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Vaguinaldo Marinheiro
vmarinheiro@uol.com.br
  18 de fevereiro de 2001
  Marta Suplicy, 50 dias
 

Nesta segunda-feira Marta Suplicy completa 50 dias à frente da Prefeitura de São Paulo. Talvez ainda seja muito cedo para fazer um balanço, afinal, nem uma supermulher mudaria a maior cidade da América do Sul em tão pouco tempo.

Mas Marta acredita, e está certa, que algo já mudou. Em entrevista à revista Veja SP disse que "está mudando o espírito das pessoas". "No domingo fui visitar o ex-presidente Sarney, que estava internado no Hospital Sírio Libanês, e ele me disse 'Marta, vi uma coisa bonita na rua: está todo mundo alegre'. É verdade. As pessoas me mandam beijos quando passo de carro. Sinto isso em qualquer lugar" , afirmou a prefeita.

É claro que Marta está se beneficiando da catástrofe que foi a administração anterior. É só ela não fazer besteiras homéricas nem fechar os olhos para a corrupção que terá uma avaliação melhor que a de Celso Pitta.

Também pode estar sendo ajudada pelas notícias positivas na área econômica: queda do desemprego, crescimento na produção da indústria etc. É normal que o humor das pessoas mude quando estão rodeadas de boas notícias.

Outro fator pró-Marta é uma certa simpatia, depois da posse, dos meios de comunicação com a prefeita e sua administração. Seja na TV, em revistas ou jornais, as entrevistas com Marta são sempre amenas. Há mais perguntas sobre seus gostos pessoais ou se ela ainda vai ao supermercado do que questionamentos que a coloquem numa sinuca ou que a obriguem a comprometimentos.

Mas é claro que Marta Suplicy tem uma grande parcela de responsabilidade nessa "alegria" dos paulistanos. Isso porque ela mostra se importar com a cidade. Pode até soar um pouco demagógico, mas é simpático para uma cidade abandonada que a prefeita vá pintar o Pacaembu, que visite vítimas das chuvas, que vá até a casa da mulher que perdeu o filho, que caiu numa fenda de bueiro na zona norte da cidade.

Os cidadãos comuns querem isso dos "poderosos", que mostrem que "se importam", que não fiquem encastelados nos gabinetes.

Além disso, Marta tem a vantagem de ser uma mulher admirada pelos paulistanos e de até servir de modelo para algumas, uma vez que vai com a mesma desenvoltura ao show de Roberto Carlos, a um desfile de moda e a um encontro com empresários para tentar tirar dinheiro deles.

Outro ponto positivo é que a prefeita adotou um discurso correto de que não será uma salvadora da pátria, mas que irá se esforçar para fazer o possível para melhorar a cidade.

Quando essa lua-de-mel vai acabar? Ninguém é capaz de prever justamente porque são muitos os fatores que permitem a sua manutenção agora.

Se a economia piorar, se começarem a aparecer denúncias de corrupção e se acabar o gás da prefeita para mostrar que está indo atrás de melhorias, não serão os olhos azuis ou os taillers coloridos que manterão as pessoas sorrindo e mandando beijos.




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