Morre Apolinho, radialista e ex-técnico do Flamengo, aos 87 anos

Comunicador criou a expressão 'tomar um chocolate' e morreu em dia de goleada do seu time

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São Paulo

Considerado um dos maiores comunicadores do esporte brasileiro, morreu nesta quarta-feira (15), aos 87 anos, o comentarista e apresentador Washington Rodrigues, o Apolinho. A informação foi confirmada pela Super Rádio Tupi, onde ele atuava desde 1999.

"Para tudo, para o jogo, 4 a 0 para o Flamengo. Quero pedir desculpas aos ouvintes pela minha emoção. São 25 minutos do segundo tempo. Hoje, 15 de maio de 2024, acaba de falecer Washington Rodrigues, o Apolinho, supremo ídolo, depois de uma vida tão brilhante", anunciou, chorando, o locutor Luiz Penido, durante a transmissão do jogo entre Flamengo e Bolivar pela Libertadores.

A imagem preto e branco mostra um homem segurança o símbolo do Flamengo
O radialista Apolinho em homenagem prestada pelo Flamengo - Reprodução/Redes sociais

Apolinho estava internado no Hospital Samaritano, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, onde fazia tratamento contra um câncer.

"Em décadas de carreira, moldou a forma como vivemos o futebol. Criou expressões inesquecíveis –é impossível lembrar do gol do Pet, em 2001, sem lembrar do aviso que ‘acaba de chegar São Judas Tadeu’ na voz de Apolinho", escreveu, em nota, a diretoria do Flamengo, clube em que foi treinador no ano do centenário e depois e diretor técnico.

Segundo o Flamengo, ele era admirado até pelas torcidas adversárias pelo carisma, imparcialidade e paixão pelo time.

"Ele nos deixou em uma noite em que o Flamengo venceu com chocolate –expressão inventada por ele para definir goleadas", completa a nota.

Nascido no Rio, Apolinho costumava contar que desde a infância era um amante do futebol e costumava organizar saídas da escola para frequentar o recém-inaugurado Maracanã.

Foi bancário, jogou futebol de salão e começou na profissão mandando boletins esportivos para a Rádio Guanabara, onde trabalhou anos mais tarde.

O comunicador atuou também nas rádios Globo e Nacional, em dupla com José Carlos Araújo, o Garotinho. Escreveu para jornais e trabalhou também em emissoras de TV. Na Super Rádio Tupi, onde estava há mais de duas décadas, ficou famoso com o popular Show do Apolinho e formou dupla com Penido, que nesta quarta falou sobre o amigo, aos prantos.

"Ele parte deixando um legado, entrando na história do rádio nesses mais de 60 anos de atividade. A dor é muito profunda, Apolinho", disse. "Ele morreu com o Flamengo em vantagem. Ele morreu com o Flamengo ganhando o jogo e se classificando. Parte para a vida eterna".

Araújo disse que o radialista foi um grande parceiro de sua vida profissional e amigo além da latinha. "Não existe palavra para expressar o tamanho do vazio que fica com a sua despedida", lamentou.

A CBF divulgou nota sobre a morte e chamou Apolinho de lenda da comunicação brasileira.

"Neste momento de dor, a CBF presta solidariedade aos familiares e fãs pela partida deste grande jornalista e apaixonado pelo futebol", disse o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que está em Bangkok, na Tailândia, participando do Congresso da Fifa.

CHOCOLATE

Segundo o Guia dos Curiosos, o comentarista estava na cabine da Rádio Nacional e lembrou de um refrão do clássico "El Bodeguero", do cubano Richard Egûes (1924-2006), para falar sobre a vitória do Vasco por 4 a 0 contra o Internacional, em 25 de janeiro de 1981, em partida do Campeonato Brasileiro. Os vascaínos comemoraram a goleada como vingança para a derrota sofrida no final do campeonato de 1979.

"Toma chocolate. Paga lo que debes", diz o refrão da canção que entrou para o repertório de Nat King Cole. "Assim, tomar um chocolate foi incorporado ao jargão futebolístico", diz a publicação.

Em entrevista ao Museu da Pelada, o comunicador contou que o apelido surgiu na Rádio Globo, em uma época em que a emissora havia comprado equipamentos de comunicação que os astronautas da missão Apolo 11 utilizavam. "Lá vai o Washington Rodrigues com o seu "apolinho", dizia o radialista Waldir Amaral sobre o microfone do colega. O apelido pegou.

Era conhecido pelos amigos pelo bom humor, além da paixão pelo Flamengo. Aos 82 anos, declarou em entrevista à ESPN que acataria qualquer convocação do clube. "Se chamar para ser goleiro, eu vou".

Apolinho deixa três filhos e sete netos. Ele foi levado na sede do Flamengo, na Gávea, zona sul do Rio, e enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

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