Descrição de chapéu Olimpíadas 2024 COB

Contra luz e calor, Brasil veda 130 janelas de seu prédio na Vila Olímpica

Planejamento do COB em Paris vai ao detalhe e prevê de lavanderia extra à análise de imagens das competições

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Saint-Denis

A Vila Olímpica de Paris, em Saint-Denis, na região metropolitana de Paris, é grande o suficiente para ser descrita como um bairro. Era um bairro, aliás, com edifícios degradados, parte deles reaproveitada para a organização dos Jogos.

Um projeto de reurbanização complexo, no departamento com a população mais jovem da França e também a mais pobre, que ergueu 82 prédios distintos, distribuídos por 300 mil m², assinados por diversos escritórios de arquitetura, incluindo o franco-brasileiro Triptyque.

O resultado é uma pequena cidade colorida, em que as formas raramente se repetem, como habitualmente acontece em conjuntos habitacionais. Mais de 7.000 quartos para cerca de 25 mil atletas, neste momento, e que depois dos Jogos Olímpicos e os Paralímpicos se transformarão em cerca de 4.000 apartamentos, um parque público, escolas, lojas e escritórios. Um dos legados de Paris-2024.

Sala de musculação do prédio ocupado pela delegação do Brasil na Vila Olímpica
Sala de musculação do prédio ocupado pela delegação do Brasil na Vila Olímpica - Mathilde Missioneiro/Folhapress

No topo do prédio de oito andares ocupado quase todo pelo Time Brasil (dois são habitados pelas delegações de Moçambique, Quênia e Estônia), metade do terraço é tomado por um jardim ainda rasteiro. Tetos verdes e placas solares são uma das poucas repetições da paisagem.

Na direção de Saint-Denis, o Stade de France, palco da final da Copa de 1998, ganha a companhia do novo centro aquático, um prédio de teto afundado para economizar ao máximo em ar condicionado. Na direção de Paris, a Torre Eiffel e a Basílica do Sagrado Coração, em Montmartre.

Os Jogos tidos como os mais sustentáveis da história convivem com polêmicas, as antigas e as novas. As camas de papelão voltam a ser testadas para ver se aguentam mais do que o peso do corpo ou de corpos. É assim há várias edições olímpicas, o que não faz muita diferença para as redes sociais.

O moderno sistema geotérmico do prédio do Brasil diminui a temperatura dos cômodos em seis graus. "É muito bom, mas diminuir seis graus de 40 é dormir com 34. Não dá", afirma Joyce Ardies, gerente de Jogos e Operações do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e subchefe da missão em Paris.

Como diversos outros países, o Brasil deixou a sustentabilidade um pouco de lado e alugou aparelhos de ar-condicionado, aqueles com dutos que precisam ser dirigidos para fora do quarto pela janela. "Aí o problema passa a ser o dilema de enfrentar o calor ou a luz exterior, já que o duto precisa da janela aberta. Para garantir o sono dos atletas, vedamos as janelas de 130 quartos. Levou dez dias", conta a executiva.

O cuidado com os detalhes é grande. Vão de jogos de tabuleiro, como War, a karaokê, de uma lavanderia extra para as equipes coletivas a um minilaboratório de análises bioquímicas. Em uma das salas, dois analistas do comitê preparam dez computadores para gravação e edição de imagens de competição.

A ideia é disponibilizar o conteúdo para atletas e técnicos ainda durante as disputas. Na parede de um dos quartos, um cartaz traz dois QR codes para qualquer tipo de denúncia. "É parte do nosso compliance. Tudo foi discutido com atletas e dirigentes", afirma Ardies. Outra medida foi não permitir qualquer tipo de tratamento em quartos. Algumas "salas neutras" foram distribuídas pelos andares.

No momento de maior atividade, as instalações receberão 313 pessoas. No total, 471 pessoas da delegação passarão em algum momento pelo prédio.

No meio de uma algazarra feita pela seleção de boxe, o diretor-geral do COB, Rogério Sampaio, afirmou que essa é uma das maiores operações já realizadas pelo comitê em uma edição olímpica. "É claro que no Rio tinha mais gente, mas lá a gente estava em casa."

Indagado sobre a polêmica em torno da skatista Rayssa Leal, que queria levar a mãe para a Vila, o cartola minimizou. "Ela agora está com mais de 16 anos, não pode ter acompanhante como em Tóquio. Não é uma regra nossa, é do COI (Comitê Olímpico Internacional). Já conversamos e encontramos uma solução. Vai ficar tudo bem."

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