Descrição de chapéu Todo mundo lê junto

Dentistas dão dicas para crianças para uma consulta sem medo

Cirurgiãs contam tudo o que rola no consultório, falam de higiene e encorajam crianças

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Ganha um doce quem adivinhar a frase que os adultos mais falam para as crianças em casa —mas é importante saber que, depois de comer o doce, vai ser preciso fazer a higiene da boca. Pois é, acertou quem disse que a frase é aquela pergunta clássica: “Já escovou os dentes hoje?”.

Em toda família tem sempre alguém perguntando isso. É porque os adultos sabem que de vez em quando bate na gente aquela preguiça de ir ao banheiro, colocar pasta na escova e caprichar na faxina de todos os dentes (e, nossa, como a gente tem dente!).

E eles também sabem que, quem não dá atenção para esse assunto, pode ter um monte de problemas.

Ilustração mostra criança sentada na cadeira do dentista, com a boca aberta e os olhos arregalados. No entorno dela duas mãos segurando equipamentos odontológicos, um fantasma de aparelho, um dente saudável surfando em cima de uma escova, um dente careado triste com balas e pirulitos em volta.
Ilustração de Carolina Daffara - Carolina Daffara

“Eu gosto de escovar os dentes. É porque aí eu não tenho cárie, porque senão eu teria cárie. Faz mal pros dentes e eles podem até cair e virar podres”, ensina Helena, 8 anos. “Na casa da minha mãe às vezes eu escovo sozinha e às vezes ela escova o meu. E, na casa do meu pai, ele só repassa pra ter certeza.”

Mas o que será que é a cárie de que a Helena fala?

“A cárie é um bichinho que come todo o resto de comida que ficou no nosso dente. A comida deixa o dente enfraquecido e o bichinho vai lá e come não só a comida, mas também a estrutura do dente que ficou fraquinha”, explica Tatiane Buscarilli, cirurgiã dentista da clínica Sorridents.

A única forma de evitar as cáries é fazendo bem a escovação. “Precisamos escovar os dentes depois de todas as refeições. Depois do café, do almoço, do lanchinho, do jantar e antes de dormir”, avisa a dentista Andrea Lilian Goldmann.

Olivia tem 6 anos e gosta de cuidar dos dentes. “Porque faz bem e espanta o bafo”, diz. Ela conta que recebe ajuda nesses momentos. “Às vezes do papai, às vezes da mamãe.”

A primeira etapa da limpeza, ensinam as doutoras, é usar o fio dental —e aqui vale pedir a um adulto que demonstre o jeito certo de fazer isso. “No meio dos dentinhos a escova não consegue entrar, então, o fio dental é um amigo”, fala Andrea Lilian.

Depois, é hora de recrutar o resto da turma. “Use a escova fazendo movimento de bolinha, movimentando a escova como se estivesse fazendo um círculo em cada dente”, completa a doutora Tatiane.

“E não esqueça de escovar o tapetão, que é a nossa língua!”, avisa Andrea Lilian.

Tem vezes em que a cárie consegue furar todo esse bloqueio e se instalar. Daí, a solução é marcar consulta no dentista o mais rápido possível. E, se só de ler estas palavras você já ficou arrepiado, saiba que não está sozinho: o mundo está cheio de pessoas com medo de dentista, inclusive adultos. Por que será?

“Porque, desde que a gente é pequeno, escuta falar mal do dentista. Escuta que o dentista é o vilão, que o dente dói”, acredita Tatiane.

Maria Júlia tem 12 anos e vai ao consultório com frequência. “Já tive que tirar dente, fazer um monte de coisas. Acho legal, porque a dentista é superlegal comigo, e meu pai também é dentista. Mas senti medo dos aparelhos que colocam na minha boca”, lembra.

Quem também conta sua experiência é o Gabriel, de 6 anos. “Fui no dentista quando era pequeno, mas agora eu sou grande, mas ainda vou ao dentista. É legal. Senti medo quando eu era pequeno, do negócio de por na boca”, explica.

Gabriel e Maria Júlia se referem aos instrumentos que todo dentista precisa usar para cuidar bem da boca das pessoas. E, como alguns deles fazem barulho, é comum que uns pacientes fiquem mais receosos que outros.

“O sonho de consumo de todo mundo é que um dia inventem instrumentos silenciosos. A gente pagaria o que fosse”, brinca a doutora Tatiane. Ela explica que, ainda que barulhentos, eles são muito importantes. “São a nossa munição infalível para tirar o bicho da cárie.”

“Com o motorzinho, a gente acessa o dente que foi atacado, mata o bicho e faz um buraquinho pra refazer o dente usando resina ou algum outro material restaurador. Não dói, porque a gente usa anestesia”, tranquiliza Tatiane.

A Olivia, aquela que falou do bafo lá no começo do texto, lembra que, no consultório ao qual ela foi, havia alguns brinquedos. “Eu tive que ver os dentes e passar um negócio com gosto de banana na boca”, diz. Nina, 6, também já se consultou algumas vezes. “Achei legal. Tive que tirar foto do dente”, explica.

“Às vezes eu tenho medo, depende do que o dentista vai fazer”, compartilha Helena, que vai a um consultório em que os pacientes podem assistir TV durante a consulta. “É que eu já vi em vários lugares alguns dentistas que faziam coisas pra quem usava aparelho, tipo apertar, e me dava medo de ter que usar aparelho também.”

Helena pode até não gostar da ideia do aparelho nos dentes, mas tem gente que sonha em poder usar um aparelho ortodôntico, que é o nome oficial desse dispositivo que ajuda a reorganizar os dentes, para que eles fiquem retinhos e alinhados.

No entanto, só os especialistas podem dizer se uma criança precisa ou não de aparelho, seja ele fixo, com aqueles quadradinhos colados nos dentes, ou móvel, do tipo que dá para tirar e pôr ao longo do dia.

“Colocar ou não um aparelho na boca está relacionado à saúde, e não porque fica bonito”, esclarece a doutora Tatiane.

Ela também acalma aqueles que, mesmo com tantas explicações, ainda ficam com frio na barriga antes da consulta. “O mais importante é pensar que o bicho da cárie não dorme, ele nunca para de trabalhar. E, quanto antes eu for ao dentista, menor vai ser meu problema e menor vai ser minha dor enquanto não trato o problema”, garante.

Helena tem só 3 anos, mas já foi várias vezes a um consultório muito especial. “Lá é legal, é bonito. Fui limpar os dentes”, conta. Helena é filha de uma dentista, diz que adora escovar os dentes, e manda um recado para quem tem medo: “Vem no consultório da mamãe, gente!”.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.