Descrição de chapéu Corinthians

Itaquera vive noite de futebol americano com "Timão eô", helicópteros, metrô, cerveja e verde

NFL estreia no Brasil com liberação de bebidas alcoólicas e repaginação da casa do Corinthians

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Confronto entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers na Neo Química Arena

Confronto entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers na Neo Química Arena - Carla Carniel / Reuters

São Paulo

Com cerveja liberada, trens e metrô 24h à disposição, além da presença massiva da cor verde em todos os seus setores, a Neo Química Arena, em Itaquera, viveu uma noite exótica nesta sexta-feira (6), ao receber o primeiro jogo oficial da NFL (National Football League) realizado no Brasil.

O contraste era evidente: o tradicional reduto corintiano, acostumado ao preto e branco, se viu envolvido por um cenário moldado pela principal cor de Philadelphia Eagles e Green Bay Packers, os escolhidos pela liga dos Estados Unidos para ajudar na popularização do campeonato de futebol americano por aqui.

Mandante no confronto válido pela primeira rodada da temporada 2024/25, o Eagles até tentou "esquecer" o tradicional verde de seu uniforme principal, optando por branco e preto, mas seus torcedores, assim como o adversário, ignoraram qualquer cortesia com os donos do estádio, exibindo a cor do maior rival do clube do Parque São Jorge.

Antes da bola oval voar, durante a apresentação de entrada do Eagles, um grupo de torcedores chegou a puxar um grito de "Timão, eô", mas o coro foi logo abafado por vaias, algo inimaginável em Itaquera, onde pela primeira vez em um evento esportivo não se viu a camisa de nenhum clube do futebol brasileiro nas arquibancadas —o item fez parte de uma série de proibições impostas pela NFL por razões de segurança.

Confronto entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers na Neo Química Arena
Confronto entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers na Neo Química Arena - Rubens Cavallari/Folhapress

Pela empolgação dos torcedores quando o jogo começou, isso não mudou o caráter festivo que os organizadores tentaram imprimir ao evento, e endossado pelo governo do estado de São Paulo, que liberou a venda de bebidas alcoólicas sob a justificativa de a partida ter "características culturais e de entretenimento".

A venda de bebidas alcoólicas em estádios é proibida em São Paulo desde 1996, quando foi sancionada a lei 9.470, como consequência de uma briga entre torcidas de Palmeiras e São Paulo no Pacaembu.

Um dos principais patrocinadores da NFL, contudo, é a Ambev, por meio da marca Budweiser, que tem um contrato global com a liga e foi peça fundamental para trazer o evento ao Brasil —foi a marca que também patrocinou o show da cantora Anitta no intervalo do confronto. Além dela, Luisa Sonza se apresentou no gramado, cantando o hino nacional brasileiro.

Quem quis ver o jogo de perto —o público total foi de 47.236 pessoas— pagou caro. Os ingressos custaram de R$ 285 a R$ 2.520. Para comer e beber no estádio, porém, o preço foi semelhante a jogos de futebol —os sanduíches custavam de R$ 30 a R$ 55, enquanto espetos de carne, frango, linguiça, pão de alho e queijo coalho custavam R$ 18. Bebidas eram vendidas por R$ 8 um copo de água, R$ 12 um refrigerante e R$ 18 a cerveja, com ou sem álcool.

Anitta se apresenta no intervalo da partida entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers na Neo Química Arena
Anitta se apresenta no intervalo da partida entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers na Neo Química Arena - Carla Carniel/Reuters

Já uma lembrança da partida era bem diferente. Uma camisa oficial de qualquer um dos clubes da NFL, com personalização com o nome de um jogador, custava R$ 1.199,90. Uma opção mais em conta poderia ser um pequeno capacete, semelhante ao que os atletas usam para jogar, mas em miniatura, vendidos a R$ 599,90, com a temática do jogo em São Paulo, ou R$ 699,90 o de cada um dos times.

O preço assustou alguns torcedores. "Aqui está mais caro do que na loja da Artwalk da Oscar Freire", disse o médico Roberson Guimarães, 55, que foi ao jogo junto com seu filho, Henrique, 20. "Só com o ingresso, a gente gastou R$ 2.500. Agora, esses preços aqui na loja são abusivos", reclamou Roberson. "Por ser o dia do jogo, a gente esperava que seria caro, mas não tanto", completou Henrique.

Mas o evento também atraiu pessoas com alto poder aquisitivo, como aqueles que se deslocam a Itaquera de helicóptero. Cerca de duas horas antes do jogo, formou-se um "trânsito" de aeronaves, esperando por autorização para pousar no heliponto do estádio. Ao todo, 48 voos foram registrados. Em dias de partidas do Corinthians, a média é de 10, segundo os responsáveis pelo heliponto.

Quem optou pelo transporte público, contou com as linhas da CPTM e do Metrô à disposição durante toda a madrugada. As estações Itaquera e Artur Alvim ficaram abertas por 24h, de sexta para sábado, enquanto as demais também funcionaram neste período, mas apenas para o desembarque de passageiros, algo que não ocorre durante qualquer outro evento na arena de Itaquera —em partidas do Corinthians, as estações mais próximas do estádio fecham às 0h21.

Itaquera também recebeu muitos turistas, principalmente dos EUA. A presença deles na arena era incerta devido a declarações de jogadores do Eagles, que expressaram preocupações sobre a criminalidade em São Paulo.

"É uma cidade sóbria. Foi tudo bem até agora", resumiu Trason Snover, 25, torcedor do Packers, sobre sua primeira estadia em São Paulo. Ele e seu amigo Jacob Podturg vão passar cinco dias na cidade antes de retornar para Lincoln, no estado do Nebraska.

Embora também elogie a cidade, Jacob estranhou o clima no estádio. "É muito diferente da NFL nos EUA", disse ele. "Primeiro, a divisão das torcidas. Segundo, ter um jogo em um estádio de soccer [futebol], que é bem menor do que um estádio da NFL. No Nebraska, nós temos um estádio para 90 mil pessoas. É um estádio muito bonito, mas menor do que estamos acostumados", afirmou.

A equipe para a qual ele torce parece que também estranhou o campo, já que acabou derrotada pelo Eagles por 34 a 29.

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