O preparador físico Sebastian Avellino Vargas, 43, do Universitario, do Peru, acusado de racismo e preso pela Polícia Militar após a vitória do Corinthians, por 1 a 0, na madrugada de quarta (12), em São Paulo, teve sua prisão em flagrante convertida em preventiva após audiência de custódia realizada no Fórum Criminal Ministro Mário Guimarães.
A prisão preventiva não tem um prazo estipulado. Dessa forma, ele ficará preso durante todo o término do processo de investigação ou até conseguir uma decisão judicial que reverta o quadro.
Os advogados dele podem entrar com um pedido de habeas corpus para que ele seja liberado e aguarde o processo em liberdade.
Sebastian foi preso pouco depois da partida realizada na Neo Química Arena, em Itaquera, pela Copa Sul-Americana. Testemunhas afirmaram que ele fez gestos racistas na direção de torcedores corintianos.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, policiais realizavam a segurança do local quando o preparador se posicionou na frente da torcida brasileira e simulou os gestos de um macaco.
O preparador foi levado para uma delegacia dentro do estádio. Em seguida, foi transferido para um outro DP, onde deu depoimento com a presença de um tradutor.
O caso foi registrado como preconceito de raça. Vargas permanecerá no fórum até o fim do dia, de onde será encaminhado para um Centro de Detenção Provisória ou para um Distrito Policial.
A defesa de Vargas não foi encontrada para falar sobre a detenção.
Em nota, o Universitario defendeu o profissional e afirmou que a prisão dele é arbitrária.
"A honra de um profissional do nosso clube foi manchada. Sebastián Avellino foi tratado como criminoso no Brasil, passando a noite em uma prisão, o que nós consideramos um ato inadmissível, humilhante e ultrajante", afirmou um trecho do comunicado.
"Repudiamos esse tipo de humilhação por parte das autoridades brasileiras que pretendem, sem nenhuma prova, realizar prisões arbitrárias", acrescenta o clube.
O time peruano também deu sua versão sobre ocorrido e acusou a torcida corintiana de ter hostilizado os membros de sua comissão técnica durante o confronto.
"Ao longo do jogo, um grupo de adeptos da equipe local lançou insultos e cuspiu nos nossos jogadores e equipe técnica. Essas mesmas pessoas que cometeram insultos, ao final do jogo, acusaram o preparador físico de atos discriminatórios. Essa acusação distorcida e subjetiva as autoridades brasileiras validaram como verdadeira, sem direito a réplica, pelo que ordenaram sua prisão", descreveu o clube.
Pouco depois da partida, ainda na Neo Química Arena, o técnico do Universitario, Jorge Fossati, já havia dado uma versão parecida. "Segundo [Sebastian Avellino] me falou, seus gestos foram mal interpretados. Estavam cuspindo e xingando, coisas de futebol, infelizmente. Parece que o torcedor pode fazer o que quer", disse o treinador. "Mas, se ele errou, infelizmente vai ter que pagar."
Caso Desábato
O caso lembra outro, ocorrido em 2005, também em São Paulo. Na ocasião, o então atacante Grafite foi vítima de racismo durante uma partida do São Paulo contra o Quilmes, da Argentina, no Morumbi, pela Copa Libertadores.
Grafite se recorda de ter sido chamado de "negro de merda" pelo argentino Leandro Desábato. Terminado o jogo, o delegado Osvaldo Nico Gonçalves entrou em campo e deu voz de prisão ao defensor por racismo. Depois de ter passado dois dias preso, Desábato pagou fiança de R$ 10 mil e foi liberado para voltar ao seu país.
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