Descrição de chapéu Folha, 100 Primeira vez

Urna eletrônica foi chamada de 'máquina de votar' em 1ª aparição na Folha

Com protótipo apresentado em 1996, urna completa 25 anos em 2021

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São Paulo

A urna eletrônica não era o tema principal da reportagem quando apareceu pela primeira vez nas páginas da Folha, em 22 de março de 1996. O foco do texto eram as "fraudes generalizadas" nas eleições de 1994 no Rio de Janeiro e seus desdobramentos judiciais, ainda em curso dois anos após o pleito.

Trilili Urna Eletrônica
Urnas eletrônicas são alvo da desconfiança do presidente Bolsonaro - Catarina Pignato

Sem apresentar provas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem feito campanha contra as urnas eletrônicas, espalhando desconfiança sobre o sistema eleitoral brasileiro e ameaçando a realização das eleições de 2022.

Nos 25 anos de uso da tecnologia, não foram registradas quaisquer irregularidades. Antes, no entanto, com o uso de cédulas de papel, estas eram comuns.

Nas eleições para deputados estaduais e federais de 1994, houve indício de fraudes de naturezas diversas em quatro zonas eleitorais do Rio de Janeiro. Surgiram sinais de cédulas falsas ou depositadas em branco para serem preenchidas ao longo da apuração, de adulteração de boletim da urna e de extravio de votos.

Naquela ocasião, foram descobertas quadrilhas cuja principal função era falsificar os resultados e beneficiar candidatos específicos.

O candidato a deputado estadual Heleno Barbosa (PDT-RJ) foi um dos casos emblemáticos daquele pleito. O boletim de urna registrava apenas três votos para o pedetista, que se converteram, após a falsificação, em 93 votos.

Um outro forte indício da fraude foi a queda brusca no índice de abstenções. Enquanto nas eleições de 1990 a média de votos brancos foi de 20,8%, em 1994 caiu para 10,87% para deputado estadual e 13,04% para federal.

O Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) decidiu por unanimidade pela anulação do pleito, que foi refeito. Dois anos depois, no entanto, o TSE revalidou os números.

"TRE-RJ não garante posse", anunciou o título da reportagem publicada em março de 1996, que narrava os últimos desdobramentos de 1994. Ao pé do texto, o subtítulo "Máquina de votar", cujo protótipo o TSE acabara de apresentar.

"Urna eletrônica" era um apelido para essa novidade que o TSE iria introduzir nas eleições municipais de outubro de 1996: o voto eletrônico e o fim das cédulas de papel. Segundo o tribunal, o novo sistema evitaria "praticamente todo tipo de fraude".

Outra vantagem, segundo a reportagem da Folha, era a agilidade na apuração: "A máquina vai permitir a divulgação do resultado das eleições em até quatro horas depois de terminada a votação".

As previsões do TSE feitas naquele momento se mostraram corretas. Em 25 anos de uso da tecnologia em eleições nacionais e regionais, não foram registradas irregularidades em processos eleitorais no Brasil. Na última eleição presidencial, em 2018, o sistema foi elogiado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que o descreveu como seguro e ágil.

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