Sabe o Mauricio de Sousa, 85, o pai da Turma da Mônica? A Folhinha conversou com ele para saber mais sobre o Horácio, aquele jurássico dinossaurinho verde, filhote de tiranossauro rex.

Além de não ser carnívoro, Horácio é louco por alface, ama ajudar os outros, vive à procura de sua mãe e foge da Lucinda, aquela dinossaurinha que não cansa de jogar charme pra cima dele.

Mas, você pode se perguntar: por que falar do Horácio, se o Mauricio tem um montão de outros personagens? É que o Mauricio, que começou a trabalhar aqui na Folha como repórter policial muitos anos atrás —antes de publicar seus quadrinhos na Folhinha—, está agora lançando a coleção “Horácio Completo”.

Nos livros, Mauricio reúne pela primeira vez todas as histórias escritas e desenhadas por ele e publicadas em jornais ao longo de mais de três décadas, desde 1963.

O primeiro volume da coleção que traz mais de mil histórias será lançado no dia 31 de agosto; o segundo, dia 5 de novembro; e os volumes 3 e 4 chegam às lojas em março e junho de 2022.



Como o senhor mantém vivo um filhote de tiranossauro rex, vegetariano e comedor de alface?

Magias que os quadrinhos nos proporcionam.

O Horácio já mordeu o próprio dedo, já que eles são verdes como a alface?

(Risos) Não, ele ainda não precisa usar óculos. Dinossauros têm bons olhos.

Por que o Horácio não vai para a escola?

Naquela época a escola era a vida. Andar pelo mundo conhecendo novos amigos e até inimigos era a escola natural de todos.

Por que o senhor escolheu um dinossauro que não voa para ser o Horácio?

A ideia de um tiranossauro, sempre mostrado como voraz e carniceiro, em contraste com um que só come vegetais e é bonzinho, foi uma forma de descaracterizar o medo. Ao redor dele criei outros dinossauros, inclusive que voam, para mostrar a diversidade que representavam.

Por que o Horácio não conhece a mãe dele?

Toda história tem uma ideia de missão. A do Horácio é procurar sua mamãe, porque o ovo onde nasceu desgarrou dos outros. É uma pitada de mistério, aventura e emoção que todos vivemos em nosso dia a dia.

Quantos anos o Horácio tem?

Ele é uma criança. Se fosse humano teria uns nove aninhos.

O Horácio vai crescer como o pessoal da Turma da Mônica?

Por enquanto não vejo assim. Mas, como criamos a Turma da Mônica Jovem, com média de 15 anos, e um dia pretendo criar a Turma da Mônica Adulta, em seus 25 anos, tudo é possível!

Quem é o pai do Horácio?

Essa questão nunca apareceu nas historinhas.

O Horácio tem irmão ou irmã?

Como ele não encontrou a mãe até agora, ele não sabe se tem irmão ou irmã.

Qual o seu dinossauro favorito?

Gosto de todos. Mas claro que o tiranossauro é o de personalidade mais forte entre eles.

Por que o Horácio gosta de ajudar todo mundo?

É da natureza dele. Algo que tem muito nas historinhas dele é a empatia. Acho lindo quando alguém se preocupa e se coloca no lugar do outro.

Por que as dinossaurinhas Simone e Lucinda querem namorar o Horácio?

Um romance sempre dá boas historinhas. Embora crianças, os personagens têm alguém para poder conversar. É mais uma amizade com alguém especial. E elas sabem que o Horácio é um bom partido! (risos)

Que música o Horácio mais gosta?

Não sei. Nunca pensei nisso, mas poderia ser algo como o “Bolero” de Ravel.

Para qual time de futebol o Horácio torce?

Bem, ele é verde. Mas eu diria que torce para o Coração Futebol Clube.

Além de passar o tempo procurando sua mãe, comendo alfacinhas e fugindo da Lucinda, o Horácio tem algum hobby?

Ele adora conversar com todos com quem se encontra. Uma atitude de um bom escritor. Mas, em seu tempo livre, adora subir em uma pequena montanha e ver o pôr do sol.

O Horácio tem medo de meteoro?

Boa pergunta! Em alguma historinha até usei isso, mas ele é muito corajoso e não se entrega ao medo. Enfrentaria qualquer meteoro com certeza. Até o que dizem que causou o desaparecimento dos dinossauros.

Como o senhor tem enfrentado o período da pandemia?

Trabalhando mais ainda! Isso porque agora as reuniões são mais fáceis de se realizarem. Nosso estúdio se adaptou bem a esse momento. Eu fiquei isolado com minha esposa e isso foi bom para nossa vida conjugal.

Como o senhor se sente anunciando o lançamento desta coleção que começou aqui na Folhinha?

Sinto como se fosse um recomeço. Afinal, muitos dos nossos leitores não leram ou não se lembram de muitas das histórias do Horácio.

Entre as mais de mil histórias do Horácio da coleção “Horácio Completo”, algumas são inéditas. Por qual razão nunca foram publicadas?

Às vezes, no fechamento do jornal, subia (entrava) um anúncio de última hora e algumas páginas eram descartadas. Guardei essas páginas e agora eu as acrescento a esta coleção. Também acabei perdendo alguns originais na manipulação de gráfica, eles foram redesenhados, então é uma coleção completa mesmo.

O que o leva a ser fã incondicional do Horácio?

O Horácio é meio que meu alter ego e tem uma filosofia de vida muito próxima à minha. Falar através de um animal nos dá mais liberdade. Pode sugerir melhores comportamentos, por incrível que pareça.

É verdade que durante muitos anos só o senhor criava as histórias do Horácio? Atualmente quem as cria?

Sempre criei e desenhei as histórias do Horácio. É o único personagem que não consegui repassar para a minha equipe. Talvez porque eu tenha nele a minha voz interior.

Qual publicação do Horácio mais lhe marcou e por quê?

Tem várias, mas as historinhas em que ele procura sua mãe são mais tocantes.

O que o Horácio tem que nenhum outro de seus personagens tem?

Ele tem um jeitinho de guru, sempre com algo a ensinar sobre a preservação de nosso planeta. É um dinossauro mostrando que às vezes há involução no modo como tratamos nossa casa, a Terra.

Qual a dica para criar um personagem com uma vida tão longa como a do Horácio?

Não há uma receita. Só posso dizer que ele nasceu bem de dentro de mim como escritor, querendo passar mensagens de paz e amor que aprendi com meus pais. De algum modo esse comportamento encanta os leitores.

Filhos aprendem com os pais e pais, com os filhos. Qual a maior lição que o senhor aprendeu com o Horácio?

Que eu conseguia criar historinhas por instinto. O fechamento da Folhinha era no meio da semana e eu sempre deixava para desenhar a historinha com o Horácio no último momento. Começava a desenhar e não sabia como terminaria. Eu sempre entregava no último horário. Então, aprendi com ele que eu tinha historinhas dentro de mim que brotavam quando eu sentava e tinha caneta e papel à minha frente. Era mágico e isso me deixava feliz.

Horácio Completo - Volume 1

Lançamento 31/8. Mauricio de Sousa, editora Pipoca & Nanquim, R$ 129,90 (308 páginas). Na pré-venda R$ 90,90. Exclusivo na Amazon.

DEIXA QUE EU LEIO SOZINHO

Ofereça este texto para uma criança praticar a leitura autônoma