Ejaculação precoce: o que é, como identificar o problema e o que fazer para resolver

Ciência diz que transas em que o homem goza antes de dois minutos de penetração podem envolver ejaculação rápida

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São Paulo

Quando Josimar Victor transou pela primeira vez, ele não achou legal. Nem quando transou de novo. Esse começo de vida sexual dele foi todo meio complicado porque Josimar sofria com disfunção erétil e ejaculação precoce. E coisas assim são bem comuns na juventude, muito por causa da inexperiência —fazer coisas novas é sempre tenso, e vamos combinar que sexo não é uma coisa qualquer.

Acontece que já faz mais de uma década que Josimar convive com isso. O problema de ereção foi resolvido com injeções de testosterona, mas a ejaculação rápida ainda está lá. E Josimar não é o único: 48% dos homens já passaram por isso em algum momento da vida.

Ejaculação rápida é comum na adolescência - Oleg / AdobeStock

O comediante e cantor Whindersson Nunes, por exemplo, contou publicamente em 2018 que tratou sua ejaculação precoce com exercícios para o períneo (um músculo entre o ânus e o saco escrotal). Laura Muller, colunista do Folhateen, escreveu sobre isso há algumas semanas e muitos leitores comentaram.

Ainda assim, é difícil dizer com certeza que um adolescente sofre de ejaculação precoce. "As primeiras vezes são assim pra todo mundo", tranquiliza o urologista João Brunhara, co-fundador da Omens, uma healtech de autocuidado masculino.

"São relações com muita expectativa, excitação, novidade. Imagine lidar com essas emoções todas e ainda conseguir controlar uma reação do corpo. Dificilmente alguém vai começar a vida sexual já tendo pleno domínio da ejaculação."

Pesquisas mostram que sete minutos é um tempo bacana de penetração, desde que o tempo antes dela tenha sido suficiente para dar prazer à parceira ou parceiro

João Brunhara

urologista

A ejaculação precoce não é doença. Ela é a incapacidade de se controlar um reflexo e exige aprendizado e, às vezes, treinamento. Brunhara explica que, na teoria, todo adolescente vai passar por isso, e homens depois dos 40 anos também podem ter essa questão.

E o que seria "essa questão"? A ciência diz que transas em que o homem goza antes de dois minutos de penetração podem ser consideradas ejaculação precoce. Outra linha de corte é ver se em mais da metade das vezes em que se transa o homem chega ao orgasmo sem ter conseguido fazer com que a outra pessoa se sinta satisfeita.

"É um problema que me traz muita insatisfação. Principalmente porque além de buscar o meu prazer, eu quero proporcionar prazer para minha esposa. Quando as coisas estão esquentando, o sexo acaba, então uma relação que poderia durar ao menos meia hora, acaba durando de cinco a 10 minutos", diz Josimar Victor, que hoje tem 30 anos.


Dados sobre ejaculação rápida

  • Para a ciência, gozar antes de dois minutos de penetração é considerado ejaculação precoce
  • 48% dos homens já passaram por isso em algum momento da vida
  • O problema é mais ligado à mente do que à saúde física; apenas infecções e questões hormonais podem causar a ejaculação precoce
  • A masturbação pode ajudar como exercício de autoconhecimento
  • Ejaculação rápida por excesso de sensibilidade na glande é um mito
  • Outro mito é achar que a cirurgia de circuncisão resolve o problema; ela só é indicada para ajudar na higiene e por questões culturais

Como se vê, Josimar não se encaixa na teoria que o urologista Brunhara apresenta. "Pesquisas mostram que sete minutos é um tempo bacana de penetração, desde que o tempo antes dela tenha sido suficiente para dar prazer à parceira ou parceiro", ensina.

E a questão aqui fica mais clara: gozar "antes da hora" pode ser bem relativo e envolve, sobretudo, questões da mente e não da saúde física. O médico explica que há poucas doenças que levam à ejaculação precoce: infecções como a prostatite, candidíase, infecção fúngica da glande, desequilíbrio hormonal e níveis muito altos de testosterona, fruto do abuso de esteróides.

Casos assim são tratados com remédios —também há medicação para a ejaculação precoce que não envolve doenças, de acordo com Brunhara, mas são casos muito específicos e que têm sempre acompanhamento médico.

De resto, é legal que os adolescentes treinem para conhecer seu corpo cada vez melhor. Tipo: se você ainda não teve sua primeira relação sexual, investigue na masturbação qual é o seu "ponto sem retorno", como define o urologista, ou seja, aquele momento em que, depois que é atingido, não dá mais para segurar a ejaculação.

Se você já transou, tente pensar nas posições que são mais excitantes, e considere deixá-las sempre para o final. Também pense que sexo não é só penetração, então pode ser bom caprichar no sexo oral e outras carícias, que vão satisfazer quem está com você.

'Às vezes os jovens ficam focando em durar 27 minutos, fazer mil posições diferentes, e sexo não é isso', diz o urologista João Brunhara - Victor Vira / AdobeStock

"Às vezes os jovens ficam focando em durar 27 minutos, fazer mil posições diferentes, e sexo não é isso", brinca o urologista, que também ensina aos que têm parceria fixa que conversem e peçam ajuda para que as transas sejam melhores para todo mundo.

Outra dica importante é não cair na cilada de achar que a cirurgia de circuncisão (retirada da pele que recobre o prepúcio) resolve a ejaculação precoce. João diz que isso é um mito, e que a operação só deve ser feita para ajudar na higiene, por exemplo, ou por questões culturais.

"Aliás, alguns homens acham que têm problema de hipersensibilidade na glande. A glande é de fato a parte mais sensível do pênis, mas o clitóris é muito mais enervado. Se fosse simplesmente uma questão física, as mulheres iam relatar esse problema de não conseguir controlar o orgasmo com muito mais frequência", completa.

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