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27/03/2007
-
12h08
da Folha Online
A Marinha dos EUA realiza nesta terça-feira exercícios militares no golfo Pérsico, com o uso de navios, porta-aviões e aeronaves militares, em meio ao impasse entre o Irã e o Reino Unido em torno da detenção de 15 marinheiros na região, na sexta-feira (23).
As manobras --que envolvem 15 navios de guerra e centenas de aviões militares-- devem acirrar as tensões com o Irã, que freqüentemente condena a presença americana na área.
Os exercícios tiveram início apenas quatro dias depois que o Irã deteve um grupo de marinheiros britânicos acusados de invadir as águas territoriais iranianas. O Irã acusa o grupo de ter violado propositalmente a fronteira, em uma "clara agressão" ao país.
O Reino Unido nega, dizendo que os marinheiros realizavam uma inspeção de rotina em águas do Iraque na região do canal de Shatt al Arab, na fronteira entre Irã e Iraque.
No total, os exercícios dos EUA envolvem 10 mil homens em navios e aviões militares que simulam ataques a aviões e navios inimigos, caças a submarinos inimigos, entre outras ações.
Grupos de ataque Stennis, que levam mais de 6.500 marinheiros e marines, entraram no golfo Pérsico na noite desta segunda-feira, de acordo com a Marinha. As armadas Stennis se juntarão à Eisenhower, que patrulha permanentemente o golfo Pérsico.
"Essas manobras demonstram nossa flexibilidade e capacidade de responder a ameaças à segurança marítima", afirmou o comandante da Marinha americana John Perkins, 32, de Louisville, Kentucky.
O comandante da Marinha Kevin Aandahl negou que as manobras tenham relação com a captura do grupo de marinheiros, ou que tenham a intenção de intimidar o Irã.
"Os exercícios estão sendo feitos pela nossa estabilidade regional e de segurança. É isso que significa. Se há um efeito desestabilizador, é o comportamento do Irã", afirmou Aandahl.
Jogos de guerra
Os exercícios representam o mais recente dos episódios de demonstração de força entre o Irã e os EUA. Em abril e em novembro de 2006, o Irã conduziu manobras militares na região.
Em outubro do ano passado, foi a vez da Marinha americana fazer treinos militares para tentar intimidar Teerã devido à sua recusa em suspender seu programa nuclear.
Em janeiro último, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, anunciou que grupos de ataque Stennis estavam sendo enviados para o Oriente Médio como um "alerta" para o Irã.
Na quinta-feira passada (22), um dia antes da detenção dos marinheiros britânicos, a Marinha do Irã realizou treinos militares com o uso de submarinos e pequenas embarcações com lançadores de mísseis. Os treinos visariam mostrar "poder de defesa para proteger o golfo Pérsico" e deveriam durar até 30 de março.
Países árabes demonstram apreensão com a crescente hostilidade entre EUA e Irã, temendo que as tensões mútuas culminem em uma guerra indesejada entre os dois países na região.
Reino Unido
O premiê do Reino Unido, Tony Blair, afirmou nesta terça-feira que espera que o impasse em torno dos 15 marinheiros britânicos detidos pelo Irã seja resolvido de forma diplomática, mas disse estar preparado para entrar em uma "nova fase".
"Eu espero que eles [o governo iraniano] percebam que têm de libertá-los", afirmou Blair em entrevista à rede GMTV. "Mas caso não aconteça, isso entrará em uma nova fase".
O porta-voz de Blair negou que o premiê considere a possibilidade de expulsar os diplomatas iranianos do Reino Unido, ou de lançar uma ação militar contra o Irã. "Nós queremos resolver essa questão rapidamente e sem entrar em confronto público com Teerã. Mas se não pudermos resolver com rapidez, teremos que ser mais explícitos", afirmou o porta-voz.
Blair descartou a possibilidade de a ação de Teerã ser uma retaliação à prisão de cinco iranianos por forças americanas no Iraque. "São duas situações totalmente distintas", disse.
Forças americanas no Iraque detiveram recentemente cinco iranianos em um escritório em Irbil, a capital da região autônoma do Curdistão, no Iraque. Os iranianos são acusados de fornecer armas e dinheiro a insurgentes que atuam no país.
Segundo Blair, a grande questão é se o governo iraniano "seguirá ou não a lei internacional".
Tratamento
Nesta terça-feira, o Irã afirmou que os 15 marinheiros estão "bem" e recebem "tratamento adequado". "Eles estão em boa saúde e foram tratados de acordo com os direitos humanos", afirmou . Mohammad Ali Hosseini, porta-voz do Ministério iraniano de Relações Exteriores.
Em declarações dadas em Ancara, a ministra britânica das Relações Exteriores, Margaret Beckett afirmou: "Se eles estão sendo bem tratados, não vemos por que eles não podem manter contato com o governo britânico para que possam acalmar suas famílias e amigos, que estão apreensivos a respeito de seu paradeiro e condições", afirmou.
O Reino Unido e o Irã viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido negou a invasão.
Além da crise diplomática, o caso também fez crescer as tensões em torno do programa nuclear iraniano. O Conselho de Segurança da ONU aprovou mais sanções contra o Irã no sábado (24). Reino Unido e EUA também acusam o país de fomentar a violência no Iraque.
Com agências internacionais
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A Marinha dos EUA realiza nesta terça-feira exercícios militares no golfo Pérsico, com o uso de navios, porta-aviões e aeronaves militares, em meio ao impasse entre o Irã e o Reino Unido em torno da detenção de 15 marinheiros na região, na sexta-feira (23).
As manobras --que envolvem 15 navios de guerra e centenas de aviões militares-- devem acirrar as tensões com o Irã, que freqüentemente condena a presença americana na área.
Os exercícios tiveram início apenas quatro dias depois que o Irã deteve um grupo de marinheiros britânicos acusados de invadir as águas territoriais iranianas. O Irã acusa o grupo de ter violado propositalmente a fronteira, em uma "clara agressão" ao país.
27.fev.2007/Efe |
Imagem de arquivo de porta-aviões americano; EUA fazem treino militar no golfo Pérsico |
No total, os exercícios dos EUA envolvem 10 mil homens em navios e aviões militares que simulam ataques a aviões e navios inimigos, caças a submarinos inimigos, entre outras ações.
Grupos de ataque Stennis, que levam mais de 6.500 marinheiros e marines, entraram no golfo Pérsico na noite desta segunda-feira, de acordo com a Marinha. As armadas Stennis se juntarão à Eisenhower, que patrulha permanentemente o golfo Pérsico.
"Essas manobras demonstram nossa flexibilidade e capacidade de responder a ameaças à segurança marítima", afirmou o comandante da Marinha americana John Perkins, 32, de Louisville, Kentucky.
O comandante da Marinha Kevin Aandahl negou que as manobras tenham relação com a captura do grupo de marinheiros, ou que tenham a intenção de intimidar o Irã.
"Os exercícios estão sendo feitos pela nossa estabilidade regional e de segurança. É isso que significa. Se há um efeito desestabilizador, é o comportamento do Irã", afirmou Aandahl.
Jogos de guerra
Os exercícios representam o mais recente dos episódios de demonstração de força entre o Irã e os EUA. Em abril e em novembro de 2006, o Irã conduziu manobras militares na região.
Em outubro do ano passado, foi a vez da Marinha americana fazer treinos militares para tentar intimidar Teerã devido à sua recusa em suspender seu programa nuclear.
Em janeiro último, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, anunciou que grupos de ataque Stennis estavam sendo enviados para o Oriente Médio como um "alerta" para o Irã.
Na quinta-feira passada (22), um dia antes da detenção dos marinheiros britânicos, a Marinha do Irã realizou treinos militares com o uso de submarinos e pequenas embarcações com lançadores de mísseis. Os treinos visariam mostrar "poder de defesa para proteger o golfo Pérsico" e deveriam durar até 30 de março.
Países árabes demonstram apreensão com a crescente hostilidade entre EUA e Irã, temendo que as tensões mútuas culminem em uma guerra indesejada entre os dois países na região.
Reino Unido
O premiê do Reino Unido, Tony Blair, afirmou nesta terça-feira que espera que o impasse em torno dos 15 marinheiros britânicos detidos pelo Irã seja resolvido de forma diplomática, mas disse estar preparado para entrar em uma "nova fase".
Marcelo Katsuki/Fol |
O porta-voz de Blair negou que o premiê considere a possibilidade de expulsar os diplomatas iranianos do Reino Unido, ou de lançar uma ação militar contra o Irã. "Nós queremos resolver essa questão rapidamente e sem entrar em confronto público com Teerã. Mas se não pudermos resolver com rapidez, teremos que ser mais explícitos", afirmou o porta-voz.
Blair descartou a possibilidade de a ação de Teerã ser uma retaliação à prisão de cinco iranianos por forças americanas no Iraque. "São duas situações totalmente distintas", disse.
Forças americanas no Iraque detiveram recentemente cinco iranianos em um escritório em Irbil, a capital da região autônoma do Curdistão, no Iraque. Os iranianos são acusados de fornecer armas e dinheiro a insurgentes que atuam no país.
Segundo Blair, a grande questão é se o governo iraniano "seguirá ou não a lei internacional".
Tratamento
Nesta terça-feira, o Irã afirmou que os 15 marinheiros estão "bem" e recebem "tratamento adequado". "Eles estão em boa saúde e foram tratados de acordo com os direitos humanos", afirmou . Mohammad Ali Hosseini, porta-voz do Ministério iraniano de Relações Exteriores.
Em declarações dadas em Ancara, a ministra britânica das Relações Exteriores, Margaret Beckett afirmou: "Se eles estão sendo bem tratados, não vemos por que eles não podem manter contato com o governo britânico para que possam acalmar suas famílias e amigos, que estão apreensivos a respeito de seu paradeiro e condições", afirmou.
O Reino Unido e o Irã viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido negou a invasão.
Além da crise diplomática, o caso também fez crescer as tensões em torno do programa nuclear iraniano. O Conselho de Segurança da ONU aprovou mais sanções contra o Irã no sábado (24). Reino Unido e EUA também acusam o país de fomentar a violência no Iraque.
Com agências internacionais
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