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Carlos Heitor Cony
cony@uol.com.br
  2 de janeiro de 2001
  Erros fatais
   
   
 

Evidente que estamos na pré-história da informática. Basta lembrarmos a pré-história do telefone, quando os aparelhos receptores eram do tamanho de uma mesa de bilhar.

Não havia comunicações automáticas, acessava-se a telefonista mais próxima geograficamente, esta acessava uma outra e assim, de telefonista em telefonista, obtinha-se um ruído que vagamente podia parecer a voz humana. Ligações interurbanas eram marcadas como consultas ao médico. As internacionais funcionavam como cirurgias, necessitando de dias de internação.

Com o celular, as coisas ficaram mais fáceis, embora primitivas ainda. O aparelho, por menor que seja, é um trambolho e as pilhas duram o que duraram as rosas de Malherbe - que ninguém mais deve citar: o espaço de uma manhã.

Chegará o dia em que o celular será um botão no relógio de pulso, movido a quartzo ou material equivalente. Para a frente é que se anda.

A Internet ainda é uma afronta, um insulto visual. A telinha é atravancada de pequeninos anúncios de coisas que não quero comprar. No melhor da festa, surge uma bicicletinha, um carrinho de mão levando flores, um Papai Noel tocando o sininho.

Invadem o texto, embaralham a já embaralhada rede de toque e acessos em que estamos concentrados. Além da poluição, da ingenuidade das ofertas ( todas são grátis e inúteis), muitas vezes entra um vírus na jogada e aí vai tudo para o brejo, ficamos olhando para a tela imóvel, cheia de advertências de que fizemos um erro fatal ou cometemos uma operação ilegal.

Toda vez que recebo um desses avisos, automaticamente olho para a porta do escritório, para ver se chega um policial para me prender em flagrante. Ainda não me habituei a essas práticas ilegais, nem a cometer erros fatais. Todos os meus erros, até então, são circunstanciais, fáceis de serem perdoados e esquecidos.



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