Um representante da federação de futebol do Irã pediu no domingo (27) que os Estados Unidos sejam expulsos da Copa do Mundo por causa de postagens nas redes sociais que teriam desrespeitado a bandeira do país asiático.
A US Soccer (federação de futebol dos EUA) atraiu a ira do Irã ao incluir uma bandeira adulterada do país em duas postagens em suas contas oficiais de mídia social, no sábado (26).
Um porta-voz da US Soccer disse que a decisão de usar uma bandeira iraniana sem o emblema oficial do país e duas linhas de escrita islâmica em postagens no Twitter e no Instagram foi intencional e pretendia mostrar apoio às mulheres iranianas, em um aceno aos protestos que agitaram o Irã e acompanharam sua seleção até a Copa no Qatar.
O Irã condenou a decisão dos EUA de usarem uma bandeira incorreta, o que violaria os estatutos da Fifa, o órgão regulador do futebol mundial.
"Respeitar a bandeira de uma nação é uma prática internacional que todas as outras nações devem seguir", disse Safia Allah Faghanpour, consultora jurídica da federação de futebol do Irã, segundo divulgou uma agência de notícias estatal semioficial do Irã. "A ação conduzida em relação à bandeira iraniana é antiética e contra o direito internacional."
Os comentários foram relatados pela Tasnim News, cujo perfil de mídia social inclui uma imagem de uma bandeira americana em chamas.
Os EUA e o Irã duelam em jogo decisivo nesta terça-feira (28), repleto de conotações políticas e apostas altas: o perdedor será eliminado da Copa.
O Irã citou um regulamento específico da Fifa que diz que pedia penalidades para qualquer pessoa "que ofender a dignidade ou a integridade de um país, uma pessoa ou grupo de pessoas por meio de palavras ou ações desdenhosas, discriminatórias ou depreciativas (por qualquer meio)".
A Fifa não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a disputa, mas é improvável que intervenha durante o Mundial.
Na Copa do Qatar, a presença do Irã em campo ganhou manchetes: os torcedores que chegam aos jogos com a bandeira pré-revolucionária do país foram informados de que não é permitido entrar com ela no estádio
Já os jogadores do Irã receberam elogios, e críticas, por se recusarem a cantar o hino nacional no jogo de abertura. Na segunda vez que foram a campo, pareceram cantar com má vontade.
O porta-voz da US Soccer, que pediu anonimato para discutir as discussões internas, disse que a federação americana não foi contatada pela Fifa sobre as postagens nas redes sociais.
Ele disse as duas postagens foram deletadas após uma série de discussões internas e que a bandeira oficial do Irã seria utilizada no futuro.
Os jogadores dos EUA e seu técnico, Gregg Berhalter, não estiveram envolvidos na decisão de usar a bandeira incorreta ou removê-la, declarou o porta-voz.
Nesta segunda (28), Berhalter disse em entrevista que queria "pedir desculpas em nome dos jogadores e da equipe" pelo incidente.
Ele acrescentou que "nossos pensamentos estão com o povo iraniano", em referência à situação tensa no país.
Há semanas o Irã enfrenta protestos que começaram depois que uma mulher de 22 anos acusada de violar a lei do país, de código de vestimenta rígido, morreu sob custódia da polícia.
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