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'Todos os políticos que estão aí foram eleitos pela urna', diz secretária do TRE-SP

Saiba como e por que foram criadas as urnas eletrônicas brasileiras

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São Paulo

Se você já acompanhou um adulto que foi votar, sabe que as eleições no Brasil têm um barulhinho típico: "trililili". É esse o som que a urna eletrônica faz quando alguém aperta o botão para confirmar os candidatos que escolheu.

Acontece que não foi sempre assim —a urna eletrônica é algo relativamente recente na história do nosso país. Ela foi desenvolvida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), colocada em testes, e só então definida como o sistema padrão para todo mundo votar no ano de 2000.

Dois modelos de urnas eletrônicas que serão usados nas eleições de 2022; a urna mais nova será utilizada pela primeira vez nesta eleição - Rubens Cavallari/Folhapress

Antes disso, as pessoas votavam em papéis chamados "cédulas", onde constavam os nomes dos candidatos e era preciso marcar com caneta um "X" no quadradinho correspondente àquele que se queria ver eleito.

A Eliana Passarelli trabalha como secretária de comunicação social do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) e ajuda a Folhinha a contar como as urnas eletrônicas chegaram até o que são hoje.

"Muitas pessoas tinham dificuldade para votar nas cédulas. Principalmente no Brasil, onde temos muitos analfabetos e pessoas com dificuldade para ler. O voto em papel também era um problema na hora de contar as cédulas, o que podia levar muitos dias, e o preenchimento às vezes causava confusão para quem estava conferindo", lembra Eliana.

Fazia muitos anos que havia a ideia de o Brasil ter uma eleição informatizada —ou seja, que usa a informática—, até porque era algo previsto nas leis, mas, antes de isso acontecer, era preciso tomar algumas providências.

"Chamamos todo mundo para um recadastramento em 1986", conta Eliana. Dez anos depois, era a hora de colocar as urnas à prova pela primeira vez. "Começamos pelas cidades com escolas que tinham mais tomadas, com melhor fornecimento de eletricidade."

Aliás, você sabia que a urna não fica ligada à internet, só mesmo a um ponto de luz na parede? É um aparelho eletrônico com teclado igualzinho ao de um telefone, e mais três teclas coloridas para quem quer votar em branco, corrigir um número digitado errado, e confirmar no verde (trililili!).

"Quando a urna foi pensada, ela tinha que ser leve, para poder ser transportada por todo o lugar, até em regiões aonde só se chega de barco ou no lombo de um burro. Ela tem recursos para o deficiente visual, com braile nas teclas, e para o deficiente auditivo, que agora conta com um intérprete de libras", explica.

"Uma curiosidade é que a primeira urna, em 1996, tinha o teclado de membrana, igual ao de um micro-ondas, porque se achava que era um teclado mais duradouro. Só que alguns eleitores mais brutos queriam sentir que estavam votando mesmo, e apertavam com muita força, chegando até a derrubar a urna."

Em 1998, foi ampliado o número de cidades com urna eletrônica e, finalmente, no ano 2000, o sistema foi estendido para todo o Brasil. "A Justiça acha que o voto eletrônico é muito bom porque tem vários momentos em que que os partidos podem conferir as eleições, e o resultado ainda é imediato, saindo no mesmo dia", ensina Eliana.

Nos últimos 20 anos, muitas coisas no nosso dia a dia foram sendo informatizadas. Antigamente, para comprar alguma coisa, por exemplo, só dava para usar dinheiro e cheque —hoje, quase todo mundo tem cartões e usa até mesmo o celular para pagar.

O próprio celular é um aparelho que até pouco tempo atrás não existia e, quando surgiu, não tirava fotos, não acessava a internet (até porque ela nem tinha sido inventada ainda), nem tinha aplicativos para nos ensinar a chegar aos lugares.

Estes são sistemas relativamente novos e nos quais todo mundo confia. Por que será, então, que ainda tem gente que não confia nas urnas eletrônicas?

"Eu acho que é porque a eleição causa muitas paixões, e isso acaba contaminando as opiniões", fala Eliana. "Nós tínhamos 90% de aprovação das urnas até essa campanha difamatória começar."

Ela ensina que é preciso que todos procurem informações sobre as urnas não nas redes sociais, mas, sim, nos canais oficiais. "Lá, nós explicamos como o processo é transparente."

"O que prova a confiabilidade da urna é que todos os políticos que estão aí foram eleitos pela urna, mesmo sendo de partidos variados. Existe a alternância de poder, e isso mostra que é realmente a vontade da população que está prevalecendo."

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