Descrição de chapéu tecnologia refugiados

3 a cada 4 pessoas refugiadas são contratadas após curso de tecnologia

Startup Toti Diversidade 750 vagas em formação gratuita em programação numa parceria com Instituto Nu neste ano

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São Paulo

A primeira noite do venezuelano Danilson Nunes, 38, no Brasil foi na rua com sua esposa. Passaram mais três no aeroporto à espera de um vôo de Roraima para o Rio de Janeiro. Gerente de padaria em seu país natal, passou a vender salgados para se sustentar.

Cinco anos depois, o refugiado comemora sua promoção, em uma grande empresa brasileira, para o cargo de desenvolvedor web pleno.

A trajetória ascendente começou com um curso gratuito de programação, na Toti Diversidade, em 2020. "Aproveitei a pandemia para estudar e logo veio a primeira oportunidade de emprego", diz ele.

Turmas de cursos de programação na Toti Diversidade são formadas por homens e mulheres refugiados no país
Turmas de cursos de programação na Toti Diversidade são formadas por homens e mulheres refugiados no país - Divulgação/Toti Diversidade

A startup é pioneira no ensino e inclusão de pessoas refugiadas e migrantes no mercado de trabalho de tecnologia.

Neste ano, em parceria com o Instituto Nu, criado em 2022 pelo Nubank, a Toti vai formar até 750 pessoas gratuitamente em python, análise de dados, front-end, back-end e suporte técnico.

O processo seletivo, que abre regularmente, prioriza mulheres e negros com renda familiar inferior a R$ 5 mil. Entre os critérios, ter mais de 18 anos, compreensão de fala, escrita, audição e leitura da língua portuguesa e disponibilidade de 20 a 30 horas semanais de dedicação aos estudos. Não é necessário conhecimento prévio de programação.

"Os estudantes são pessoas bilíngues, com experiências e formações diversas pelo mundo e interessados em construir carreira", diz Caio Rodrigues, CEO da Toti Diversidade.

As primeiras cinco turmas em parceria com o instituto formaram 75 mulheres, 79 homens e uma pessoa não-binária, dos quais 70% se consideram pretos ou pardos.

Angola, Egito, Guiné-Bissau, Senegal, Síria e Ucrânia são alguns dos países de origem dos estudantes, que buscam qualidade de vida e salário justo por meio da formação.

"A Toti tem um trabalho bem estruturado, que observa diretrizes além do conteúdo técnico, como habilidades para ingressar no mercado de trabalho, e tem sinergia com o instituto no seu compromisso quanto ao impacto social", afirma Marisa Santana, gerente de projetos do Instituto Nu.

Segundo a diretora de estratégia da Toti, Bruna Amaral, a startup tem uma meta arrojada de crescimento neste ano.

"Em 2019 nos colocamos como empresa de impacto, beneficiamos 3.000 pessoas indiretamente. Neste ano queremos chegar a 13 mil pessoas, com atuação no cenário internacional."

Equipe da startup Toti Diversidade, pioneira no ensino e inclusão de pessoas refugiadas e migrantes no mercado de tecnologia
Equipe da startup Toti Diversidade, pioneira no ensino e inclusão de pessoas refugiadas e migrantes no mercado de tecnologia - Divulgação/Toti Diversidade

Empresas como Grupo Globo, Hospital Albert Einstein, Itaú e Raízen firmaram parceria com a startup, que tem média de 75% de contratação ao final dos cursos. O número já chegou a 85%, mas retraiu em função das demissões recentes em grandes companhias de tecnologia.

"Temos o desafio de sensibilizar empresas para acolher pessoas refugiadas, que muitas vezes são encaminhadas para subempregos no país", diz Rodrigues.

Caso do venezuelano Danilson Nunes, que trabalhava na rua por diária para um marroquino, enquanto a esposa era caixa de um hortifrúti. Depois de três formações na Toti, está há dois anos na Editora Globo. A esposa se tornou confeiteira.

"O primeiro mês na empresa foi difícil, pois tinha ansiedade em me dar bem, mas a adaptação foi boa, eu perguntava de tudo e as pessoas foram pacientes comigo", afirma ele. "Melhorou a vida da minha família aqui e na Venezuela."

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