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29/09/2005 - 12h30

Suíça: Galerias emolduram tarde na cidade antiga

JULIANA DORETTO
Enviada especial da Folha de S.Paulo à Suíça

Faltam três minutos para as seis da tarde. Eles estão todos de pé, se apertando para que ninguém deixe de ver: uma fila de bonés e câmeras fotográficas. Então a galinha do canto esquerdo abre as asas e grita algo que lembra um cocoricó. A platéia solta interjeições de surpresa. O sino toca; um boneco balança a cabeça para a direita; outro responde com o movimento inverso. São 18h. O grupo já se dispersa quando a galinha do lado direito mostra que também cocorica. Mais risinhos discretos. São turistas japoneses.

O espetáculo ocorre nas 24 horas cheias do dia na Zytglogge (torre do relógio), antigo portão de entrada de Berna e início do centro velho da cidade, que data, em sua maior parte, do século 15 e foi considerado patrimônio da humanidade em 1983. Estreitos sobrados se dividem em ruas tão estreitas quanto eles, ocupando uma península formada pelas águas do rio Aare, na parte alemã.

A monocromia e o paralelismo do casario cinza só são quebrados pela altiva torre de 101 metros da catedral, Münster, construída em estilo gótico entre 1421 e 1893. Com a Reforma Protestante, o ex-santuário católico perdeu grande parte das imagens que forravam seu interior: restaram apenas vitrais e faces sorridentes encravadas em todo o teto.

Mas, para o deleite dos visitantes de agora, o protestantismo preservou uma cena esculpida em 1470, logo acima da porta, cuja excentricidade compensa a dor no pescoço causada pelos minutos de admiração. De um lado, almas boas vestidas de branco são levadas para o céu pelo arcanjo Miguel; do outro, as más, nuas, se encaminham para o inferno --entre elas, até o papa. Essa demonstração de igualdade perante Deus agradou aos reformistas e salvou a obra da condenação.

Nessa época, no século 16, o ponto de encontro dos berneses era também tanques para roupa e bebedouro: 11 fontes, adornadas por figuras históricas ou lendárias. Elas ainda estão lá, mas não são mais palco de bate-papo. Hoje, o burburinho de Berna afastou-se dali, mas não muito.

Labirinto

A face mais charmosa da cidade antiga se deve ao fogo. Porque foi após um incêndio, em 1405, que os seis quilômetros de galerias que margeiam as ruas surgiram no cenário urbano. Destruídos, os então edifícios de madeira deram lugar aos atuais, de alvenaria, e veio a idéia de reservar parte do térreo para as calçadas, protegendo assim os transeuntes da chuva.

Hoje, passear pelas galerias arqueadas é --além de perder a orientação e ter de buscar o mapa na bolsa-- passar por lojas elegantes, restaurantes e "confiseries". Essas confeitarias, aliás, dão golpes no regime de qualquer um, com chocolates, doces e pães.

Grudadas nas galerias, há dezenas de mesinhas, especialmente cheias na happy hour. Os berneses gostam de passar por lá para tomar um copo de cerveja ou um café, vendo o anoitecer preguiçoso durante as estações quentes.

Após passar uma tarde inteira nos labirintos das ruas medievais, vale descansar ali, observando os locais apreciarem sua bebida, entre risos tão discretos quanto os dos turistas japoneses da torre do relógio. Apesar de o patrimônio de Berna valer mais um sorriso bem largo.

Münster - Münsterplatz 1. Funciona, no verão, aos domingos, das 11h30 às 17h, e de terça a sábado, das 10h às 17h; no inverno, aos domingos, das 11h30 às 14h, de terça a sexta, das 19h às 12h e das 14h às 16h, e aos sábados, das 10h às 12h e das 14h às 17h.

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