Alguns programas ficam por anos passando na televisão. Quem assiste vai crescendo, envelhecendo, e eles continuam lá na tela, firmes e fortes. Isso acontece porque são atrações que agradam ao público, por exemplo, ou porque podem ser importantes para os donos das TVs.
O programa chamado "Roda Viva" passa na TV Cultura há 35 anos —essa talvez seja a idade dos seus pais, ou até mais que isso. Nele, são entrevistadas pessoas importantes, de diferentes lugares da sociedade: cultura, política, ciências etc.
E ele tem esse nome por causa do formato do seu cenário circular e do jeito que essa entrevista acontece. O convidado ou convidada fica sentado lá no meio, enquanto vários profissionais fazem suas perguntas.
E não é que o Júlio, do "Cocoricó", acabou indo parar lá no centro do "Roda Viva" para ser entrevistado? E, por ser uma ocasião assim tão especial, o programa, um dos mais antigos da TV Cultura, mudou seu nome para "Rodinha Viva", excepcionalmente.
A ideia era fazer algo diferente e legal para passar na TV no Dia das Crianças, no próximo 12 de outubro. Por isso, o diretor do programa, Fernando Gomes, convidou o Júlio para responder às perguntas de vários personagens tanto do "Cocoricó" quanto do "Quintal da Cultura".
As gravações aconteceram no final de setembro e a Folhinha foi convidada para assisti-las. Tudo estava igualzinho ao que é feito no "Roda Viva" original, dos adultos. A única diferença era o nome do programa em um banner atrás da bancada e a famosa cadeira do centro do cenário.
"A cadeira é muito confortável, e eles tiveram um carinho especial de forrar especialmente para o programa. Colorida e divertida!", conta, rindo, o Júlio, em entrevista depois da gravação.
"A gente fica nervoso de estar sentado ali no meio, né? Sem saber o que vão te perguntar. O que me deixou mais calmo foi o fato de que eu conhecia muito bem todo mundo que tava ali", disse.
Para ele, a parte mais legal de participar do "Rodinha Viva" foi reencontrar vários amigos depois do período mais tenso da pandemia. "Eu tava com muita saudade. Com exceção do pessoal que mora na fazenda, tinha um monte de gente que eu não revia há muuuito tempo. Até chorei."
Estavam lá para fazer perguntas ao Júlio as galinhas Lilica, Lola e Zazá, o cavalo Alípio, o Dito e o Feito, a minhoca Minhoquias, a Doroteia, o Ludovido e o Quelônio, entre outros. A apresentadora era a Ofélia, do Quintal (no programa dos adultos, quem apresenta é a jornalista Vera Magalhães).
"Caramba!!! O ‘Roda Viva’ é muuuito importante! Olha só os nomes que já passaram por lá. Tanta, mas tanta gente importante, com histórias e coisas pra contar pra gente", fala Júlio, que também já tinha feito parte do programa em outra ocasião.
"Puxa, puxa, que puxa… foi inesquecível pra mim a primeira vez que eu fui lá. Foi num programa especial onde o ministro da Educação, naquela época, era o seu Paulo Renato de Souza. Todos entrevistadores eram crianças e eu tive a sorte de ser convidado e fazer parte."
No "Rodinha Viva", as perguntas feitas ao Júlio eram para saber mais sobre ele, sobre seu dia a dia na fazenda, suas amizades e sentimentos. Foi tudo tão intenso que teve até "climão" —e mais de uma vez!
Quando, por exemplo, a galinha Zazá tentou comer a minhoca Minhoquias enquanto ela saía da terra para fazer uma pergunta, ou quando uma pergunta vinda da internet questionava como era possível que Júlio ainda tivesse só 8 anos —a mesma idade que ele tinha quando o "Cocoricó" estreou.
"Acho que a parte mais difícil foi no finalzinho, quando apareceu uma visita inesperada e virou uma grande confusão. Eu tive até de sair correndo pra ajudar a Minhoquias, mas, quando o programa acabou, deu tudo certo", lembra a apresentadora Ofélia.
Ela, aliás, se sentiu muito honrada pela oportunidade de comandar um programa tão importante. "Meu coração era puro ziriguidum! Fiquei muito feliz pelo convite e nervosa também, porque sabia da responsabilidade. Deu tudo certo, a turma do ‘Cocoricó’ é muito legal e o Júlio respondeu todas as perguntas. Foi Odara!", diz ela.
Outra coisa legal do "Rodinha Viva" foi adaptar para a versão das crianças uma parte bem famosa do programa dos adultos: os desenhos. O cartunista Paulo Caruso acompanha toda semana o "Roda Viva", ali ao vivo, e vai desenhando os convidados conforme a entrevista acontece.
No "Rodinha", essa função ficou com Osório. "Eu acho que fui convidado porque tenho habilidades manuais, adoro desenhar e pintar", diz. "Levei lápis, folha sulfite, canetinhas, lápis de cor e giz de cera."
Ele aproveita para dar algumas dicas para quem quer tentar fazer o que ele fez por lá, de desenhar pessoas assim em ação, se mexendo. "Não é algo fácil não. Então, eu fiz o seguinte: observei momentos interessantes, e fotografei mentalmente o que eu queria desenhar, daí eu rabisquei no papel um esboço daquilo que registrei na memória."
"Depois colori e coloquei legenda e, por fim, assinei. A dica é: se você tem que desenhar alguém em movimento, foca seu olhar no que for mais marcante e depois coloque no papel um esboço sem muitos detalhes. Em seguida, coloque alguns detalhes no desenho e pronto: está feita sua ilustração."
O programa "Rodinha Viva" vai ao ar no Dia das Crianças, na TV Cultura.
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