Surfista de 70 anos se aventura no snowboard em rara neve de SC

Nova onda de frio motiva esportista a descer de prancha montanhas do Sul

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Curitiba

Mesmo antes da chegada do inverno, neste 21 de junho, Santa Catarina registrou nas últimas semanas frio intenso, com temperaturas negativas, especialmente nas serras. É lá onde vive Fernando Moniz, que, aos 70 anos, aproveita os raros dias de neve para praticar snowboard, o surfe na neve.

Em vídeos publicados nas redes sociais, Moniz brinca nas geladas montanhas do Sul do Brasil com a neve rasa, na qual ele adapta seus esportes preferidos.

homem com roupas de inverno rígido no alto de montanha com fragmentos de neve
Fernando Moniz desce montanha de Santa Bárbara, na neve de 18 de maio deste ano, em Santa Catarina - Arquivo Pessoal

Moniz já foi "shaper" de pranchas (que faz os equipamentos), navegador e pescador. Ainda é surfista, maratonista, trilheiro, praticante de asa-delta e outras aventuras, um autodenominado amante do esporte.

Hoje, intercala a profissão de chef de cozinha, em Urubici, cidade que disputa o título de mais gelada do país com Urupema e São Joaquim, com os momentos de snowboarder e de surfista do rio Canoas.

A neve em Santa Catarina tem sido pouca, mas Moniz consegue se aventurar deslizando pelas montanhas, que chegam a 1.800 metros de altitude.

Com pouco mais de cem inscritos em seu canal do Youtube, não é fama que ele diz procurar. "Até falo para galera nem dar like, porque o que importa é a aventura", diz.

Moniz nasceu no Rio de Janeiro e, depois de morar em várias praias de Santa Catarina, está há 20 anos em Urubici. "Quando começa a ficar muito movimentado, eu saio. Foi assim que vim para cá, e vivo com uma absurda qualidade de vida."

Chef em seu restaurante, no centro da cidade, ele intercala os pratos personalizados com o surfe na neve. Com a bagagem dos esportes radicais, conta que não foi nada difícil descer as montanhas. "A sensação é de liberdade e beleza."

Ele lembra que já praticou snowboard na Patagônia, na Espanha e em Portugal. "Mas o negócio é o diferente, a coisa rara. Não tem comparação. Se eu coloco um vídeo esquiando na Europa, ninguém liga. Agora, um vídeo naquela neve sem vergonha [risos], é coisa rara", diverte-se.

Moniz conta que até chama os amigos. "Tento arrastar quem eu posso para brincar, mas geralmente sou eu sozinho", diz, lembrando que, na maioria das vezes, é ele mesmo quem grava os vídeos. Mas não usa celular. "Fiz uma experiência, não gostei. Em todo lugar que você vai, tem alguém atrás de ti; a vida fica amarrada naquilo."

A maior nevasca que Moniz enfrentou em Urubici foi em 2010. "Foram cinco dias sem sol nem neblina. A neve não derreteu, deu meio metro de acúmulo, e de lá para cá estou ligado em todas as neves", afirma.

"Eu sou o único surfista da cidade e surfo no rio também", destaca. Com uma prancha de surfe e um cabo de wakeboard amarrado a uma árvore, Moniz "pega onda" no rio Canoas. "A gente inventa coisa para se divertir, para se movimentar e praticar um esporte."

A última neve que caiu em Urubici foi no dia 17 de maio de 2022, quando a temperatura chegou a -2°C, e a sensação térmica era de -16°C. "Ela aparece na roupa, mas não chegou a armazenar", aponta o meteorologista Clóvis Correa, do Epagri/Ciram (Centro de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina).

Ele explica que a intensidade da neve é medida pela profundidade que acumula no solo. Com até dez centímetros, é considerada moderada. Mais que isso, é forte. No Brasil, ela geralmente é leve. "Pode não acumular, só ficar em tecidos ou grama, e não tem como medir, pois é muito espaçada."

Ainda assim, Moniz aproveita cada dia da neve em Santa Catarina, não importa a intensidade do gelo ou do dia. "A vida tem que ser livre e leve", conclui o surfista.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.