Descrição de chapéu skate

Skatista Gui Khury sonha com Olimpíadas após 2021 'insano'

Fenômeno de 13 anos acertou primeiro giro de 1.080 graus da história nos X Games

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Florianópolis

O 2021 de Gui Khury foi "insano", como define o próprio garoto que, aos 12 anos, acertou uma manobra inédita nos X Games.

Em julho, na Califórnia, o jovem skatista brasileiro completou o primeiro giro de 1.080 graus da história em uma competição na rampa vertical.

Gui concretizou assim o plano traçado um ano antes, quando acertou a manobra pela primeira vez durante um treinamento na pista montada na casa de sua avó em Campo Largo (região metropolitana de Curitiba). Na época, ele já planejava levar o movimento de três giros completos ao principal evento de esportes radicais do mundo.

Gui Khury 'voa' em manobra de skate no bowl
Gui Khury foi uma das atrações do Red Bull Skate Generation, evento de skate na casa de Pedro Barros em Florianópolis - Marcelo Maragni - 11.dez.21/Red Bull Content Pool

"Em alguns meses eu consegui fazer todas as coisas que podia imaginar para os próximos cinco ou dez anos", afirma o garoto, com um misto de assombro e divertimento.

Para chegar ao 1.080°, é preciso percorrer etapas, algo que ele começou a fazer bem cedo. Aos seis anos, completou o 540°, aos sete, o 720°, aos oito, o 900°, manobra imortalizada por Tony Hawk em 1999 e que fez o brasileiro entrar no Guiness World Records pela primeira vez como mais jovem a acertá-la.

A ideia de buscar o inédito giro surgiu ao ver as tentativas de Shaun White, fenômeno americano do skate e do snowboard. Gui levou quase um ano para acertar o movimento pela primeira vez e até hoje o repetiu outras duas, uma delas nos X Games. Não é algo para se fazer a qualquer hora, apenas em "momentos especiais", como define.

"Precisa de força na hora de voltar da manobra, porque vem muita pressão nas pernas. Por ele ser pequeno, consegue girar mais rapidamente, mas tudo isso envolve técnica. E tem que conciliar os dois: força e velocidade", explica o pai, Ricardo Khury Filho.

Ex-skatista amador que incentivou o filho no esporte desde cedo, ele acredita que o período da pandemia tenha ajudado Gui a evoluir ainda mais rapidamente, com as aulas online e mais tempo livre para andar nos fundos da chácara da avó.

A ideia de construir um espaço particular para os treinamentos surgiu quando a família morava na Califórnia e o garoto já tinha começado a se destacar no esporte. Com o retorno ao Brasil, em 2015, o plano foi colocado em prática.

"Vendi uma moto para comprar as chapas da pista, e foi assim que tudo começou. Era para ser uma pistinha no quintal da casa da avó, mas quando a gente chegou aqui ele já tinha realizado algumas manobras, e decidimos montar uma pista nos padrões de competição", relembra Ricardo.

O local, chamado de Greenbox, atualmente conta com um halfpipe (pista em forma de U) coberto e um bowl (pista em formato de piscina). Eventualmente skatistas próximos da família são recebidos para praticar no local.

No último fim de semana, em Florianópolis, Gui participou do Red Bull Skate Generation, evento realizado no bowl do multicampeão da modalidade park e medalhista olímpico Pedro Barros.

Prestes a completar 13 anos, idade que atingiu neste sábado (18), ele ganhou um capacete personalizado da empresa austríaca e teve divulgada pela primeira vez a sua relação com a marca, uma de suas cinco patrocinadoras.

Apesar de ainda competir como atleta amador em alguns torneios por causa da faixa etária, o curitibano é figura cada vez mais presente nos campeonatos de elite.

Além dos X Games e do Generation, ele participou em dezembro do STU Open, que é o principal evento do circuito brasileiro e reúne atletas das duas modalidades olímpicas, park e street. O vertical, que por enquanto está de fora dos Jogos, tem sua entrada cogitada no programa de Los Angeles-2028.

Gui foi o quarto colocado no park no STU e mostrou que a partir de agora também pode ser tratado como candidato a realizar o sonho de ir às Olimpíadas nessa modalidade.

Se já será possível fazer isso em Paris-2024, vai depender de sua evolução nos próximos anos e também da possibilidade de criação de um limite mínimo de idade para competir nos Jogos, tema que ainda está em discussão pela federação internacional (World Skate) após o sucesso obtido por adolescentes em Tóquio.

Gui viu e reviu a estreia olímpica do esporte pela TV, atento à performance dos competidores. "Sempre penso como que o cara conseguiu ganhar aquela medalha, mas já tenho essa resposta: é treinar e se divertir", afirma.

O desejo da família é que andar de skate seja sempre algo natural e espontâneo para ele, mesmo com toda a empolgação gerada pelos feitos precoces.

No Generation, que reuniu atletas de diferentes gerações, Gui foi um dos principais atrativos e entusiasmou os convidados do torneio com sua performance no bowl. Ao tentar acertar um 900°, ele caiu e bateu a cabeça, o que gerou um momento de apreensão, felizmente sem consequências mais graves.

Ricardo e Bianca Zardo, mãe do garoto, estavam com ele no evento e ficaram naturalmente preocupados. Mas, como pais de um fenômeno do esporte, eles entendem que as quedas fazem parte do processo de evolução.

"Ele sabe o momento daquilo que quer fazer e sente que é capaz. Uma manobra como o 900 é muito forte, não tem como a pessoa tentar fazer sem levar tombos e cair. São vários tombos para você conseguir chegar à perfeição", afirma o pai.

O jornalista viajou a convite da Red Bull

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