Vídeo em redes sociais mostra suposta omissão da PM a torcedor baleado

Gravação exibe homem caído perto dos agentes; polícia diz que solicitou socorro adequado

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra uma suposta omissão de socorro de policiais militares ao motoboy Dante Luiz Oliveira, 40, morto sábado (12) após confrontos entre si de torcedores do Palmeiras, e com a PM, depois da derrota do time para o Chelsea, por 2 a 1, na final do Mundial de Clubes. A violência ocorreu em rua próxima ao estádio Allianz Parque, na Pompeia (zona oeste da capital).

O agente penitenciário José Ribeiro Apóstolo Júnior, 42, está preso por ser suspeito de ter efetuado o disparo que matou o torcedor.

Homem caído que, segundo vídeo, é o torcedor baleado em rua próxima ao Allianz Parque, na Pompeia (zona norte de São Paulo), logo após a derrota do Palmeiras para Chelsea por 2 a 1 - Reprodução

No vídeo, a pessoa que faz a gravação, aparentemente com um telefone celular, mostra cerca de dez policiais militares, alguns com capacete da Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas), ao lado de um gradil, próximo da vítima. "Ninguém quer socorrer o cara aqui", narra, mostrando em seguida o torcedor imóvel caído na rua, com a cara para o asfalto, sendo acudido por dois palmeirenses.

A seguir, o autor da filmagem passa a registrar vários carros da polícia estacionados a poucos metros dali. No áudio da gravação ouve-se outras pessoas pedirem ambulância.

A filmagem registra que mais torcedores se aproximam do motoboy caído e que outros tentam falar com os policiais do outro lado do gradil. A gravação, de 45 segundos, não mostra se os policiais vão até a vítima.

Questionada se houve omissão e sobre a veracidade do vídeo, a Polícia Militar disse em nota que acionou o socorro especializado para o atendimento à vítima baleada.

"Devido à gravidade do ferimento, seria inadequado o socorro em qualquer outro tipo de transporte. [Uma] unidade de resgate de suporte avançado do corpo de bombeiros atendeu a vítima, prestou os primeiros socorros no local e a levou imediatamente para o Hospital das Clínicas", afirmou a nota.

O ouvidor da polícia de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, disse que nesta segunda-feira (14) iria requisitar que a Corregedoria da PM apure a conduta dos policiais.

"Ainda que não seja possível saber quais foram as atitudes após o clamor da população pelo socorro, o fato é que as imagens mostram ausência de ação", diz ele, falando que ficou impressionado com a passividade dos PMs.

Lopes chamou de barbárie a violência de sábado, que teve confrontos entre os próprios torcedores do Palmeiras e com a Polícia Militar.

"A cultura de paz precisa ser imediatamente retomada, envolvendo todos, torcedores, federações esportivas, governos e principalmente a mídia, inclusive com incentivo em forma de prêmios. A vida é o maior bem", afirmou.

"Esse ato covarde e infame não destoa da realidade do Brasil, infelizmente incentivado pelo governo federal que, flexibiliza e incentiva o porte de armas. Olha aí o homem de bem, sem nenhuma compaixão tirar a vida de outra pessoa", afirmou.

O agente penitenciário disse em depoimento à Justiça que foi perseguido por integrantes de torcida organizada e que não sabe se disparo que matou o motoboy foi feito por ele. O juiz Renato Augusto Pereira Maia transformou neste domingo (13) em preventiva a prisão em flagrante de José Ribeiro Apóstolo Júnior.

A defesa do agente penitenciário disse que impetrou habeas corpus para assegurar o direito de ele responder solto ao processo.

Torcedor conversa com policiais militares, em cena de vídeo supostamente gravado em local próximo onde um homem baleado estava caído - Reprodução

No sábado, o subcomandante do 4º Batalhão da PM, major Fábio Teodoro, afirmou que a briga entre torcedores e o tiro deram início a um tumulto no local onde palmeirenses foram assistir à final. Segundo o oficial, um homem teria corrido de outros em direção a um gradil que separava a PM da torcida alviverde.

Depois do disparo, segundo o subcomandante, alguns indivíduos estouraram o gradil e partiram para cima de agentes da corporação.

"Para manter a segurança dos policiais, dos familiares e de outros que estavam aqui com crianças, a gente teve que intervir. Foi necessária a ação do Choque", afirmou o major.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.