Apoiado por Andrés, Duilio diz que é hora de gente nova no Corinthians

Ex-diretor de futebol e com histórico familiar no clube, ele agora quer a presidência

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São Paulo

Duilio Monteiro Alves, 45, representa a terceira geração familiar na tentativa de chegar à presidência do Corinthians.

O indicado pelo atual mandatário, Andrés Sanchez, é neto de Orlando Monteiro Alves, ex-vice-presidente, e filho de Adilson Monteiro Alves, que foi diretor no Parque São Jorge e participou da Democracia Corinthiana, na década de 1980.

O histórico é motivo de orgulho para Duilio, mas um contraponto ao fato de ele representar a chapa que se mantém no poder no clube há 13 anos com o nome Renovação e Transparência.

Como candidato da situação, ele admite que nem sempre esse lema foi seguido. Em entrevista à Folha diz que seu principal objetivo é "modernizar a parte administrativa e fazer uma gestão 100% transparente". O dirigente argumenta que isso até foi feito nos últimos anos, "mas não era o foco".

Duilio Monteiro Alves, ex-diretor de futebol do Corinthians e candidato à presidência do clube
Duilio Monteiro Alves, ex-diretor de futebol do Corinthians e candidato à presidência do clube - Rubens Cavallari - 7.dez.18/Folhapress

Braço direito de Andrés, ele acompanhou de perto a atual gestão. Ocupou o cargo de diretor de futebol de fevereiro de 2018 a setembro deste ano, quando se licenciou para concorrer à presidência.

Duilio já havia exercido a função de diretor durante o mandato de Mario Gobbi (2012-2015), com quem disputará o pleito no sábado (28). O ex-diretor da base Augusto Melo também concorrerá.

Rompido com Andrés desde o início de seu mandato, Gobbi se aliou à oposição do Corinthians para tentar voltar ao cargo. Duilio não tem receio de se assumir como candidato do atual presidente.

"Não acho problema nenhum nisso, desde que as pessoas saibam que o Duilio é o Duilio. Tenho meu jeito de ser e de administrar. O Andrés transformou o clube e agora é hora de vir gente nova."

Com Gobbi e Sanchez, Duilio fez parte de trabalhos vitoriosos, sobretudo nas conquistas da Libertadores e do Mundial, em 2012, do Brasileiro de 2015 e dos Paulistas de 2018 e 2019. Ele atuou também na construção dos novos CTs da base e do profissional, no Parque Ecológico.

Sob sua gestão, a dívida do departamento de futebol cresceu devido ao alto número de contratações. Chegaram 40 atletas em 33 meses, média de um reforço a cada 25 dias.

"No Brasil, existe uma cultura de jogador descartável. Têm treinadores que pedem determinado jogador, a diretoria entrega, o atleta faz dois ou três jogos ruins e acaba sendo deixado de lado pelo treinador ou por pressão da torcida", argumenta Duilio. "Neste ano de 2020, realmente, o time não encaixou."

Para a atual temporada, o clube trouxe 13 jogadores, entre eles Luan, que custou 5 milhões de euros (R$ 31,7 milhões na cotação atual). É o quinto atleta mais caro da história do Corinthians. Com quatro gols em 35 jogos e sem regularidade entre os titulares, ele ainda não rendeu o esperado.

Desde 2018, o time teve seis trocas de treinadores e dois períodos em que o elenco foi comandado pelo interino Dyego Coelho. As mudanças refletem o rendimento ruim em campo.

Quando Duilio se licenciou do cargo, a equipe ocupava a 12ª posição do Brasileiro, com 9 pontos, um acima da da zona de rebaixamento. Atualmente, está em 13º, com 26 pontos, dois a mais do que o 17º colocado.

O Corinthians amargou duas eliminações precoces na temporada: antes da fase de grupos da Libertadores e nas oitavas de final da Copa do Brasil.

Caso seja eleito, não será fácil para o candidato de Andrés Sanchez montar um time mais forte. Durante a gestão do atual presidente, a dívida do clube cresceu de R$ 468 milhões para R$ 902 milhões, segundo o último balanço divulgado, em julho deste ano.

O endividamento não compreende o valor de R$ 536 milhões cobrados pela Caixa Ecônomica Federal na Justiça referente ao financiamento para construção da Neo Química Arena. O processo está suspenso enquanto as partes negociam um novo fluxo de pagamento.

A despeito desses débitos, Duilio promete investir no time. "Não existe uma urgência para que se pague a dívida. O que a gente pode fazer é pagar aos poucos, renegociar e aumentar prazos. É possível montar times não tão caros capazes de brigar por títulos."

Além de negociar com os credores, o candidato afirma que buscará novas fontes de receita, tanto para o clube como para o pagamento do financiamento da arena.

"O projeto é transformar o Corinthians de um clube analógico em um clube digital. Existem propriedades em termos de redes sociais, streaming e aplicativos que são formas de trazer receita", diz.

Sobre a arena, destaca negócios já abertos no local e planos para o futuro. "Temos uma universidade para 2.000 pessoas, academia, salões de beleza, uma clínica médica e já estão sendo montados locadora de veículos e uma farmácia em parceria com a Neo Química. Também faremos shows lá."

Para tocar esses projetos, Duilio precisará, primeiro, realizar o sonho da família Monteiro Alves. "Seria uma alegria imensa para o meu pai ver o filho presidindo o Corinthians."

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