Estudo indica áreas para empreender com negócios de impacto na saúde

Telessaúde, gestão de dados e treinamento para profissionais são algumas das oportunidades de inovação junto ao setor público

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São Paulo (SP)

A Artemisia, organização de apoio aos negócios sociais, e a Umane, ONG dedicada à promoção da saúde, lançaram um estudo inédito que indica sete áreas para empreender com negócios de impacto na saúde primária.

O documento intitulado "Tese de Impacto" surgiu da observação das carências do Sistema de Atenção Primária à Saúde (APS) frente ao potencial de inovação do empreendedorismo social. A APS é considerada porta de acesso da população brasileira à saúde pública, beneficia 159 milhões de pessoas e é responsável por atender até 90% das necessidades de um indivíduo ao longo da vida.

Foto mostra interior de uma casa com quatro pessoas. Três pessoas, um homem e duas mulheres, estão sentadas em dois sofás de cor preta com detalhes em dourado. O homem, sentado na ponta, tem nas mãos um tablet. Uma mulher, em pé e com corpo inclinado para frente, usa máscara anti-Covid e, assim como as outras duas mulheresm, olha para o homem com o equipamento
Agentes de saúde visitam pacientes em casa e usam equipamento da epHealth, startup apontada pela Artemisia e Uname como destaque em inovação em saúde primária - Divulgação

"O estudo ouviu especialistas no tema para identificar as reais oportunidades de negócio para quem quer empreender com democratização de saúde", diz Andrea Gomes, gerente de projetos e coalizões da Artemisia.

As sete áreas de oportunidades identificadas incluem temas como telessaúde, levantamento e gestão de dados e treinamento para profissionais.

Oportunidades para negócios de impacto em saúde primária

Tese de impacto aponta áreas em que empreendedores sociais podem inovar junto ao governo

  • Promoção de saúde, prevenção de doenças e engajamento do cidadão

    Abarca soluções que engajam pessoas na promoção da saúde e prevenção de doenças por meio do acesso à informação

  • Coleta de dados populacionais para a tomada de decisões

    Envolve soluções de inteligência de dados que possam ser aplicadas para a predição e vigilância epidemiológica de forma efetiva por meio de cadastro e territorialização da população

  • Rastreamento, diagnóstico e estratificação de risco

    Inclui soluções capazes de fazer detecção prematura de doenças, diminuindo o tempo de diagnóstico e aumentando as chances de cura do paciente

  • Telessaúde para a ampliação do acesso à atenção primária

    Soluções de telessaúde que aproximem e/ou tragam ampliação da malha assistencial da APS e ganho de eficiência na gestão de filas de espera

  • Gestão de dados com foco em eficiência na rotina dos profissionais de saúde

    Inclui sistemas de gestão e outras novas soluções que melhorem o atendimento a partir da coleta e do tratamento de informações do paciente ao longo da jornada no sistema de saúde

  • Linhas de treinamento para profissionais de saúde

    Empreendimentos que entreguem conteúdos relevantes de maneira eficiente, além de tecnologias que apoiem novos profissionais na troca de conhecimento sobre protocolos de atendimento

  • Suporte à saúde, monitoramento e engajamento de pacientes

    Soluções que apoiem o paciente na adesão de protocolos clínicos e diretrizes de tratamento – seja por meio de ferramentas que auxiliem o paciente no monitoramento da própria saúde ou via estímulos para a adesão de tratamentos e medicamentos prescritos

A Tese de Impacto também mapeou negócios sociais que já inovam em atenção básica para ajudar a consolidar sua atuação junto ao setor público.

"São empresas que precisavam de um laboratório para testar suas iniciativas com suporte especializado. Atuamos também como uma ponte com o setor público", acrescenta Andrea sobre como a Artemisia auxilia as empresas selecionadas frente às dificuldades na negociar com órgãos governamentais.

A epHealth é uma das escolhidas para um projeto-piloto com a prefeitura de Afogados da Ingazeira, localizada a 380 quilômetros de Recife (PE). A startup ajudou a melhorar a política de saúde local ao corrigir a base de dados sobre munícipes.

"Havia muitos cadastros de pessoas mortas que eram dadas como vivas no sistema. Também havia nomes registrados com erros ou desatualizados", diz Paulo Pereira, cofundador da epHealth.

Ao cruzar registros regionais com informações da Receita Federal, a startup atualizou a base de dados da secretaria municipal de saúde, o que garantiu mais segurança em decisões estratégicas.

"O gestor precisa saber se a cidade tem população cadeirante ou surda para decidir se vai instalar mais guias rebaixadas ou semáforos sonoros, por exemplo", diz Pereira sobre planos de expandir o projeto para outras cidades.

Para Evelyn Santos, gerente de parcerias e novos negócios da Umane, o objetivo da Tese de Impacto é que mais empresas como a epHealth ajudem brasileiros a acessar o sistema de saúde primária com qualidade.

"O mapeamento visa agilizar a criação de soluções que fortaleçam o SUS e processos de trabalho com dados, tecnologia e inovação", diz.

Com planos para ampliar seus projetos sociais, a epHealth criou um instituto focado em tecnologia de baixo custo para sistemas de saúde, principalmente em cidades com orçamento limitado.

Sobre o novo braço social da empresa, Paulo diz não estar interessado no faturamento, mas em impactar pessoas. "Sabemos da realidade de muitos municípios e é gratificante trabalhar com saúde. A sensação é de dever cumprido."

A Tese de Impacto também chama a atenção para a necessidade de ampliação dos cuidados a grupos vulneráveis, como crianças, mulheres, idosos e pessoas com deficiência. O estudo pode ser consultado na íntegra neste site.

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