HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 
trabalho
21/10/2003
BID avalia emprego na América Latina

Desemprego em alta, salários em baixa, mão-de-obra não qualificada, baixa escolarização e elevada rotatividade: esse é o quadro do mercado de trabalho na América Latina, descrito em detalhes na publicação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), sob o título "Procuram-se Bons empregos - o mercado de Trabalho na América Latina". Pela primeira vez também lançado simultaneamente em português, o estudo analisa as causas do aumento do desemprego e aponta soluções nada fáceis para sair desse círculo vicioso.

"As soluções não são fáceis", admitiu o economista do BID, Gustavo Márquez.

Ele afirmou que o crescimento é condição necessária para romper o quadro de pobreza e pouco emprego, mas não é o suficiente.

Outras políticas têm de ser implementadas, inclusive as de transferência direta de renda para pelo menos 10% da população que, sem isso, não consegue obter o mínimo para a sobrevivência.

Segundo o vice-presidente do BID, Paulo Paiva, ex-ministro do Trabalho do Brasil, os analistas apostam num crescimento de 4% para as economias da América Latina em 2004. Aliado ao crescimento, a taxa de risco dos países têm caído, ao mesmo tempo que vem aumentando o fluxo de capitais para a região. O ministro do Trabalho, Jaques Wagner, disse que mesmo um crescimento da ordem de 3,5% ao ano não será suficiente para fazer cair o desemprego. "Com essa taxa o desemprego não aumenta, mas precisamos crescer acima de 3,5% para reduzir a taxa."

As taxas de desemprego, segundo o estudo do BID, aumentaram em vários países da América Latina desde meados da década de 90 e, atualmente, se encontram no nível mais dos últimos 20 anos. O ganho de muitos trabalhadores é insuficiente para tirá-los da pobreza e a desigualdade salarial, que se situa entre as maiores do mundo, não dá sinais de melhora.

O nível de desigualdade salarial nada mais é, de acordo com os economistas que fizeram o estudo, do que um reflexo da enorme desigualdade social. Em larga proporção, essa desigualdade está associada a grandes diferenças nos níveis de qualificação, escolaridade e experiência, que os trabalhadores levam para o mercado de trabalho.

Mais ensino pode ser um fator de redução da desigualdade mas, de acordo com os especialistas, não provocaria necessariamente, uma redução substancial da pobreza.

Além disso, ao mesmo tempo em que a probabilidade de perder o emprego é alta - 25% da força de trabalho fica desempregada ou muda de emprego a cada ano -, apenas uma minoria dos trabalhadores está protegida contra esse risco. A porcentagem de trabalhadores cobertos por leis trabalhistas e sistemas de proteção social é inferior a 50%.Os salários, por sua vez, outro indicador da saúde do mercado de trabalho, caíram ou aumentaram muito lentamente.

Mesmo com metade da força do trabalho na informalidade, o estudo do BID contesta a idéia de que os trabalhadores encontram-se no setor informal contra a sua vontade. Pesquisas realizadas no Brasil e no México documentam que uma parte considerável desses trabalhadores preferem esse status a empregos formais porque obtêm ganhos mais altos e desfrutam de maior independência.


Vânia Cristino
O Estado de S. Paulo

 

   
 
 
 

NOTÍCIAS ANTERIORES
21/10/2003 Racionamento para 440 mil começa amanhã
21/10/2003 Idosos não têm a dignidade respeitada, diz pesquisa
21/10/2003 Benedita pagará R$ 4.676 por passagens
21/10/2003 Unificação esvazia o ministério de Benedita
21/10/2003 Lula unifica projetos sociais, mas verba já está ameaçada
20/10/2003 Corrupção no governo custa mais de R$ 5 bi para o país
20/10/2003 Referendo sobre venda de armas divide deputados
20/10/2003 Lula lança Bolsa Família e enfatiza responsabilidade dos beneficiários
20/10/2003 Planalto quer verba do Bird para programas sociais
20/10/2003 Governo registra pela primeira vez queda no consumo
20/10/2003 Governo banca ONGs, mas não fiscaliza os seus gastos
20/10/2003 Brasileiro pode pagar mais imposto em 2004