Cufa abre escritório na França e anuncia Expo Favela em Paris

Primeira edição do evento no exterior vai conectar empreendedores de periferia da capital francesa a grandes empresas em 2024

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São Paulo (SP)

A Cufa (Central Única das Favelas) inaugura neste sábado (7) seu primeiro escritório na França. Localizada em Saint Ouen, cidade a cerca de 7 quilômetros da capital, a filial vai ampliar a atuação da entidade na Europa.

A principal missão da unidade francesa é realizar a primeira edição do Expo Favela Innovation no exterior, prevista para outubro de 2024.

Grupo de duas mulheres e quatro homens posam para a foto lado a lado. Todos usam roupas formais como terno e gravata
Celso Athayde, fundador da Favela Holding e da CUFA, e Karina Tavares, Diretora CUFA França, se reuniram com representantes da embaixada do Brasil na França no último dia 3 para estabelecer parcerias - Divulgação

No Brasil, o Expo Favela se consolidou como principal evento de negócios de empreendedores de comunidades. No evento, eles expõem seus produtos e serviços a fim de se conectar a grandes empresas e investidores.

Após a primeira edição, realizada em São Paulo no ano passado, a exposição cresceu e ganhou 15 edições estaduais em 2023. Outras cinco estão programadas até o final do ano.

Em Paris, o Expo Favela também será direcionado a empreendedores de regiões periféricas.

"A ideia é trabalhar com moradores do que chamamos aqui de bairros populares. São basicamente imigrantes africanos, vindos de Marrocos, Argélia e Senegal", explica Karina Tavares, nome escolhido para dirigir o escritório francês.

Karina mora na França há quase 20 anos, onde cursou um mestrado em sociologia. A relação com a Cufa vem desde 2006, quando liderou um projeto de formação audiovisual para jovens em vulnerabilidade.

A inauguração do escritório francês é parte de uma estratégia de expansão internacional da organização, que foi destaque no Prêmio Empreendedor Social em 2020, focado no enfrentamento aos desafios da pandemia.

Com operação nos 26 estados brasileiros, a Cufa tem sede global nos Estados Unidos e representações em 17 países.

Sobre a decisão de crescer na Europa, Celso Athayde, fundador da Cufa e da Favela Holding —grupo de 25 empresas com atuação ligada a favelas—, explica que a ideia é levar os projetos para novos públicos.

Periferia é periferia em qualquer lugar, só muda o sotaque, mas as necessidades são as mesmas

Celso Athayde

Fundador da Cufa e da Favela Holding

"Mesmo não tendo esgotado todos os problemas de periferia no Brasil, queremos que o nosso país seja exportador de tecnologias sociais", emenda.

Segundo Athayde, a Cufa França pode replicar naquele país projetos como a Taça das Favelas, campeonato de futebol com moradores de comunidades.

Karina afirma que a Cufa vai "fazer diferente" em relação a outras ONGs francesas.

"É claro que já existem outras iniciativas sociais na França, mas a Cufa chega com mais legitimidade porque ela tem projetos que não existem aqui. Vamos trazer uma experiência de mais de 25 anos para cá.’’

A escolha do município de Sant Ouen para sediar a ONG foi estratégica, afirma Athayde.

A ideia é que a Cufa possa pulverizar seus projetos por toda a região metropolitana de Paris. Isso porque o prefeito local, Karim Bouamrane, preside o conselho das cidades da Grande Paris.

O escritório francês será inaugurado com apoio da Unesco durante a Galeria Visit Brasil, um evento organizado pela Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) para promover o trabalho de artistas e ONGs afro-brasileiros na Europa.

Para Marcelo Freixo, presidente da Embratur, o lançamento da Cufa no país "representa o esforço de promover o empreendedorismo negro e das comunidades periféricas no mundo".

O Expo Favela França, que deve acontecer em outubro de 2024, terá apoio da Meta —dona do Facebook e Instagram—, e de outras companhias, além do suporte de prefeituras e fundações.

Assim como no Brasil, a exposição parisiense deve aproximar grandes empresas das pautas sociais das periferias.

"O cara de favela não tem acesso aos grandes empresários. Com o Expo Favela, a gente muda a matriz econômica, dá poder aos microempreendedores e mostra que os grandes também podem ser parte da solução dos problemas", diz Athayde.

A meta é fazer da Cufa França exemplo de empreendedorismo que une periferia e centro. "Ou a gente divide com o mundo inteiro tudo que as favelas estão produzindo ou a gente vai continuar dividindo as misérias que a elite mundial tem produzido", conclui.

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