A paulista Ana Paula de Almeida, 42, é dona da Clean Lousas, pequena fábrica de lousas de vidro. Ela se valeu de empréstimo de R$ 390 mil do Fundo Social Estímulo na pandemia, usado para sanar dívidas, não demitir e investir.
Ao oferecer crédito em condições excepcionais, o fundo criado por Eduardo Mufarej e Fabio Lesbaupin socorreu pequenos empreendedores quando o comércio fechou as portas, em 2020.
A iniciativa chegou à final do Prêmio Empreendedor Social na categoria Destaques na Pandemia.
"Estávamos animados quando 2020 começou. Tínhamos seis funcionários em nossa empresa e havíamos acabado de pagar dívidas acumuladas pela falência de uma loja de bijuteria anos antes. Era hora de crescer. Então, veio a pandemia e o lockdown. O nosso otimismo deu lugar ao medo.
Em poucas semanas, os compradores foram sumindo na mesma velocidade em que as contas iam acumulando.
Além de funcionários e fornecedores, tínhamos a família sob nossa responsabilidade. Eu e meu marido viemos da periferia e sabemos bem o impacto do desemprego ou do atraso do salário em famílias que pagam aluguel e não têm reserva financeira.
Sem apoio do governo, a solução foi correr para os bancos privados. Chegamos a pedir sete empréstimos e usamos os cartões de crédito. O objetivo era manter o pagamento de salários dos funcionários e deixar para pensar em como quitar as dívidas depois.
Procurei no Google sobre apoio a pequenos empreendedores e conheci o Fundo Social Estímulo. Entre o primeiro email que enviei até o dinheiro cair na conta foram quatro dias. Com os R$ 390 mil levantados no Estímulo conseguimos quitar dívidas que tinham juros mais altos e incrementamos a produção.
Estamos pagando as parcelas do empréstimo, mas já estão quase acabando. Ironicamente foi um efeito da pandemia que acabou nos ajudando a crescer! Ao não encontrar álcool em gel para comprar, meu marido percebeu que a preocupação com a higiene poderia ser oportunidade de negócio. Nossas lousas de vidro são limpas com álcool e isso poderia atrair compradores preocupados em desinfetar tudo. E foi o que aconteceu, a procura aumentou muito.
Nós também aproveitamos o empréstimo para comprar equipamentos e passamos a fazer painéis de comunicação visual. Em dois anos, nossa empresa cresceu 400%. Hoje, o quadro de funcionários conta com 22 pessoas, boa parte vinda da periferia como nós.
Temos aqui funcionários que moravam em vielas e não tinham conta de luz para comprovar endereço, mas contratamos mesmo assim. Inclusive, contratamos também egressos do sistema prisional.
É só dar uma oportunidade que as pessoas aproveitam. Somos periféricos e pretos e temos orgulho de ter na nossa empresa mulheres pretas em cargos relevantes.
Também temos aproveitado as mentorias oferecidas pelo Estímulo. Sei do poder do conhecimento, me formei graças ao Prouni e estou sempre procurando aprender mais para aplicar no nosso negócio."
Conheça os demais finalistas e vencedores do Prêmio Empreendedor Social 2022 na plataforma Social+.
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