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Gustavo Ioschpe
desembucha@uol.com.br"
  14 de Feveveiro de 2001
Uma geração que já se vai... tarde
 
  

Sei que o meu otimismo não é compartilhado pela maioria dos leitores, mas cada vez me animo mais com os rumos do Brasil. E especialmente com suas lideranças, que é o entrave que resta para esse país ter um futuro mais digno que o seu passado.

Pense o (e)leitor nos candidatos da eleição presidencial de 1989 (pouco mais de dez anos atrás, um nada em termos históricos) e os prováveis candidatos de 2002. Então, tínhamos o alucinado Collor, um Lula completamente despreparado, o atraso de um Brizola, Maluf –que dispensa comentários– uma dezena de candidatos nanicos, loucos e inexpressivos, e outras figuras sem chance real de vitória, como Mário Covas e, se não me falha a memória, Roberto Freire e Ulysses Guimarães. Em 2002, provavelmente teremos um Lula já com uma estatura respeitável (dentro de seus limites, que são muitos), Ciro Gomes, Tasso ou Serra, talvez um Itamar como resquício de história infeliz, quiçá Simon e Roseana Sarney.

Onde antes havia um punhado de pessoas de reputação duvidosa, sem qualquer programa de governo e projeto que não fosse a mera auto-congratulação, nas próximas eleições teremos, em sua maior parte, uma geração de homens públicos sérios, comprometidos com o país e sua gente, e com história pessoal e preparo para nos dar esperança de que algo bom virá.

Isso se manifesta claramente nessas eleições para o Congresso Nacional. São gritos agonizantes de um estilo de fazer política que o brasileiro, mesmo com sua pouca história política, já criou maturidade suficiente para rejeitar. ACM, com sua panca fanfarrona de coronel baiano do século 18, já não consegue mais segurar seu partido, nem mesmo Inocêncio. Terminada sua gestão, ficará aí criando casos e fazendo barulho, mas vira nota de rodapé.

Brizola, que quase chega ao segundo turno em 89, parece agora um caudilho gagá. Até seu filho abandonou sua legenda. Teve desempenho pífio nas últimas eleições em que participou e carrega seu partido rio abaixo. Seus "interésses" não comovem mais ninguém.

Maluf levou muita paulada nas urnas, perdendo para Marta Suplicy a Prefeitura de São Paulo, conjectura que provocaria risos de descrença há dez anos.

Simon e Itamar, com seus programas caducos, seguidores de Pasqualini, são apenas notas do passado. Simon, bravamente, como símbolo de um desejo de moralidade pública que tomou conta da sociedade, e Itamar apenas como a manifestação desse nacionalismo saudoso à la Policarpo Quaresma, só levado à sério por meia dúzia de jurássicos como o próprio.

Caminhamos, ainda que lentamente, rumo à maturidade política, defenestrando pelo caminho uma geração dilacerada pela ditadura. Os bons tiveram muito de sua vida madura ceivada pelos generais de pijama, e mesmo os que sobreviveram e se mantiveram na luta herdaram alguns dos vícios dos inimigos que combatiam, fenômeno natural e quase inevitável em todos os movimentos humanos. E os que estavam mancomunados com o pessoal da farda, esses sim, aprenderam a fazer política sem os controles de um regime democrático, e a boçalidade resultante não se apaga jamais.

FHC disse que sua geração morre com ele. Talvez seja essa a única previsão feita em seu governo que ele conseguirá acertar. Tomara.

Cantinho do Energúmeno

O Cantinho fica embasbacado com todos os críticos de cinema –reais e pretensos– que batem palma para "Cast Away" ("Náufrago"), essa última baboseira edulcorada da dupla Zemeckis-Hanks que já havia feito "Forrest Gump". "Cast Away" é simplesmente péssimo; uma história sem pé nem cabeça cujos personagens se comportam de maneira inverossímil para qualquer ser humano. Seu final, então, com uma baleia que segue Hanks e lhe manda avisos através de esguichos d’água, é de chorar (de pena). É filme feito para dar Oscar a Hanks, o que provavelmente irá acontecer, a despeito da brilhante interpretação de Geoffrey Rush em "Quilt" e do excelente novato Jamie Bell em "Billy Elliot". Até aí, tudo bem, porque Hollywood é mesmo o antro da cafonice. Mas que os críticos daí batam palmas significa que ou estão colocando lança-perfume na tubulação de ar-condicionado das salas locais, ou voltou a prática do jabaculê, agora no cinema.

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