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Domingo, 23 de julho de 2000

Troca de comando

Rodrigo Bueno
     
Diego Medina


O meio do ano é pródigo em mudanças no futebol, mas isso costuma ficar no plano dos jogadores e técnicos. Em 2000, porém, as mais importantes alterações dizem respeito aos dirigentes.
O futebol espanhol, que virou eldorado nos anos 90, é ótimo exemplo. Desde a última semana, o Real Madrid, o ‘‘clube do século’’ para a Fifa e para milhões no planeta, tem um novo presidente. Hoje, o Barcelona, a ‘‘menina dos olhos’’ de muitos jogadores, técnicos e outros milhões em todo o mundo, conhecerá seu novo líder.
Não são simples eleições (para algumas federações e para alguns clubes, eleição é algo raro) nem são trocas banais de nomes.
Lorenzo Sanz, ex-presidente do Real que foi surpreendido nas urnas, era o principal mentor da Superliga dos clubes europeus. Líder do G-14, grupo que reúne os times mais poderosos da Europa, não conseguiu ficar no poder mesmo tendo guiado seu clube a dois títulos da Copa dos Campeões nas últimas três temporadas.
Sanz contou com o apoio aberto de estrelas, como Redondo e Roberto Carlos, mas foi superado por Florentino Perez, um magnata na área de construção que fez de sua campanha uma guerra aberta com o rival Barcelona.
Perez prometeu à torcida o português Figo com a camisa 10, em uma contratação recorde de quase US$ 57 milhões. Negociou diretamente com o jogador, que tem longo contrato com o Barcelona, acirrando as desavenças entre o Real e o time catalão, que pode ir até a Fifa e brecar a transferência.
A estratégia de Perez foi mostrar mais ousadia (ou loucura) que Sanz, homem que cultivou uma dívida de mais de US$ 120 milhões no Real. O novo presidente, ignorando o rombo, ofereceu até mais (quase US$ 130 milhões) pelo argentino Verón. Disse que, se Figo não for contratado, pagará ingressos a todos os torcedores durante toda a temporada (gastaria uns US$ 9 milhões).
No Barcelona, a megalomania é a mesma. Zidane, Overmars, Petit, Ivan de la Peña e Alfonso são algumas das promessas de campanha. Lluis Bassat, por exemplo, diz ter um pré-contrato com Zidane, o que sugere um pré-afastamento de Rivaldo para a Itália.
Se Perez chamou um batalhão de ex-ídolos, como Valdano, para ajudá-lo a gerenciar o Real, os candidatos a chefe do Barça enterram de vez Josep Luis Núñez e apelam a Cruyff e cia. Os supertimes espanhóis vêem novos tempos e velha rivalidade aflorarem.
A troca de comando se repete em outras potências, como o Manchester United, que aposenta em agosto o patrono Martin Edwards. A empresa mais bem-sucedida do futebol inglês estará nas mãos de Peter Kenyon, que pode dar a Beckham o maior salário já pago a um atleta da modalidade.
Símbolo do futebol moderno e exemplo de força na Itália, Silvio Berlusconi, magnata que previu nos anos 80 a Superliga dos clubes, passou a ser bombardeado em seu país por ter contribuído para a queda de Dino Zoff na seleção. Ainda questionou as ações de outros clubes na Bolsa, talvez invejando a vitória da Lazio.
Os mentores de Superligas parecem viver inferno astral. Que o diga Eurico Miranda, um dos cabeças do Clube dos 13, que teve que ‘‘engolir’’ o Gama e a Justiça.



Notas

Inglaterra

Após os problemas nas negociações de Edu e Edmílson para o futebol inglês, a Sky Sports fez uma pesquisa com torcedores para saber quem foram os dez melhores e os dez piores estrangeiros que atuaram no país. Os melhores: Cantona, Schmeichel, Yorke, Bergkamp, Petit, Ginola, Weah, Zola, Juninho e Ardiles. Os piores: Raducioiu, Futre, Brolin, Helder, Tramezzani, Guivarc’h, Silenzi, Prunier, Piechnik e Dia.

Hungria
O Honved decidiu homenagear seu grande ídolo, Puskas, aposentando a camisa 10 do clube. Bela homenagem, mas com décadas de atraso.

Brasil
Robério de Ogum, ex-líder espiritual de Wanderley Luxemburgo, disse certa vez que o técnico da seleção não chegaria à Copa de 2002.

E-mail:
rbueno@folhasp.com.br



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09/07/2000 - Brasil-2018
02/07/2000 - Campeões melhores do mundo
25/06/2000 - Desunião européia
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