Descrição de chapéu F1

Verstappen e Hamilton querem algo em comum na F1, mas não fora dela

Arrojados e habilidosos nas pistas, rivais possuem personalidades bastante distintas

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São Paulo

O Grande Prêmio de São Paulo, neste domingo (14), poderá confirmar a condição de Max Verstappen, 24, como o favorito ao título deste ano da F1. O líder do campeonato tem a chance de ampliar sua vantagem sobre Lewis Hamilton —atualmente são 19 pontos (312,5 a 293,5)— com apenas três etapas restantes.

O desfecho da temporada poderá também significar a quebra da hegemonia do heptacampeão mundial. Aos 36 anos, o inglês iniciou 2021 com o objetivo de conquistar pela oitava vez o Mundial e sagrar-se o maior campeão da categoria, de forma isolada –hoje está empatado com o alemão Michael Schumacher.

Vencedor nas últimas quatro temporadas, o piloto da Mercedes voltou a ter neste ano uma rivalidade com a qual já não estava mais acostumado.

Lewis Hamilton (à esq.) e Max Verstappen no pódio do GP dos EUA, em Austin
Lewis Hamilton (à esq.) e Max Verstappen no pódio do GP dos EUA, em Austin - Brian Snyder - 24.out.21/Reuters

Com um ímpeto semelhante ao do inglês, além de apresentar muita técnica e velocidade, Verstappen demonstrou um talento à altura para destituir Hamilton do trono na F1.

Se o holandês vai ganhar o título deste ano ou quantos mais vai conquistar ao longo de sua carreira é cedo para dizer. Fato é que ele tem talento para brigar pelo topo.

Ocupar o espaço de Hamilton nas pistas é um objetivo claro de Max. Fora das disputas, porém, eles levam estilos de vida bastante diferentes e não costumam ocupar os mesmos lugares.

Desde que alcançou status de ídolo da F1, o inglês passou a usar seu sucesso para levantar bandeiras de causas sociais, como a luta contra o racismo e por mais diversidade no esporte.

"Quando comecei neste esporte, sempre busquei entender qual era o meu propósito. E quando comecei, eu era o único piloto negro. Atingi tanto sucesso e tento entender o que isso significa, o que eu vou fazer com isso, e eu percebo que sempre tenho um trabalho a mais a fazer", afirma Hamilton.

Desde 2020, ele lidera os protestos antirracistas na F1. Também é bastante ativo nas redes sociais, nas quais divulga sua participação em ações como o movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).

Mais recentemente, ele inaugurou uma fundação para promover o acesso de jovens negros ao ensino de qualidade. "Essa é a maior fonte de orgulho para mim", diz.

O perfil ativista de Hamilton é oposto ao estilo de Verstappen. O holandês também gosta de compartilhar a vida nas redes sociais, mas suas publicações revelam muito mais um gosto por viagens e passeios luxuosos, como nas imagens em que o piloto aparece ao lado da namorada Kelly Piquet, filha do tricampeão mundial Nelson Piquet –não se pode dizer, contudo, que o piloto inglês da Mercedes nunca tenha ostentado a fama.

Verstappen se envolveu recentemente em uma polêmica ao se referir à brasileira. Durante uma live, o holandês foi questionado por um fã sobre qual foi a compra mais cara que ele já havia feito na vida. O piloto, então, respondeu: "minha namorada", o que gerou a revolta de seguidores pelo comentário machista.

Não foi a primeira vez que uma atitude dele não foi bem vista. Na própria F1, ele fez parte do grupo que se recusou a participar dos protestos antirracistas liderados por Hamilton.

Na abertura da temporada de 2020, Verstappen foi um dos seis pilotos que permaneceram em pé enquanto os outros 14 se ajoelharam. Além dele, o monegasco Charles Leclerc, o italiano Antonio Giovinazzi, o espanhol Carlos Sainz, o finlandês Kimi Raikkonen e o russo Daniil Kvyat não fizeram o gesto de protesto.

O holandês disse estar comprometido com a luta contra o racismo, mas acredita "que todos têm o direito de se expressar da maneira que lhes convém".

Verstappen é do tipo que não gosta de ser comparado. Tanto ele que já declarou não ter ídolos na F1, nem mesmo seu pai, Jos Verstappen, que competiu na categoria nos anos 1990 —o ex-piloto, contudo, não teve em sua época o sucesso que o filho tem agora, até porque nunca venceu uma corrida e teve dois terceiros lugares como suas melhores posições em 107 corridas.

Mesmo que o pai tivesse tido mais sucesso, ele não demonstra que pensaria de forma diferente. Nos últimos dias, Verstappen teve um encontro com o sogro Nelson Piquet. Questionado se havia pedido algum conselho ao brasileiro, tricampeão da categoria, foi direto: "Não conversamos sobre isso [F1]. Eu não preciso de conselhos".

Por outro lado, é justamente um brasileiro o maior ídolo de Lewis Hamilton. Desde que chegou à F1, o heptacampeão se declara fã de Ayrton Senna. Quando corre no Brasil, faz questão de usar um capacete amarelo, parecido com o que o brasileiro usava. E até fez uma fotomontagem nesta semana para mostrar seu carinho pelo tricampeão —na imagem, os dois estão abraçados no circuito de Interlagos.

Diferenças à parte, Hamilton e Verstappen travam ao longo desta temporada uma grande disputa. São os principais responsáveis por devolver a emoção das rivalidades que faltou à categoria nos últimos anos, ao menos desde 2016, quando o inglês foi vice-campeão sendo superado por seu então companheiro na Mercedes, o alemão Nico Rosberg, por cinco pontos.

No Brasil, o inglês vai em busca de sua 101ª vitória, enquanto o holandês luta pela 20ª da carreira. A 19ª etapa da temporada terá sua largada às 14h (a Band transmite a corrida).

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