Feitas de papelão, as camas dos dormitórios da Vila Olímpica já estão sendo testadas pelos atletas que chegaram a Paris. Eles pulam, dão cambalhota e até simulam movimentos que fazem em seus esportes para verificar a resistência da estrutura em que vão dormir pelas próximas semanas.
O uso do material se alinha ao objetivo de Paris-2024 de ser a edição mais sustentável da história das Olimpíadas. Produzidas pela japonesa Airweave, as camas recicláveis foram criadas inicialmente em 2021 para os Jogos de Tóquio, quando ganharam fama de serem "antissexo".
O colchão é composto por três blocos –um para cabeça e ombros, outro para a cintura e o terceiro para as pernas.
O comitê organizador e a marca informaram que um programa de inteligência artificial processa os dados de cada atleta, quando eles chegam à Vila Olímpica, para criar a melhor combinação possível a depender da altura, peso e esporte.
Alan Souza, oposto da seleção masculina de vôlei, fez um vídeo mostrando que ele e seu irmão e companheiro de equipe, Darlan, vão dormir com os pés praticamente colados, mas assegurou que seus 2,02 m cabem na cama.
A Airweave garantiu que cada uma das 16 mil camas encomendadas suporta 200 kg. A suspeita de que as armações de papelão serviam para evitar que atletas fizessem sexo foi levantada durante Tóquio-2020, como se fossem parte das estratégias do comitê organizador para conter a propagação da Covid-19 na época. Em tom de brincadeira, um vídeo do medalhista olímpico do atletismo americano Paul Chelimo alimentou os rumores.
Logo depois surgiram vídeos de atletas que confirmavam que as camas não desabavam mesmo se movimentadas. Douglas Souza, que jogou pela seleção de vôlei na edição passada dos jogos e anunciou em 2022 sua aposentadoria da equipe, sambou em cima da cama.
Agora em Paris, alguns dos nomes que já fizeram registros de seus testes foram o brasileiro André Stein, do vôlei de praia, o britânico Tom Daley, do salto ornamental, e as australianas Daria Seville e Ellen Perez, do tênis. "Elas são bem resistentes", disse Daley.
Também houve quem tenha achado as camas exageradamente duras. Gabi Palm, atleta australiana do polo aquático, disse que sua coluna estava "prestes a cair" após acordar da primeira noite na Vila Olímpica. O comentário foi registrado em vídeo bem-humorado postado pela colega de time, Tilly Kearns, que confirmou a solidez do colchão. "Você consegue mexer um pouco, aparentemente tem um lado mais macio", afirmou.
A distribuição de camisinhas ajuda a refutar a veracidade do suposto caráter "antissexo" das camas. Neste ano, o comitê organizador informou ter distribuído cerca de 230 mil preservativos aos atletas.
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