Existe uma premiação no Brasil que tem nome de bicho e que escolhe, todos os anos, livros que de alguma maneira foram importantes: é o Prêmio Jabuti. Ele existe desde 1959 e foi criado por um escritor chamado Edgard Cavalheiro, que, entre outras coisas, escreveu uma biografia do também escritor Monteiro Lobato.
O Prêmio Jabuti escolhe autores, editores, ilustradores, gráficos e livreiros para ganhar troféus. Na edição de 2022, foi anunciado que, entre os concorrentes finalistas na categoria infantil está o livro "Formigável", da autora Janaína de Figueiredo e do ilustrador Rafa Antón.
A história fala da amizade entre uma galinha e uma formiga. A Folhinha conversou com a Janaína sobre a possibilidade de vencer esse prêmio com sua obra.
Seu livro apareceu na lista do Prêmio Jabuti. Como você se sentiu vendo-o ali?
Fiquei muito feliz e animada! Estar entre os dez finalistas mostra que a história da galinha caipira e da formiga conquistou muitos corações.
O que acontece se você vencer esse prêmio?
Ganharei um troféu e um prêmio no valor de R$ 5.000. Mas, meu maior prêmio é saber que "Formigável" foi reconhecido e está ganhando o mundo
Quando você escreveu o "Formigável", você imaginava que as pessoas gostariam tanto dele?
Na verdade, sempre tive uma sensação de que o livro encantaria as pessoas. É uma história delicada, cheia de camadas poéticas e inesperadas. As imagens feitas pelo Rafa Antón também deram um tom especial ao livro.
Ele mergulhou na vida das formigas e das galinhas caipiras, observou-as por um certo tempo. Queríamos que o livro mostrasse certa rusticidade. Essa característica foi pensada para destacar quão essencial e simples é o ato de escutar e enxergar o outro.
Como você fez para escolher os personagens dessa história, uma formiga e uma galinha?
Busquei dois personagens muito diferentes, tanto no estilo de vida, como em tamanho. A pergunta que está escondida na narrativa é: "Pode uma galinha ser amiga de uma formiga?".
Em princípio, nos parece uma amizade pouco provável. Mas a história nos mostra que as diferenças existem, e que são mediadas por algo muito importante nas nossas vidas, a empatia.
No livro, os personagens meio que começam uma nova vida depois de se conhecer. Tem alguém na sua história pessoal com quem você sente algo parecido?
Interessante essa pergunta! Penso que, quando nos colocamos no lugar do outro, algo dentro de nós sempre se transforma. Isso é a magia do mundo! Busco enxergar o outro "com olhos que enxergam de verdade". Isso me parece essencial no mundo de hoje.
Vocês têm notado que estamos perdendo essa capacidade de perceber o outro? A escuta é o princípio do diálogo, e ele se caracteriza como o fundamento da democracia. Na escola, quando jovem, percebia que muitos conflitos surgiam pela falta de empatia e diálogo.
Então, precisamos pensar sobre isso.
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