O Real Madrid é o Brasil na final da Champions League: Vinicius Junior, Rodrygo, Militão.
O século 21 revela uma surpreendente supremacia brasileira na Liga dos Campeões. Apesar de não estar localizado na Europa, o Brasil é o único país com jogadores presentes em todas as finais desde o ano 2000. Não Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália, Portugal, França ou Holanda. Todos os campeões de 2006 para cá tiveram em campo na final ao menos um brasileiro.
O Borussia Dortmund é o menos brasileiro da Europa. Não tem nenhum jogador nascido no Brasil desde Reinier, em 2022. Se não tem a torcida de 207 milhões de habitantes do outro lado do Atlântico, tem a torcida mais presente do planeta.
A "Gelbe Wand", como se escreve "Muralha Amarela" em alemão, põe em média 81 mil pessoas por partida nas arquibancadas do Signal Iduna Park. Até dois anos atrás, a Uefa (União das Associações Europeias de Futebol) proibia os lugares em pé. Isso diminuía em 15 mil a capacidade do estádio. Hoje, são 81 mil em todos os jogos do Campeonato Alemão e também da Liga dos Campeões.
O Real Madrid é favorito para ganhar a final contra o Borussia Dortmund, mas preste atenção a detalhes do time alemão. O primeiro deles, a defesa. Guardiola chegou duas vezes à decisão pelo Manchester City. Em ambas, tinha a defesa menos vazada entre os semifinalistas.
O Dortmund tem o menor número de gols sofridos, em média, nesta Champions. O Real Madrid, o segundo melhor ataque.
O favoritismo de quem faz mais gols pode levar Vinicius Junior ao prêmio de melhor jogador do mundo, dependendo do que acontecer também na Eurocopa. Só que o futebol recente, de pressão e posse de bola, esconde o fato de que, muitas vezes, a marcação no campo de ataque e a circulação incessante do balão podem ser estratégias defensivas.
Se meu time tem a bola, o adversário não faz gol.
Não é o estilo do Real Madrid, cujo atual técnico foi o responsável pelo primeiro ataque acima dos cem gols na história do Campeonato Inglês. Só o Manchester City, 106 marcados em 2017/18, superou o Chelsea de Carlo Ancelotti, campeão com 103 bolas na rede em 2009/10.
O técnico italiano, maior vencedor da Liga dos Campeões, com quatro troféus, dois pelo Real Madrid e dois pelo Milan, é também o recordista de finais. Está na sexta, só perdeu uma e admite ter algumas superstições: "Não as ter dá azar".
Ele revigorou o sistema de sua primeira conquista de Champions, há 21 anos. Jogava com 4-4-2 "in rombo", como se diz na Itália, losango, no Brasil. Tinha quase desaparecido esse tipo de formação inicial, especialmente com a modernização do WM de Guardiola. Agora Carlo escala Kroos, Valverde e Tchouaméni no meio, com Bellingham na ligação com o ataque, formado por Vinicius Junior e Rodrygo.
Ancelotti chegou ao Real Madrid depois da eliminação do time nas semifinais da Champions para o Borussia Dortmund, em 2013, decisiva para a queda do então comandante branco, José Mourinho. Aquele Dortmund tinha Jürgen Klopp como treinador e Eden Terzic como espião.
Terzic observava potenciais reforços. Começou em 2010, justamente o ano em que Lewandowski chegou ao Signal Iduna Park. Em 2013, Real Madrid e Dortmund disputaram a semifinal da Liga dos Campeões, com quatro gols decisivos do polonês Lewa no jogo de ida: Borussia 4 a 1! A vitória do Real em Madri não evitou a classificação alemã para a final em Wembley.
O Borussia foi vice.
Faz 30 anos que a Liga dos Campeões é a competição de clubes mais vista do planeta, um torneio que começou a rivalizar em importância até mesmo com a Copa do Mundo.
Neste período, tornou-se o mais espetacular campeonato de futebol do mundo e, ao mesmo tempo, o mais previsível. Depois do Milan de Kaká, treinado por Ancelotti, vencedor em 2007, sabe-se quase sempre quem será o campeão: Bayern, Barcelona, Real Madrid ou um inglês.
A exceção foi a Internazionale, dirigida por José Mourinho, e sem nenhum jogador italiano, em 2010. O Dortmund tenta quebrar essa lógica, com jogadores jovens como enormes descobertas.
Jude Bellingham é o mais caro já contratado pelo Real Madrid. Por ele, o time espanhol pagou 103 milhões de euros (R$ 578 milhões, na cotação atual) ao seu rival deste sábado (2), o Dortmund. Uma cláusula diz que o Borussia receberá mais 25 milhões de euros (R$ 140,4 milhões) em caso de conquista da Liga dos Campeões pelo clube espanhol.
Com ele, o Real Madrid pensa vencer sua 15ª Liga dos Campeões.
O Borussia já ganhou.
Ou o título, ou o dinheiro.
ONDE ASSISTIR
Real Madrid e Borussia Dortmund decidem neste sábado (1) o título da Champions League, às 16h (horário de Brasília), no estádio de Wembley, em Londres (Inglaterra). O confronto será exibido ao vivo por SBT (na TV aberta), TNT (na TV fechada) e pela plataforma de streaming Max.
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