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23/03/2007
-
09h09
Enviada Especial da Folha de S.Paulo a Alagoas
Em um Estado reconhecidamente machista como Alagoas, não poderia ser diferente: por ali, lugar de mulher é, sim, na cozinha. Essa frase nunca deve ter incomodado tanto... os homens! Estamos falando do comando da alta gastronomia da capital, Maceió, que está sob o domínio feminino.
O restaurante mais comentado é o Wanchako, o primeiro de comida peruana do Brasil, regido há 11 anos por Simone Bert, 45. Alguns pratos têm influência da cozinha japonesa. Simone traz temperos do Peru a cada seis meses. "Volto com uns 150 quilos toda vez que vou a Lima", conta. A decoração também vem de terras andinas e é distribuída em paredes coloridas, de tons fortes, que dão um clima de aconchego aos três ambientes. Os peixes, claro, são do litoral alagoano. E o pessoal da cozinha --dez, no total-- é da região.
"A maioria era cortador de cana. O rapaz que hoje é meu braço direito começou aqui lavando pratos. Depois de muito trabalho, todos são cozinheiros de mão cheia!", orgulha-se. Os garçons são muito preparados --dificilmente deixam sua taça de vinho vazia-- e simpáticos. Uma boa opção de entrada é o festival de ceviches (R$ 45), que serve duas pessoas. A seguir, Simone indica a lula recheada, batizada com o nome de Don Juanito (R$ 48) em homenagem ao seu pai, que a ensinou a pescar. A sogra, peruana, foi quem ensinou a ela a preparação dos pratos.
E foi do marido todo o apoio para que ela fizesse cursos de no exterior. Da mãe, herdou a necessidade de colocar a mão na massa para comer bem. "Ela cozinhava muito mal", brinca. Quem pede o Don Juanito ganha o prato da Associação da Boa Lembrança (www.boalembranca.com.br).
Depois, o problema é escolher entre as sobremesas mais pedidas: o suspiro limenho e a torta de graviola, R$ 12 cada. Em Maceió, ir do Peru à França é rápido. Basta sair de Jatiúca, onde fica o Wanchako, e ir até o bairro de Garça Torta, no restaurante Lua Cheia, comandado por Maria Lucia da Costa Parra, 42. Enquanto o marido, o francês e também chef Thierry Parra, concentra-se nos vinhos, Lucia coordena uma cozinha 100% feminina.
"Só trabalho com mulheres na cozinha. São mais limpas e mais caprichosas", diz. Duas vezes por ano o casal vai a Nice (França) visitar a família dele e abastecer o restaurante de ervas e temperos que logo se transformam no segredo de pratos como o magret de pato (R$ 49).
O ambiente, bastante ventilado, ajuda a fugir do calor. E a mistura dos sotaques alagoano e francês dá a cara ao lugar, que serve comida de bistrô para um público de bermuda e camiseta, sem perder o charme.
(Priscila Pastre-Rossi viajou a convite da revista "Turismo & Negócios" e da TAM Linhas Aéreas)
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PRISCILA PASTRE-ROSSIEnviada Especial da Folha de S.Paulo a Alagoas
Em um Estado reconhecidamente machista como Alagoas, não poderia ser diferente: por ali, lugar de mulher é, sim, na cozinha. Essa frase nunca deve ter incomodado tanto... os homens! Estamos falando do comando da alta gastronomia da capital, Maceió, que está sob o domínio feminino.
Divulgação/Jaticura Roset |
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Praia de Jatiúca, em Maceió |
"A maioria era cortador de cana. O rapaz que hoje é meu braço direito começou aqui lavando pratos. Depois de muito trabalho, todos são cozinheiros de mão cheia!", orgulha-se. Os garçons são muito preparados --dificilmente deixam sua taça de vinho vazia-- e simpáticos. Uma boa opção de entrada é o festival de ceviches (R$ 45), que serve duas pessoas. A seguir, Simone indica a lula recheada, batizada com o nome de Don Juanito (R$ 48) em homenagem ao seu pai, que a ensinou a pescar. A sogra, peruana, foi quem ensinou a ela a preparação dos pratos.
E foi do marido todo o apoio para que ela fizesse cursos de no exterior. Da mãe, herdou a necessidade de colocar a mão na massa para comer bem. "Ela cozinhava muito mal", brinca. Quem pede o Don Juanito ganha o prato da Associação da Boa Lembrança (www.boalembranca.com.br).
Depois, o problema é escolher entre as sobremesas mais pedidas: o suspiro limenho e a torta de graviola, R$ 12 cada. Em Maceió, ir do Peru à França é rápido. Basta sair de Jatiúca, onde fica o Wanchako, e ir até o bairro de Garça Torta, no restaurante Lua Cheia, comandado por Maria Lucia da Costa Parra, 42. Enquanto o marido, o francês e também chef Thierry Parra, concentra-se nos vinhos, Lucia coordena uma cozinha 100% feminina.
"Só trabalho com mulheres na cozinha. São mais limpas e mais caprichosas", diz. Duas vezes por ano o casal vai a Nice (França) visitar a família dele e abastecer o restaurante de ervas e temperos que logo se transformam no segredo de pratos como o magret de pato (R$ 49).
O ambiente, bastante ventilado, ajuda a fugir do calor. E a mistura dos sotaques alagoano e francês dá a cara ao lugar, que serve comida de bistrô para um público de bermuda e camiseta, sem perder o charme.
(Priscila Pastre-Rossi viajou a convite da revista "Turismo & Negócios" e da TAM Linhas Aéreas)
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