O domingo foi especial para a família japonesa Abe, mesmo que grande parte dela não pudesse estar nas arquibancadas do Budokan devido às restrições para frear a Covid-19. No lendário palco do judô, Hifumi Abe (categoria 66 kg), 23, e sua irmã Uta Abe (52 kg), 22, conquistaram a medalha de ouro.
Alguns de seus compatriotas que trabalhavam no local deram uma pausa no expediente para ver a dupla fazer história nos Jogos Olímpicos. Na decisão, Uta derrotou a francesa Amandine Buchard com um ippon e foi às lágrimas. Na sequência, ajoelhou-se no tatame, fechou as mãos e desferiu socos no chão e no ar.
Hifumi também festejou, mas sem o mesmo entusiasmo da irmã, ao derrotar Vazha Margvelashvili, da Geórgia, na final. Se para os japoneses é motivo de orgulho, o sobrenome Abe, para os brasileiros, soará doloroso. Na caminhada ao título, Uta eliminou a paulista Larissa Pimenta, 22, e avançou às quartas.
“Hoje eu vim para ganhar. A minha fase de experiência já passou. Eu tinha lutado com ela duas vezes, e ela tinha se comportado da mesma maneira nas duas. Mas hoje foi diferente. No meio da luta ela me surpreendeu ao trocar o lado [da pegada]”, lamentou Larissa.
Depois foi a vez de Hifumi, na semifinal, superar o gaúcho Daniel Cargnin, que depois conquistou a medalha de bronze com um wazari sobre o israelense Baruch Shmailov. O brasileiro já havia lutado com o japonês em outras três ocasiões —foram duas derrotas e uma vitória.
Hifumi começou a praticar judô aos seis anos de idade. O pai imaginava que a filha teria talento e gosto pelo piano. Errou. Não tardou para que ela pedisse aos pais para acompanhar o irmão nas aulas de judô.
A dupla coleciona títulos desde as competições juniores. Em 2018, foram os primeiros irmãos japoneses a vencerem uma competição na modalidade, o Mundial de Baku, o que aumentou a expectativa do país de mais um sucesso da dupla, desta vez nas Olimpíadas de Tóquio. Uta já havia entrado para a história como a mais jovem a conquistar um Grand Prix, em 2017. Ela tinha apenas 16 anos.
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