Luis Rubiales, ex-presidente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF), foi banido de todas as atividades relacionadas ao futebol por três anos pelo Comitê Disciplinar da Fifa, órgão máximo do futebol mundial, informou na segunda-feira (30).
A suspensão foi imposta devido ao beijo supostamente não consensual que Rubiales deu na jogadora espanhola Jenni Hermoso após a final da Copa do Mundo feminina deste ano, na qual a Espanha venceu a Inglaterra.
O escândalo ofuscou o que foi um momento importante para o futebol feminino espanhol.
"A Comissão Disciplinar da Fifa baniu Luis Rubiales, ex-presidente da Associação Espanhola de Futebol (RFEF), de todas as atividades relacionadas ao futebol em níveis nacional e internacional por três anos, por ter constatado que ele agiu em violação ao artigo 13 do Código Disciplinar", disse a Fifa em comunicado.
Os advogados de Rubiales disseram à agência Reuters que não comentariam a decisão.
Rubiales renunciou em setembro ao cargo de presidente da federação, afirmando que sua posição se tornara insustentável. Inicialmente, ele havia prometido não renunciar apesar da pressão de jogadores, políticos e grupos femininos.
Hermoso apresentou uma queixa contra Rubiales, alegando que ele e sua comitiva emitiram um comunicado sem a aprovação dela, citando-a como tendo dito que o beijo foi um "gesto mútuo, totalmente espontâneo".
Rubiales, de 46 anos, tem o direito de recorrer da decisão.
"O senhor Rubiales foi notificado dos termos da decisão da Comissão Disciplinar da Fifa hoje", disse a entidade. "A decisão permanece sujeita a um possível recurso perante o Comitê de Apelação da Fifa."
A ex-meio-campista inglesa Sue Smith disse que foi o resultado certo.
"Algo precisava ser feito. Eu assisti na época e achei que não estava certo", ela disse à Sky Sports.
"O futebol feminino se uniu nisso e é o resultado certo."
Cartola diz que vai recorrer
Luis Rubiales anunciou que recorrerá da suspensão de três anos. "A partir de agora, anuncio que vou apelar", afirmou Rubiales em comunicado em sua conta na rede social X, antes Twitter.
Em seu comunicado, o cartola reclamou da Fifa. "Dado que ainda não nos forneceram os fundamentos, só posso garantir que em todo momento mantive uma versão dos fatos que é a verdade do que aconteceu", afirmou Rubiales.
Essa versão "é a mesma que vou manter até o final do processo", acrescentou o espanhol, que sempre defendeu que o beijo em Hermoso foi "consentido", ao contrário do que afirma a jogadora.
O ex-presidente, que foi inicialmente suspenso por noventa dias pela Fifa em agosto, reclama que, após a abertura desse processo contra ele, seu prazo de dez dias para apresentar alegações não foi respeitado.
"Dois dias após me concederem um prazo de dez, fui notificado da suspensão cautelar do meu cargo de presidente da RFEF, sem ter sido ouvido", assegurou, acrescentando que também não conhece os fundamentos dessa primeira suspensão.
Rubiales afirmou que está desqualificado desde agosto "sem ter tido sequer uma audiência completa para me defender", antes de enfatizar novamente a existência de uma campanha contra ele.
"É óbvio que o linchamento político e midiático recebido gerou uma onda em que certas instituições quiseram agir de certa maneira, além de preservar a presunção de inocência ou dar a todas as partes as mesmas oportunidades para que o processo fosse justo e proporcional", considerou.
"Chegarei até a última instância para que a justiça seja feita e a verdade prevaleça", insistiu Rubiales.
Beijo após o título
Rubiales provocou indignação na Espanha e na comunidade internacional pelo beijo que deu na boca da jogadora da seleção Jenni Hermoso durante a cerimônia de entrega de medalhas da Copa do Mundo feminina, em 20 de agosto, pouco depois da vitória da Espanha sobre a Inglaterra, em Sydney, na Austrália.
Hermoso abriu um processo contra Luis Rubiales. A queixa apresentada era fundamental para que o processo judicial pudesse avançar. A promotoria da Audiência Nacional (ANE) já tinha iniciado uma investigação preliminar contra o dirigente por "suposto crime de assédio sexual".
Em setembro, quando renunciou ao cargo de presidente da federação, o cartola se defendeu. "Devo olhar para frente, olhar para o futuro. Agora há algo que me preocupa firmemente. Tenho fé na verdade e farei tudo esteja em meu poder para prevalecer. Minhas filhas, minha família e o pessoas que me amam sofreram os efeitos da perseguição excessiva, assim como muitas falsidades, mas também é verdade que na rua, cada dia mais, a verdade prevalece."
(Com AFP)
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