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'Entre o email até dinheiro cair na conta foram quatro dias'

Ana Paula de Almeida reergueu pequena fábrica com apoio do Fundo Social Estímulo, finalista do Empreendedor Social 2022 na categoria Destaques na Pandemia

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Ana Paula Franzoia
São Paulo

A paulista Ana Paula de Almeida, 42, é dona da Clean Lousas, pequena fábrica de lousas de vidro. Ela se valeu de empréstimo de R$ 390 mil do Fundo Social Estímulo na pandemia, usado para sanar dívidas, não demitir e investir.

Ao oferecer crédito em condições excepcionais, o fundo criado por Eduardo Mufarej e Fabio Lesbaupin socorreu pequenos empreendedores quando o comércio fechou as portas, em 2020.

A iniciativa chegou à final do Prêmio Empreendedor Social na categoria Destaques na Pandemia.

"Estávamos animados quando 2020 começou. Tínhamos seis funcionários em nossa empresa e havíamos acabado de pagar dívidas acumuladas pela falência de uma loja de bijuteria anos antes. Era hora de crescer. Então, veio a pandemia e o lockdown. O nosso otimismo deu lugar ao medo.

Em poucas semanas, os compradores foram sumindo na mesma velocidade em que as contas iam acumulando.

Mulher com camiseta branca em fábrica; ela segura placa com letra E do fundo social Estímulo
Ana Paula é dona da Clean Lousas, na zona norte de São Paulo; ela inovou na produção e teve crescimento de 400% - Arquivo Estímulo

Além de funcionários e fornecedores, tínhamos a família sob nossa responsabilidade. Eu e meu marido viemos da periferia e sabemos bem o impacto do desemprego ou do atraso do salário em famílias que pagam aluguel e não têm reserva financeira.

Sem apoio do governo, a solução foi correr para os bancos privados. Chegamos a pedir sete empréstimos e usamos os cartões de crédito. O objetivo era manter o pagamento de salários dos funcionários e deixar para pensar em como quitar as dívidas depois.

Procurei no Google sobre apoio a pequenos empreendedores e conheci o Fundo Social Estímulo. Entre o primeiro email que enviei até o dinheiro cair na conta foram quatro dias. Com os R$ 390 mil levantados no Estímulo conseguimos quitar dívidas que tinham juros mais altos e incrementamos a produção.

Estamos pagando as parcelas do empréstimo, mas já estão quase acabando. Ironicamente foi um efeito da pandemia que acabou nos ajudando a crescer! Ao não encontrar álcool em gel para comprar, meu marido percebeu que a preocupação com a higiene poderia ser oportunidade de negócio. Nossas lousas de vidro são limpas com álcool e isso poderia atrair compradores preocupados em desinfetar tudo. E foi o que aconteceu, a procura aumentou muito.

Nós também aproveitamos o empréstimo para comprar equipamentos e passamos a fazer painéis de comunicação visual. Em dois anos, nossa empresa cresceu 400%. Hoje, o quadro de funcionários conta com 22 pessoas, boa parte vinda da periferia como nós.

Temos aqui funcionários que moravam em vielas e não tinham conta de luz para comprovar endereço, mas contratamos mesmo assim. Inclusive, contratamos também egressos do sistema prisional.

É só dar uma oportunidade que as pessoas aproveitam. Somos periféricos e pretos e temos orgulho de ter na nossa empresa mulheres pretas em cargos relevantes.

Também temos aproveitado as mentorias oferecidas pelo Estímulo. Sei do poder do conhecimento, me formei graças ao Prouni e estou sempre procurando aprender mais para aplicar no nosso negócio."

Conheça os demais finalistas e vencedores do Prêmio Empreendedor Social 2022 na plataforma Social+.

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