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Lúcio Ribeiro
lucio@uol.com.br
  14 de fevereiro de 2001
  Nova York, gelo, muito filme e nenhum show
 
Muita gente acredita que a vida de jornalista é só glamour, festas, viagens. O adorável filme rock'n'roll "Almost Famous" (vou falar dele mais embaixo) foi feito para desmentir isso.
Mas não precisa ir muito longe para ver que a realidade cotidiana dos lobos de imprensa é muitas vezes ingrata.
A minha, por exemplo.
A trabalho, zarpei para Nova York na sexta-feira da semana passada. Pensei: vou sair desse calor insano, vou pegar um friozinho maneiro, assistir a uns showzinhos, enfim. Vida boa de jornalista.
Bullshit! Assim que coloquei os pés na cidade que nunca dorme, a temperatura foi de gostosos doze graus para dois. Dois abaixo de zero. Depois foi a menos sete. Sabe quando o nariz endurece tanto que não dá nem para respirar?
Até nevou na segunda à noite.
Lúcio Ribeiro
A caminho da primavera, NY dá um tempo do clima bom e me recebe até com neve. Dá para ver esses floquinhos passando na luz da rua?

Os shows de rock, achei, vão dar uma aquecida na alma, pelo menos.
Bullshit parte dois. Foi Nova York saber que eu estava vindo para cá que agendou correndo, para a semana anterior à minha chegada, shows de Frank Black (ex-Pixies), o fabuloso Meat Puppets, o Luna (+ ou - o antigo Galaxie 500), o novo Starflyer 59 (a versão século 21 do Echo & Bunnymen, que dedica seu disco ao salvador ele mesmo, Jesus Cristo), Vernon Reid (lembra o Living Colour?), David Johansen (que cantou no lendário New York Dolls), os britânicos bacanas Stereophonics e duas divertidas noites de punk/metal karaokê no Arlene Grocery.
E o Backstreet Boys.
Brincadeira.
Tudo bem. A Big Apple me sacaneou. O ÚNICO show assistível no período de cinco dias da minha estada na cidade era o do Evan Dando, solo, com abertura do Ben Lee. Evan Dando, para quem não sabe, era o cool cantor galã da banda-belezura Lemonheads, que até já tocou no Brasil.
Falei: vamos de Dando, mesmo? Os três shows do cara, em um bar pequeno, estava com ingressos esgotados há semanas. Fui até ver se descolava uma entrada de última hora, na porta do local. Os cambistas não vendiam, só compravam ingressos, para vender pelo quádruplo mais perto da hora da apresentação.
Sob frio polar, sucumbi. O jeito foi desencanar e me enfiar no cinema. Pelo menos nas telas a temporada estava ótima, o que me deu essa idéia de ver uma meia dúzia de películas e fazer uma espécie de "2001 - Os Filmes Que Você Não Pode Perder", só com os filmes que já estão em cartaz nos EUA.
Check it out:
"Hannibal" - A continuação do arrepiante "O Silêncio dos Inocentes", o da história do médico Hannibal Lecter, que gostava de comer as pessoas. Comer mesmo. E o sonho do cara, que não era bobo, era comer a agente Clarice, na pele da Jodie Foster. Mas não rolou, e o doutor desapareceu. O comedor volta agora na Itália, ainda sonhando em jantar a Clarice, só que desta vez interpretada pela Julianne Moore. Vamos dizer assim: o primeiro filme era Carlinhos Brown, e o segundo, Mano Brown. Deu para entender a comparação? Prepare seu estômago para a cena do cérebro. Inesquecível para quem assistiu "Faces da Morte". Estréia no Brasil dia 23.
"Traffic" - Outro dos filmes mais comentados do momento, em cartaz nos EUA e fazendo barulho no festival de Berlim. Ganhou indicação ao Oscar e bota seu diretor, Steven Soderbergh, na ordem do dia. São várias histórias paralelas, uma dramática, outra sexy, outra comédia, que em algum momento vão se encontrar sob um mesmo tema: o tráfico de drogas que vem do México pela fronteira com os EUA. Tem atores descolados, como o ótimo Benicio del Toro, Michael Douglas, Catherine Zeta-Jones, Topher Grace (o gozado Eric, da série "That 70’s Show"). Filmaço, que agora com o oba-oba do Oscar deve estrear em março no Brasil.
"The Gift" - Saudade de "O Sexto Sentido"? Então reze para estrear logo no Brasil esse delicioso thriller dirigido pelo Sam Raimi, o gênio que nos anos 80 fez "A Morte do Demônio" e "Uma Noite Alucinante", obras-primas do terror bobagem. Entre uma trama esquisita, tomadas de arrepiar a espinha e elenco dos bons (a loira Cate Blanchett, o esperto Giovanni Ribisi e o tenebroso aqui Keanu Reeves), o filme traz a doce e pura Katie Holmes, a Joey Potter de "Dawson’s Creek", em cenas que a mãe dela não aprovaria. Mas um capítulo desta coluna, mais para baixo, vai tratar só da Joey, porque ela merece. Voltando ao "The Gift", não se sabe quando o filme vai ser distribuído.
"Almost Famous" - Esse é bala e estréia em março no Brasil, dizem. É priminho do "Alta Fidelidade" e dedica cada película ao velho rock'n'roll, esse amigo da gente. É a história de um garoto aspirante de jornalista que, por uma série de coincidências, é convidado pela "Rolling Stone" para fazer uma reportagem sobre uma banda nova em ascensão, a imaginária Stillwater. Mas o editor da revista não imagina que o menino mal tem 18 anos. Nosso pequeno e assustado herói, para completar sua árdua missão, vai embarcar na primeira turnê do grupo pelos EUA. Muito rock dos anos 70 do começo ao fim do filme, groupies, brigas, shows, viagens e um garoto ótimo (Patrick Fugit) no papel principal. Obrigatório para os leitores desta coluna.



NA SEMANA QUE VEM...
..."2001: As Bandas Que Você Precisa Conhecer". Vou fazer um apanhado de listas que saíram nos EUA, na Inglaterra, baseadas no meu achismo que não leva a lugar nenhum e nos toques legais de amigos. Quem quiser mandar sugestões, fique à vontade.



OLHO NO BILAL
Não aguentei. A "Rolling Stone" disse que o negócio é não tirar o olho do Bilal, um cantor que, hã, canta, um pop meio jazz, desses meio D’Angelo, que não vai demorar muito para sair de casa, na Philadelphia, para bilhar na lista do Free Jazz.



NOVA YORK CONTRA MIM
Desnecessário falar, assim que sentar meu traseiro no avião da Varig, nesta noite, os termômetros vão voltar a bater nos gostosos 12 graus.
E o circuito de shows da cidade vai receber Stephen Malkmus (ex-Pavement) solo, Mogwai, Guided by Voices, The Residents, Low, Levellers, Doves...



E SE NÃO BASTASSE: JOEY POTTER
Este é o fim de Joey Potter como a conhecíamos. And I feel fine...
A pudica garota, um dos pilares da geração Britney Spears, deu uma bica na pose de santa.
Como escrevi acima, ela aparece bem à vontade em "The Gift". Se bem que, coitadinha, é trucidada e deixada embaixo de um lago, acorrentada (onde estava o Dawson nessa?).
Mas, não contente, a belezura cujo nome é Katie Holmes parou os EUA (exagero, para dar clima) ao perder finalmente a virgindade no seriado, um caso tão discutido por aqui nos EUA quanto o assassinato de Kennedy, a chegada do homem à Lua etc.
E, para não estragar a surpresa, pois o capítulo histórico deve passar no Brasil até março, vou manter o silêncio sobre quem tirou a Joey de todos nós do caminho da santidade.
Só vou dar uma dica. Começa com "P" e não foi o Dawson.
Faça sua aposta.



NAPSTER
Como você deve saber, o Napster, o brinquedinho mais legal dos últimos anos, não foi fechado pela Justiça, na última segunda-feira. Mas a situação não ficou nada boa, já que tudo indica que os dias do programa estão contados.
Nesta terça, um dos fundadores do Napster, o camarada Shawn Fanning, foi à público via MTV americana para pedir aos usuários do mundo todo puxarem o máximo de músicas possíveis, angariar novos sócios e mandar muitos e muitos e-mails ao governo americano, para mostrar como o serviço de distribuição de música digital é queridinho do cidadão que luta em busca de um mundo melhor.
Vai baixando música e mande e-mails para a corrente pró-Napster, endereçado à caixa postal do www.napster.com mesmo, enquanto não rola um e-mail governamental direto.


FALANDO EM MTV
Enquanto a filial brasileira passa bastante um bonito e entusiasmante clipe do Fagner, um filmado em uma praia de Fortaleza que é amedrontador, a MTV americana passa 98de lixo, mas põe no ar em pleno meio-dia de terça-feira o elétrico clipe da banda texana At the Drive-in, "One Armed Scissor". Não conhece o At the Drive-in. Chega aqui na semana que vem.





A MALDIÇÃO DE CARLINHOS BROWN
Alguns e-mails chegaram perguntando porque que eu resolvi pegar no pé do Carlinhos Brown. A resposta é fácil: porque a gente precisa pegar no pé de algum Cristo às vezes. Vive disso. E o Carlinhos é a bola da vez, ué!?!. Simples assim.
Então agora olhe essa agora, que NÃO é nem de minha autoria. Saiu no descolado site gaúcho ZeroZen a "Maldição de Carlinhos Brown", texto elucidatório que explica, entre outras coisas, o divórcio de Chico Buarque, o fim do "Muvuca", o pior programa da TV brasileira em todos os tempos, a quase falência no Brasil da poderosa America Online e o terrível acidente do Herbert Vianna, entre muitas outras tragédias.
Segundo o texto da maldição, que eu adoraria ter escrito, foi tudo culpa do garrafeiro Brown.
"A Maldição de Carlinhos Brown" vem em duas partes e fará parte do livro sobre os mistérios do rock, quando este for escrito. O que vai ter os capítulos "Morrissey previu a morte de Diana", "O dia em que o U2 chupou a capa dos Titãs" e "Caetano Veloso morreu em 1966".
Vai lá. Tire as crianças da sala e busque os dois textos no site www.zerozen.com.br.
Depois disso, nem encosto mais a mão em disco do Brown, para o azar não pegar em mim.


BIDÊ OU BALDE EM SP


Aqui vai um registro fotográfico da passagem da banda indie gaúcha Bidê ou Balde em SP, sábado retrasado, no Orbital. Foi na festa da London Burning, onde eu iria tocar, mas acabei dando o cano no Luciano e na Valéria. Curta esse momento:

Diogo Farias
legenda: público se cotovela para ver o Bidê no Orbital, em SP


WEEZER
Falando em Bidê ou Balde, os viuvinhas do último grupo college que existe, o Weezer, já pode voltar a colocar o sweater e sorrir novamente. O grupo inicia turnê americana no dia 26, na Flórida, e deve tocar músicas novas que estarão no próximo álbum, "ainda em construção", segundo o líder do grupo, Rivers Cuomo. A turnê é sob patrocínio do site de busca Yahoo!, vai até 18 de março (San Diego) e as músicas novas podem pintar depois da data acima no Napster, se este não for fechado.


HERBERT VIANNA
Esta coluna não se entusiasma muito com o trabalho dos Paralamas do Sucesso nem, e principalmente, com a obra solo do músico Herbert Vianna.
Mas acha impressionante como a editora Abril conseguiu permitir que chegasse às bancas um pôster com muitas fotos e texto quase nenhum sobre o cantor, prática utilizada ou quando um time de futebol é campeão ou quando um artista famoso morre. Não foi nenhum dos dois casos.
Capitalismo tétrico.




PROMOÇÃO DA SEMANA


Devido à prática costumeira quando uma promoção vira um sucesso, segue valendo para a próxima semana a emocionante enquete de "Qual a banda da qual você possui mais discos?"
Dá dando o maior rebu. Alguns dizendo que é Beatles, o Nirvana, outros arrependidos (dois disseram o mesmo) falam que é o Iron Maiden, uns o Depeche Mode, e uma leitora, falando sério, hoje muito roqueira, jura por Deus que a maior quantidade de produtos musicais que possui em casa pertence à banda... Balão Mágico.
Então está continuando até a semana que vem. Vou anunciar três vencedores dos prêmios da semana. Se você já mandou, continua valendo para o próximo espetacular prêmio.
Pode mandar seu voto de novo, mais um outro corrigindo, recontar seus discos, fazer um ranking das poderosas bandas de sua discoteca.
Aí você vai concorrer a um bacaníssimo porta-CDs transparente dos BEATLES, produto promocional do lindo "Os Reis do Iê-Iê-Iê" ("A Hard Day’s Night"), filme atualmente em cartaz. Nesta quinta-feira, já de volta ao Brasil, vou botar uma foto do porta-CD estiloso aqui nesta parte da coluna.
E mais: para quem morar em cidade que esteja passando o filme dos Beatles, pode contar com um ingresso duplo doado por esta coluna e pela Lumiére Filmes.
Manda bala: lucio@uol.com.br.





GANHADORES DA PROMOÇÃO
Juliana Tavarez
Recife
CD do Oasis, "Familiar to Millions"
Lúcio Souza Bastos
Rio de Janeiro
CD do Neil Young, "Harvest Moon"
Silvio Herner
Santa Catarina
CD do Brincando de Deus





ÚLTIMA CHAMADA
Para os paulistanos, já para o Sesc Pompéia. Hoje e amanhã rola show do Yo La Tengo. Abarrote a casa, faça entender, quem tem que entender, que shows com bandas legais dão o maior pé no Brasil.
E na semana que vem vou contar uma historinha do Mudhoney, que aconteceu comigo. Nem dá para acreditar que os caras vão tocar no Brasil. Nem dá para acreditar que você ainda não descolou seu ingresso.







AGRADECIMENTOS


À galera de sempre: Marcos Antoniette, Alexandre Petillo, Cleiton Sotte, Marcelo Costa, Carlinhos Brown. E a estas duas pessoas aí embaixo.

É o correspondente da Folha em Nova York, Sérgio Dávila, que tem a coluna Pop Pop Pop no UOL, às sextas, acompanhado de sua doce namorada, a também jornalista Teté Ribeiro. Os dois me abrigaram neste frio e me acompanharam nos filmes e restaurantes legais.
O Sérgio Dávila, também, poderá ser lembrado pelo cara que NÃO GRAVOU para mim o histórico "Dawson’s Creek" do despertar da Joey, que passou horas antes de minha chegada em NY. É por isso que ele está se escondendo na foto. Foi mal, Serjão.
Até a semana que vem

Leia colunas anteriores:
06/02/2001 - Meu jantar com o Arnaldo Antunes
31/01/2001 - Gritos e sussurros
24/01/2001 - Britney despirocada e o melhor (e o pior) do Rock in Rio
17/01/2001 - Larga do meu pé, Liam
10/01/2001 - Incrível! Morrissey previu a morte da princesa Diana


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