Descrição de chapéu Copa do Mundo 2022

Chefe da organização da Copa diz que críticas ao Qatar como sede são racistas

Hassan Al Thawadi afirma ainda que, apesar de opiniões negativas, ingressos estão quase esgotados

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Doha

Um dia após a proibição de cervejas nos estádios, o que reacendeu as críticas à escolha do Qatar como sede da Copa do Mundo, o chefe da organização do torneio publicou uma carta aberta neste sábado (19).

Secretário-geral do Comitê Supremo para Entrega e Legado, Hassan Al Thawadi disse que a primeira partida vai encerrar "uma longa e às vezes árdua jornada de 12 anos". O país ganhou o direito de receber o torneio em dezembro de 2010 (leia a carta completa no final desta reportagem).

Neste domingo (20), o Mundial começa com o confronto entre a seleção da casa e o Equador.

Hassan Al-Thawadi, secretário geral do Comitê Supremo para Entrega e Legado da Copa, durante coletiva em abril
Hassan Al Thawadi vê críticas baseadas em estereótipos - Hamad I Mohammed/Reuters

Em uma espécie de acerto de contas com os críticos, Al Thawadi disse que a censura ao Qatar foi sustentada muitas vezes em imagens "racistas baseadas em preconceitos e estereótipos de longa data do Oriente Médio e do mundo árabe".

Na última década, órgãos de defesa dos direitos humanos denunciaram as precárias condições de trabalho dos migrantes envolvidos em obras da construção civil, a perseguição à comunidade LGBTQIA+ e os poucos direitos das mulheres.

Além de ressaltar que o Mundial é catalisador para mudanças no país, ele comemorou o sucesso na organização do evento.

"Apesar daqueles que acreditam que o Qatar e o mundo árabe são inaptos ou indignos de ser o anfitrião, os fatos sugerem que as pessoas discordam: 97% dos ingressos estão vendidos. O Reino Unido está entre os cinco principais mercados dessas vendas."

Confira a carta de Al Thawadi:

Na noite de domingo, em Al Khor, no Qatar, um momento marcante no mundo árabe ficará registrado na história quando Qatar e Equador abrirem a Copa do Mundo. A cerimônia de abertura e o pontapé inicial encerrarão uma longa e às vezes árdua jornada de 12 anos, desde que nos foi concedido o direito de sediar o maior evento do mundo pela primeira vez em nossa região.

Esta Copa do Mundo é provavelmente a mais escrita e comentada, mesmo antes de uma bola ter sido chutada. É profundamente lamentável que grande parte desses comentários tenha se desviado para uma aceitação da desinformação, rejeição de nuances e profundidade, e muitas vezes sustentada por tropos racistas baseados em preconceitos e estereótipos de longa data do Oriente Médio e do mundo árabe.

Isso não quer dizer que descartamos críticas construtivas. Nós nos envolvemos diretamente e consideramos cada palavra. Garantimos que este torneio é um holofote para o progresso, contribuindo para as reformas trabalhistas internacionalmente reconhecidas do nosso país.

Nossa visão para este torneio era que ele deveria servir como uma plataforma para unir o Oriente e o Ocidente, reconhecendo nossas diferenças e celebrando nossa humanidade comum através da paixão que, em última análise, nos une –o futebol.

No atual clima global, devemos valorizar essas raras oportunidades de nos unirmos. A beleza da Copa do Mundo é que ela atrai pessoas de todos os cantos da terra, de todas as esferas da vida, e deixa um legado de amizade e compreensão que quebra mal-entendidos, preconceitos e estereótipos.

Isso é muito importante para os 450 milhões de pessoas em nossa região, que vivem e respiram futebol. Nossos povos estão ligados por meio de história, língua, cultura e religiões. Diferentes países mantêm suas próprias sutilezas. O que é indiscutível é que, da Argélia ao Qatar, o futebol é a nossa paixão comum. Desde 1930, assistimos à história criada em todos os continentes durante a Copa do Mundo. E, desta vez, é a nossa vez de ter a história criada em nossa terra.

Apesar daqueles que acreditam que o Qatar e o mundo árabe são inaptos ou indignos de ser o anfitrião, os fatos sugerem que as pessoas discordam: 97% dos ingressos estão vendidos. O Reino Unido está entre os cinco principais mercados dessas vendas.

Estamos empolgados em receber as pessoas e compartilhar a cultura de hospitalidade que apreciamos como qataris e árabes. Estamos orgulhosos de quem somos e dos valores que defendemos. Somos uma nação que sempre defendeu a abertura, o diálogo entre os povos e a aproximação das pessoas. Esses valores são a essência da Copa do Mundo.

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