Descrição de chapéu Tóquio 2020 tênis tênis

Stefani e Pigossi levam bronze nas Olimpíadas e conquistam 1ª medalha brasileira no tênis

Dupla bateu, de virada, as russas Veronika Kudermetova e Elena Vesnina

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Tóquio

É clichê dizer que um esportista “fez história” em Olimpíadas. Mas nada mais justo do que escrever que Luisa Stefani e Laura Pigossi fizeram história ao conquistarem a primeira medalha olímpica do tênis brasileiro.

A dupla levou o bronze neste sábado (31), em Tóquio, após derrotar as russas Veronika Kudermetova e Elena Vesnina, vice-campeãs de Wimbledon, por 2 sets a 1, em uma virada espetacular.

As brasileiras perderam o primeiro set, venceram o segundo e reverteram o tie-break, no qual chegaram a estar perdendo por 5 a 1. No final, venceram por 11 a 9, com quatro match points defendidos.

Até semanas atrás, disputar os Jogos Olímpicos era algo improvável para Stefani, 23, e Pigossi, 26. Ganhar a inédita medalha para o Brasil, então, talvez nem tivesse passado pela cabeça das tenistas brasileiras, que não atuavam juntas até desembarcarem no Japão de última hora.

Ao fim da partida, a dupla se jogou no chão, e os gritos de comemoração ecoaram pelas arquibancadas da arena Ariake, quase vazias devido à Covid e com apenas alguns jornalistas e membros de delegações.

"Sentimento é de paz, de conquista, é um sonho conseguir uma medalha olímpica. A medalha ficará para sempre. Ainda estou tentando entender as emoções", disse Pigossi em entrevista coletiva após a partida.

Sob calor de 32º C, as brasileiras perderam o primeiro set por 6 a 4, mas devolveram o mesmo placar no segundo e foram para o decisivo tie-break. Ali, as russas abriram 5 a 1, indicando que levariam a medalha.

Stefani e Pigossi, porém, reagiram outra vez e encostaram em 7 a 5. Quando as adversárias chegaram ao nono ponto, no momento mais dramático do jogo, as brasileiras seguraram quatro match points.

"No 9 a 5, a gente não pensou nada, só em fazer o que a gente ama e em como resolver os problemas na quadra", disse Pigossi. Stefani, por sua vez, destacou o quanto a dupla acreditou até o final, já que "tie-break é jogar o jogo". "No 0 a 0 ou no 9 a 5 a gente sabia que podia jogar e confiar uma na outra."

O final tenso no Japão está alinhado ao roteiro improvável que levou as tenistas brasileiras às Olimpíadas.

Uma semana antes da abertura oficial dos Jogos, Pigossi, que disputava um torneio no Cazaquistão, tentava falar desesperadamente com Stefani, então nos Estados Unidos. “Ela dormindo e eu ansiosamente esperando ela acordar para dar a notícia”, conta Pigossi.

A notícia? Elas representariam o Brasil nas duplas femininas de tênis nas Olimpíadas prestes a começar. Em dois dias, arrumaram as malas, pegaram as raquetes e voaram para o Japão.

 Laura Pigossi e Luisa Stefani disputam o bronze nas duplas femininas do tênis
Laura Pigossi e Luisa Stefani disputam o bronze nas duplas femininas do tênis - Yara Nardi/Reuters

Pela regra, a chave olímpica reúne 31 duplas definidas de acordo com as primeiras colocações no ranking, além de outra representante do país-sede.​ Stefani e Pigossi são, respectivamente, primeira e segunda mais bem colocadas no ranking de duplas do Brasil, mas não atuam juntas no circuito internacional.

No circuito, Stefani faz dupla com a americana Hayley Carter, que se lesionou recentemente. Juntas, conquistaram o Aberto de Lexington, no Kentucky (EUA), e o WTA de Tashkent (Uzbequistão), em 2019.

Já Pigossi, na atual temporada, faturou os dois principais torneios de sua carreira até o momento, o ITF W25 de Pune, na Índia, e o W15 de Villena, na Espanha. Ambas as tenistas vivem fora do Brasil.

Stefani começou a treinar aos 10 anos, em uma academia no bairro de Perdizes, em São Paulo, por iniciativa da mãe. Em 2011, os pais decidiram trocar a capital paulista pela Flórida, nos EUA, e ela deu sequência ao tênis no ensino médio e, a partir de 2015, na universidade. Nesse período, atingiu a 10ª posição do ranking juvenil. Hoje ocupa a 23ª colocação da WTA (Associação do Tênis Feminino)

Pigossi, por sua vez, decidiu morar em Barcelona, na Espanha, para se desenvolver no esporte.

Agora, as amigas de infância receberão o bronze em cerimônia marcada para acontecer neste domingo (1º), após a disputa pela medalha de ouro. A dupla da República Tcheca Barbora Krejcikova e Katerina Siniakova enfrenta as suíças Belinda Bencic e Viktorija Golubic, que bateram as brasileiras na semifinal.

O feito em Tóquio é o ápice do tênis brasileiro em Olimpíadas. Stefani e Pigossi já haviam atingido a marca de Fernando Meligeni de Atlanta-1996 ao passar para as semifinais com a vitória de 2 a 1 sobre as americanas Bethanie Mattek-Sands e Jessica Pegula. Medalha na modalidade, porém, era algo inédito.

Após a conquista da medalha, ambas as tenistas brasileiras disseram querer continuar atuando juntas em torneios. "Com certeza a gente vai jogar outras vezes como dupla, para me ajudar a subir no ranking. Uma mão lava a outra", afirmou Pigossi, 188ª na WTA, aos risos com a parceira.

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