilla concedeu nesta terça (7) prisão domiciliar a Ronaldinho Gaúcho, 40, e seu irmão, Roberto de Assis, 49. Os dois ficarão em um hotel de luxo em Assunção após pagarem fiança de US$ 1,6 milhão (R$ 8,35 milhões).

A decisão encerra o período de 32 dias que a dupla ficou presa de maneira preventiva em uma penitenciária de Assunção. Os dois terão acompanhamento policial constante. O dinheiro para o pagamento da fiança veio de uma conta do próprio Ronaldinho.

Ele e Assis estavam detidos em Assunção desde a noite de 6 de março, acusados de estarem no país com passaportes falsos. Receberam os documentos na sala VIP do aeroporto internacional Silvio Petirossi, em Luque, cidade vizinha à capital.

Ronaldinho (de branco) e Assis (de azul) ao serem presos em Assunção, no Paraguai
Ronaldinho (de branco) e Assis (de azul) ao serem presos em Assunção, no Paraguai - Norberto Duarte-7.mar.20/AFP

Os passaportes foram ponto de partida para uma investigação do Ministério Público e do Ministério da Tributação do Paraguai. Até agora, 15 pessoas já foram presas. Os promotores investigam esquema de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e impressão de documentos falsificados.

Ronaldinho, recebido no Paraguai como ídolo, e Assis estavam presos em um quartel da Polícia Nacional do Paraguai adaptado como prisão. No período em que ficou no local, gravou vídeos a pedido de outros presos, jogou futevôlei e participou de jogo do campeonato dos detentos.

Em depoimento antes da prisão, os dois brasileiros afirmaram terem recebido os documentos como presentes, sem saber que não se tratavam de papéis verdadeiros.

Na primeira audiência do caso, o juiz determinou a prisão preventiva da dupla, sob a alegação de que eles poderiam fugir do Paraguai. Desde então, os advogados haviam tentado três recursos para liberá-los. Pediram prisão domiciliar e a anulação do decreto de prisão preventiva. Todas as solicitações, no entanto, foram rejeitadas.

A situação dos brasileiros foi complicada também pela pandemia de coronavírus, o que fez com que a Justiça do Paraguai passasse a trabalhar em um ritmo bem mais lento. Isso adiou também o resultado da perícia dos telefones celulares de Ronaldinho e Assis, visto como fundamental pela defesa para provar que eles não sabiam da falsificação.

A defesa aponta o empresário brasileiro Wilmondes Sousa Lira como responsável por entregar a eles os passaportes falsificados. Lira também teve a prisão preventiva decretada. Duas mulheres, María Isabel Galloso e Esperanza Apolônia Caballero, donas das cédulas de identidade usadas para a adulteração, também foram denunciadas e estão em prisão domiciliar.

Ronaldinho foi para o Paraguai a convite de Nelson Belotti —um dos donos do cassino Il Palazzo, localizado no hotel em que o ex-atleta estava inicialmente hospedado com seu irmão, Assis— e da empresária Dalia López.

O ex-jogador ficaria de 4 a 7 de março na região de Assunção. Uma página no Facebook, “Ronaldinho en Paraguay”, anunciava quais seriam os compromissos do brasileiro ao lado de Dalia, representante da Fundação Fraternidade Angelical, que teria sido fundada em 2019 e aparece como apoiadora do evento.

A empresária é considerada foragida pela Justiça do Paraguai. Além do envolvimento no caso Ronaldinho, ela é investigada também por ligação com o crime organizado.

Logo após a decisão, Ronaldinho foi avisado por celular.

Não é a primeira vez que Ronaldinho e o irmão têm problemas com a Justiça. Em novembro de 2018, ele e Assis chegaram a ter seus passaportes brasileiro e espanhol apreendidos após condenação por um crime ambiental no Rio Grande do Sul.

Ele fora condenado a pagar mais de R$ 8,5 milhões pela construção de um píer em área de proteção ambiental no lago Guaíba, na capital gaúcha. Como não cumpriu a sentença, teve o documento apreendido.

Em setembro do ano passado, um acordo com o Ministério Público do Rio Grande do Sul permitiu que ele recuperasse o documento. Os termos da negociação não foram publicados à época.

Pouco antes de fechar esse acordo, Ronaldinho havia sido nomeado embaixador do turismo brasileiro pela Embratur, instituto ligado ao Ministério do Turismo. A nomeação pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ocorrera mesmo sem o documento que permite viagens ao exterior.

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