Descrição de chapéu Olimpíadas 2024 Natação

Em transição, natação brasileira chega às Olimpíadas de Paris na luta por finais

Guilherme Costa, dos 400 m livre, é a maior esperança de subir ao pódio, enquanto Ana Marcela Costa busca o bi no rio Sena

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São Paulo

Desde as Olimpíadas de Moscou, em 1980, em apenas uma edição o Brasil voltou para casa sem conquistar ao menos uma medalha na natação, nos Jogos de Atenas-2004. Agora em Paris, as esperanças recaem sobre Ana Marcela Cunha, nos 10 km da maratona aquática, e em Guilherme Costa, o Cachorrão, nos 400 m livre.

Os Jogos na Grécia há 20 anos marcaram a transição da geração de Gustavo Borges e Fernando Scherer para a de Cesar Cielo e Bruno Fratus, as duas mais vencedoras da natação brasileira.

Em Paris, a delegação brasileira de 20 atletas (contando Ana Marcela e Viviane Jungblut nas águas abertas) chega mais uma vez como uma geração transicional. Com exceção de Ana Marcela, que luta pelo bi olímpico, a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) não tem a expectativa de medalhas nas piscinas.

Segundo Ricardo Prado, medalhista de prata em Los Angeles-1984 e atual diretor de esportes, a CBDA "espera ver os nadadores melhorando seus tempos".

Um jovem atleta de natação está posando em frente a uma piscina. Ele usa uma jaqueta verde e exibe quatro medalhas de ouro penduradas em seu pescoço. O atleta está sorrindo e levantando os braços, mostrando os músculos.
Guilherme Costa, o Cachorrão, foi o grande destaque da natação brasileira no Pan de Santiago, ano passado, com quatro medalhas de ouro; em Paris, ele tentará pelo menos uma - Mauro Pimentel - 26.out.23/AFP

Prado enfatiza que atualmente a modalidade possui toda a infraestrutura necessária para o desenvolvimento dos atletas no país, motivo pelo qual os nadadores são cobrados constantemente para que evoluam. "Eles têm todas as facilidades que nem todos os países do mundo têm."

"O ponto positivo é que, comparando de quando eu nadava, e até da época do Cielo, a natação brasileira melhorou. Ela está a melhor possível e isso invariavelmente vai resultar em melhores tempos. Se vai resultar em medalhas é outra questão. Nossos campeonatos estão fortes, sempre com três ou quatro nadadores brigando pelo título em menos de um segundo", diz Prado.

O diretor conta que a seleção finalizou a preparação para as Olimpíadas com uma aclimatação de oito dias na Europa. O grupo foi dividido em três e 60% do time ficou em Nápoles (ITA), 20% em Livigno (ITA) com o técnico Rogério Karfunkelstein e 20% em Serra Nevada (ESP) com o treinador Fernando Possenti. Os dois últimos em altitude.

Dono de duas pratas e dois bronzes olímpicos, Gustavo Borges destaca as ausências de dois medalhistas em Tóquio, Bruno Fratus e Fernando Scheffer, como pontos que reforçam a fase de transição da equipe brasileira. Fratus sofreu uma lesão e Scheffer só vai nadar o revezamento 4 x 200 m livre e não defenderá o pódio conquistado nos 200 m livre.

Ana Marcela Cunha está sorrindo enquanto segura uma medalha de ouro na boca. Ela usa uma jaqueta verde com detalhes em amarelo e azul, representando o Brasil. O cabelo da atleta é tingido de amarelo e verde.
Ana Marcela Cunha comemora o ouro nas Olimpíadas de Tóquio-2020 nos 10km da maratona aquática; ela tentará o bi no dia 8 de agosto - Oli Scarff - 4.ago.21/AFP

"Tem uma sequência de notícias não muito boas para a natação brasileira. Mas temos nadadores jovens. E, por mais que o ranking não seja algo que nos dê muita possibilidade de finais e medalhas, há uma transição dentro do esporte acontecendo, principalmente na natação feminina, com jovens atletas com muito potencial, como a Mafê Costa e a Beatriz Dizotti. Temos várias atletas fortes no revezamento também, como a Stephanie Balduccini", afirma Borges, citando ainda Guilherme Costa.

Prado também aponta Cachorrão como o destaque brasileiro na França e coloca expectativa sobre o nadador também na prova de maratona aquática. "Acho que ele tem boas chances também nas águas abertas, nos 10 km. Ele é experiente e vai bem no tipo de nado no rio Sena."

Costa entra na piscina neste sábado (27), às 6h, nas eliminatórias de sua principal prova, os 400 m livre. Chegando à final, a disputa de medalhas será às 15h42 (horários de Brasília).

"No feminino, cito a Mafê e a Gabrielle Roncatto. A Mafê tem chance de pegar a final olímpica, porque ela tem o sétimo ou oitavo tempo do mundo hoje nos 400 m livre. A Gabi também tem chance de ir à final. E o revezamento 4 x 200 m livre também pega finais", completa Prado.

O que os dois ex-nadadores ainda não conseguiram entender é por que a transição da natação brasileira é tão complicada em termos de resultado em comparação a outros países do mundo.

"No Brasil, quando a gente fala de transição, a gente sofre um pouco mais na natação em comparação com países como Austrália e EUA. Esses países, nesses momentos, em vez de ganhar 50 medalhas, ganham 35. A cada seletiva olímpica, a cada quatro anos, vem das universidades uma enxurrada de novos atletas de alto rendimento que nunca ouvimos falar", afirma Borges.

"Talvez o mais interessante seja tentar entender por que países como Austrália, Itália, França e EUA têm sempre muitos nadadores em alto nível e países como o Brasil acabam quase sempre dependendo de atletas de ciclos anteriores", diz Prado, já indicando uma possível resposta, o fato de no Brasil a formação começar dando treinos de velocidade muito cedo, o que diminui a carga de treinos no geral.

"Durante muito tempo, a gente só olhava para provas curtas e em piscina de 25 metros. Agora o Fernando Possenti traz essa 'vibe' de treinos mais longos, de ficar mais tempo dentro d'água. Começando com a Ana Marcela Cunha e agora com a Mafê. O Rogério Kafu [Karfunkelstein] também traz isso com o Guilherme Costa", explica.

Outro ponto levantado por Prado é o surgimento de atletas nos mais diversos países com condição técnica de se destacar no cenário internacional, o que ele chama de fenômenos solitários.

"Esses fenômenos solitários são uma questão de sorte. Eu fui questão de sorte, não acho que fui produto da natação brasileira", diz.

Sem novos fenômenos como Cesar Cielo, o único campeão olímpico da natação brasileira (50 m livre em Pequim-2008), Borges afirma que ainda não é momento de preocupação.

"Se é uma transição com atletas na briga por medalha, é mais legal", diz. "Mas se tem uma transição sem atletas na briga por medalhas, não é o caso de preocupação, porque vamos voltar a brigar pelo pódio. Mas é preciso empenho, treino, volume de novos atletas de ponta."

O time brasileiro na natação em Paris

Feminino

  • Ana Carolina Vieira (4x100m livre e 4x100m medley misto)
  • Beatriz Dizotti (1500m livre)
  • Gabrielle Roncatto (400m livre e 4x200m livre)
  • Giovana Reis (4x100m livre)
  • Maria Fernanda Costa (200m e 400m livre, 4x100m e 4x200m livre)
  • Maria Paula Heitmann (4x200m livre)
  • Stephanie Balduccini (4x100m e 4x200m livre e 4x100m medley misto)
  • Ana Marcela Cunha (10 km águas abertas)
  • Viviane Jungblut (10 km águas abertas)

Masculino

  • Breno Correia (4x100m livre)
  • Eduardo Moraes (4x200m livre)
  • Fernando Scheffer (4x200m livre)
  • Gabriel Santos (4x100m livre)
  • Guilherme Basseto (4x100m medley misto)
  • Guilherme Caribé (50m e 100m livre e 4x100m livre)
  • Guilherme Costa (200m, 400m e 800m livre, 4x200m livre e 10 km águas abertas)
  • Kayky Mota (100m borboleta e 4x100m medley misto)
  • Marcelo Chierighini (100m livre e 4x100m livre)
  • Murilo Sartori (4x200m livre)
  • Nicolas Albiero (200m borboleta)

Programação da natação neste sábado (27)*

6h - Eliminatórias 400 m livre masc. (Guilherme Costa e Eduardo Oliveira de Moraes)
6h - Eliminatórias 400 m livre fem. (Maria Fernanda Costa e Gabrielle Roncatto)
6h - Eliminatórias 4x100 m livre fem. (Maria Fernanda Costa, Stephanie Balduccini, Ana Carolina Vieira e Giovana Reis)
6h - Eliminatórias 4x100 m livre masc. (Guilherme Caribé, Marcelo Chierighini, Gabriel Santos e Breno Correia)
15h42 - Final 400 m livre masc.
15h52 - Final 400 m livre fem.
16h34 - Final revezamento 4x100 m livre fem.
16h44 - Final revezamento 4x100 m livre masc.

*Horários de Brasília

Os resultados da natação brasileira nos Jogos

Helsinque-1952 - 1 medalha em 1 final

  • Bronze nos 1500m livre: Tetsuo Okamoto

Melbourne-1956 - Sem finais

Roma-1960 - 1 medalha em 1 final

  • Bronze nos 100m livre: Manoel dos Santos

Tóquio-1964 - Sem finais

Cidade do México-1968 - 0 medalha em 1 final

  • José Sylvio Fiolo foi quarto nos 100 m peito

Munique-1972 - 0 medalha em 3 finais

  • José Sylvio Fiolo foi sexto nos 100 m peito
  • Revezamento 4x100 m livre foi quarto
  • Revezamento 4x100 m medley foi quinto

Montréal-1976 - 0 medalha em 2 finais

  • Djan Madruga foi quarto nos 400 m livre
  • Djan Madruga foi quarto nos 1500 m livre

Seul-1988 - 0 medalha em 1 final

  • Rogério Romero foi oitavo nos 200 m costas

Moscou-1980 - 1 medalha em 4 finais

  • Bronze no revezamento 4x200m livre
  • Djan Madruga foi quarto nos 400 m livre
  • Djan Madruga foi quinto nos 400 m medley
  • 4x100m medley foi oitavo

Los Angeles-1984 - 1 medalha em 2 finais

  • Prata nos 400m medley: Ricardo Prado
  • Ricardo Prado foi quarto nos 200m costas

Barcelona-1992 - 1 medalha em 3 finais

  • Prata nos 100m livre: Gustavo Borges
  • Revezamento 4x100m livre foi sexto
  • Revezamento 4x200m livre foi sétimo

Atlanta-1996 - 3 medalhas em 5 finais

  • Prata nos 200m livre: Gustavo Borges
  • Bronze nos 100m livre: Gustavo Borges
  • Bronze nos 50m livre: Fernando Scherer
  • Fernando Scherer foi quinto nos 100 m livre
  • Revezamento 4x100 m livre foi quarto

Sydney-2000 - 1 medalha em 2 finais

  • Bronze no revezamento 4x100m livre
  • Rogério Romero foi sétimo nos 200m costas

Atenas-2004 - 0 medalha em 5 finais

  • Gabriel Mangabeira foi sexto nos 100 m borboleta
  • Thiago Pereira foi quinto nos 200 m medley
  • Flávia Delaroli foi oitava nos 50 m livre
  • Joanna Maranhão foi quinta nos 400 m medley
  • Revezamento feminino foi sétimo nos 4x200 m livre

Pequim-2008 - 2 medalhas em 8 finais

  • Ouro nos 50m livre: César Cielo Filho
  • Bronze nos 100m livre: César Cielo Filho
  • Kaio Márcio de Almeida foi sétimo nos 200 m borboleta
  • Thiago Pereira foi quarto nos 200 m medley
  • Thiago Pereira foi oitavo nos 400 m medley
  • Gabriella Silva foi sétima nnos 100 m borboleta
  • Ana Marcela Cunha foi quinta na maratona aquática
  • Poliana Okimnoto foi sétima na maratona aquática

Londres-2012 - 1 medalha em 4 finais

  • Bronze nos 50m livre: César Cielo Filho
  • Bruno Fratus foi quarto nos 50m livre
  • Cesar Cielo foi sexto nos 100 m livre
  • Thiago Pereira foi quarto nos 200 m medley

Rio-2016 - 1 medalha em 9 finais

  • Bronze de Poliana Okimoto na maratona aquática
  • Marcelo Chierighini foi oitavo nos 100 m livre
  • Felipe França foi sétimo nos 100 m peito
  • Bruno Fratus foi sexto nos 50 m livre
  • João Gomes Júnior foi quinto nos 100 m peito
  • Thiago Pereira foi sétimo nos 200 m medley
  • 4x100 m livre masc. foi quinto
  • 4x100 m medley masc. foi sexto
  • Etiene Medeiros foi oitava nos 50 m livre

Tóquio-2020 - 3 medalhas em 7 finais

  • Ouro de Ana Marcela Cunha na maratona aquática
  • Bronze de Bruno Fratus nos 50 m livre
  • Bronze de Fernando Scheffer nos 200 m livre
  • Guilherme Costa foi oitavo nos 800 m livre
  • Leonardo de Deus foi sexto nos 200 m borboleta
  • 4x100 m livre masc. foi oitavo
  • 4x200 m livre masc. foi oitavo
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