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Super Bowl tem duelo geracional para a história entre Brady e Mahomes

Com diferença de idade de 18 anos, astros do futebol americano se enfrentam em Tampa

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São Paulo

Nos primeiros dias após se mudar para Tampa, na Flórida, Tom Brady, 43, resolveu fazer uma visita a Byron Leftwich, coordenador ofensivo do seu novo time, o Tampa Bay Buccaneers. Entrou sem bater e deu de cara com uma família à mesa de jantar. Era a casa errada.

Ele compartilhou o episódio no Twitter. Patrick Mahomes, 25, respondeu já ter feito o mesmo ao chegar em Kansas City e ir conversar com um dos treinadores. Essa pode ser a história mais curiosa, mas não a única que une os dois quarterbacks.

Neste domingo (7), eles se enfrentam pelo título do Super Bowl, a final da NFL (liga de futebol americano).

Brady comanda o ataque do Tampa Bay Buccaneers, primeiro time da história a disputar o troféu no seu próprio estádio (o local é sempre pré-definido). Mahomes, o do atual campeão Kansas City Chiefs. A partida começará às 20h30, com transmissão da ESPN.

Haverá público no Raymond James Stadium: 7.500 trabalhadores da saúde convidados, que já receberam vacina para o coronavírus, 14,5 mil pessoas que puderam comprar ingresso e mais 2.700 em camarotes. O show do intervalo será do cantor The Weeknd.

Brady e Mahomes poderiam ter sido jogadores de beisebol. O mais velho foi escolhido pelo Montreal Expos na 18ª rodada do draft (recrutamento universitário) da MLB (Major League Baseball) de 1995. Ele se recusou a assinar contrato porque sua prioridade sempre foi o futebol americano.

Mahomes também foi draftado na MLB. O Detroit Tigers o selecionou em 2014, mas ele queria mesmo era ser quarterback. Seu pai atuou pelas divisões menores do Montreal Expos.

O jogo deste domingo é o confronto dos sonhos para os fãs do esporte e para a CBS. A emissora americana pagou cerca de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 5,5 bilhões) pelo direito de mostrar partidas da temporada regular, playoffs e o Super Bowl. Este último tem sistema de rodízio com as outras redes do país: ABC, NBC e Fox.

Já houve grandes confrontos entre alguns dos maiores quarterbacks da história na final da liga. A última tão expressiva aconteceu entre John Elway e Brett Favre, quando o Denver Broncos (de Elway) derrotou o Green Bay Packers em janeiro de 1998.

A diferença do Super Bowl deste ano é o duelo de gerações. O jogo do "maior de todos os tempos" contra o principal candidato a "futuro maior de todos os tempos". Tom Brady, dono de seis títulos, vai enfrentar Patrick Mahomes, atual campeão. Nova vitória dos Chiefs deverá será vista como o momento de troca de guarda.

Não que o veterano goste dessa conversa sobre sucessores. Brady já disse planejar seguir na carreira até os 45. Esse será seu décimo Super Bowl, e ele mostrou que não necessariamente o último.

Como a final entre as conferências NFC (National Football Conference) e a AFC (American Football Conference) teve a primeira edição em 1967, Brady terá participado de 18% das 55 decisões na história.

A temporada de 2020 foi sua primeira em Tampa depois de 20 anos no New England Patriots. O time chegou a selecionar no draft um quarterback para o futuro: Jimmy Garoppolo, em 2014. Brady se sentiu tão incomodado que fez lobby para continuar no time por mais tempo do que o imaginado pelo técnico Bill Belichick. Em 2017, Garoppolo foi negociado com o San Francico 49ers.

O ex-astro dos Patriots jamais teve um Super Bowl contra o grande rival de sua geração. Peyton Manning sempre esteve na mesma conferência que ele, e os dois se enfrentavam, no máximo, na final da AFC. Brady encarou duas vezes o irmão de Peyton, Eli (do New York Giants), e perdeu ambas.

Essas duas derrotas e a que teve diante do Philadelphia Eagles foram as três de sua carreira no Super Bowl. Seus seis títulos são o maior número de um jogador.

Mahomes cresceu vendo o adversário deste domingo em ação. Tinha seis anos quando Brady ganhou o troféu pela primeira vez, em 2002. Nas entrevistas que deu depois de os Chiefs derrotarem os Bills e carimbarem a volta ao Super Bowl, há duas semanas, afirmou que seu objetivo primordial na carreira é alcançar as seis conquistas.

A marca de Mahomes nos playoffs é de seis vitórias e uma derrota. A queda aconteceu na prorrogação da final da AFC de 2019 (referente à temporada de 2018). O vencedor foi o New England Patriots de Tom Brady.

Fotos dos dois quarterbacks em ação
Patrick Mahomes e Tom Brady se enfrentam neste domingo - Jamie Squire e Stacy Revere/AFP

A partir de 2018, quando virou titular dos Chiefs, o quarterback mudou o patamar de sua equipe, que não vencia o Super Bowl desde 1970. Tornou-se o mais jovem da posição a ganhar a final e ser eleito MVP. Ambos aos 24 anos.

A história do New England Patriots se divide em antes e depois de Tom Brady. Até 2002, a franquia não tinha nenhum título. O Tampa Bay Buccaneers não chegava à decisão da liga desde janeiro de 2003.

Após ser campeão na temporada passada, Mahomes assinou renovação por US$ 503 milhões (cerca de R$ 2,7 billhões) pelos próximos dez anos. Foi o primeiro contrato dos esportes americanos profissionais superior a meio bilhão de dólares.

Se permanecer mais uma década nos Chiefs e o acordo não for reestruturado no futuro, representará mais do que Brady recebeu para atuar por 20 anos em New England. Foram US$ 227 milhões no total (R$ 1,2 bilhão na cotação atual).

A brincadeira feita em Boston é que ele não era a pessoa mais rica nem mesmo dentro da própria casa. Sua mulher, a modelo brasileira Gisele Bündchen, tem patrimônio estimado em US$ 360 milhões (cerca de R$ 2 bilhões).

Em março de 2020, Brady fechou acordo por dois anos com os Buccaneers por US$ 50 milhões (R$ 275 milhões). O valor pode ser acrescido de mais US$ 9 milhões (R$ 49,5 milhões) com cláusulas de produtividade.

Os dois desafiaram as expectativas ao participarem do draft. Brady foi escolhido pelos Patriots apenas na sexta rodada, depois de 198 jogadores.

O número 1 daquele ano foi Courtney Brown, defensive end (posição de defesa) chamado pelo Cleveland Browns. Ele atuou na NFL por sete anos e é considerado um dos maiores fracassos da história da equipe.

Acreditava-se que Mahomes poderia ser uma das primeiras escolhas do draft de 2017. Acabou como o décimo, na primeira rodada. O Cleveland Browns de novo teve a primeira chance, mas preferiu outro defensive end —Myles Garrett, já selecionado para dois Pro Bowls, a partida dos melhores da temporada.

O peso de "deixar passar" Mahomes ficou para o Chicago Bears, que escolheu o quarterback Mitchell Trubisky.

Ao acertar um passe para touchdown contra os Bears, Mahomes mostrou não ter esquecido a esnobada. Contou com os dedos até o número 10, para lembrar a sua posição no draft.

Brady é tão dominante na história recente da NFL que, se vencer neste domingo, baterá o próprio recorde de campeão mais velho do Super Bowl, obtido em 2019, aos 41.

Se Mahomes festejar o título, será o primeiro da posição a ganhar a final por dois anos seguidos desde... Tom Brady (2004 e 2005).

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