Vivemos em um país habitado por pessoas de diversas culturas. Aqui, há descendentes de gente que veio, há muitos anos, da África, da Ásia, da Europa, para tentar a vida em um lugar diferente, em busca de melhores condições e trabalho.
Sendo assim, é natural que tenhamos até hoje a influência de tudo que estes imigrantes um dia aprenderam com seus antepassados, desde a sua forma de cozinhar os alimentos, seu gosto pelas roupas e passatempos, até a fé no mundo espiritual.
Entre as muitas religiões que convivem no Brasil como fruto disso estão o candomblé e a umbanda, ambas nascidas na África muito tempo atrás. Você talvez já tenha ouvido falar nelas —e, se já ouviu, sugiro que tente se lembrar de como elas foram descritas para você.
Isso porque pode ser que, ao explicar estas religiões, há quem compartilhe uma visão errada delas. "Esse preconceito vem do racismo, já que são religiões trazidas pelo povo negro. Outro motivo é a falta de conhecimento, muitas pessoas propagam inverdades sobre o candomblé e a umbanda, associando essas religiões a coisas ruins", explica a escritora Liu Olivina.
"Mas, quando têm a oportunidade de conhecer, podem constatar que se trata de religiões que, como as outras, buscam o desenvolvimento espiritual e o bem das pessoas."
Ela é autora e ilustradora do livro "Ciranda em Aruanda" (editora Quatro Cantos, R$ 52, 32 páginas), que explica às crianças, com textos curtos e imagens lindas, quem são os orixás. "Eles são divindades cultuadas nas religiões de matriz africana, seres divinos que se manifestam através da natureza", conta.
Liu diz que, para quem crê, os orixás atuam como guias e protetores. "Do mesmo jeito que fazem nossos pais, mães ou quem cuida da gente. "Há quem diga que eles já estiveram em corpo físico, lá no começo do mundo. Outros garantem que eles nunca estiveram encarnados. Não se sabe se já estiveram por aqui ou não, mas uma coisa é certa: eles não eram como a gente, justamente por serem deuses."
No livro de Liu, ela conta, por exemplo, que a orixá Iansã é a rainha dos raios, guerreira das tempestades, e mora nos ventos. Obaluaê mora na terra, anda coberto por palhas e cura todas as doenças. Oxum é a rainha de toda beleza e mora na cachoeira, e Iemanjá mora no mar porque é a deusa dos oceanos.
"O culto aos orixás é a forma como prestamos reverência aos nossos ancestrais", resume Jamile Coelho, autora do livro "Orun Aiyé – A Criação do Mundo" (editora Emôrio, R$ 49, 40 páginas), que também trata do mesmo tema.
Os lugares de encontro para os seguidores do candomblé e da umbanda se chamam terreiros. Liu conta que lá eles acendem velas, rezam e também tocam atabaques, um instrumento de percussão com o qual se acredita que os seres divinos são convocados a ajudar.
"Os terreiros são verdadeiros baús do tesouro, onde os mais velhos dividem todo esse conhecimento com os mais novos", completa Jamile. "Os cultos de matrizes africanas têm seus cânticos, suas comidas, suas formas de vestir, de dançar, suas línguas, os seus fundamentos e tem também as suas festas."
A figura que comanda esses cultos é chamada de mãe ou pai de santo, a depender se é uma mulher ou um homem. "Muitos dos ensinamentos que são passados por eles são ensinamentos que preservam o legado de vários povos do continente africano", diz Jamile.
"Pessoas de todas as cores e origens podem ser adeptas do candomblé e da umbanda", fala Liu. "Basta se identificar com a religião e respeitar seus princípios."
TODO MUNDO LÊ JUNTO
Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança
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