Descrição de chapéu guerra israel-hamas

'Por que adultos fazem guerras?', pergunta criança sobre conflito Israel-Hamas

Repórter especialista em confrontos responde sobre chances de contra-ataque, armamentos, e sobre segurança de jornalistas

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São Paulo

Desde o dia 7 de outubro, há quase duas semanas, o mundo assiste preocupado a mais uma guerra. Desta vez, o conflito acontece no Oriente Médio, desde que uma organização terrorista chamada Hamas lançou uma ofensiva sobre Israel.

Como resposta, o premiê israelense Binyamin Netanyahu declarou a guerra e, logo depois, foram feitos bombardeios aéreos contra o território palestino, onde o Hamas concentra sua autoridade. Milhares de pessoas já perderam suas coisas, casas e até suas vidas dos dois lados do confronto.

Criança se balança em lugar que sofreu ataque, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, em meio ao conflito entre Israel e Hamas - REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa

Os irmãos Caetano T., 9 anos, e Jorge T., 11 anos, andam pensando bastante sobre as consequências da guerra, assim como o menino Vicente M. A., 7 anos. Eles fizeram perguntas ao repórter Igor Gielow, que já trabalhou escrevendo e vendo de perto conflitos e eventos em mais de 25 países como Afeganistão, Iraque, Paquistão, Líbano, Peru e Rússia. Veja abaixo as perguntas das crianças.

Por que os adultos fazem guerras?

Muitos cientistas dizem que isto está no DNA da raça humana, que vem do tempo em que não éramos seres humanos ainda, disputando espaço e comida, e morávamos nas cavernas. Aí você evolui e a disputa passa a ser não só de indivíduos, mas de grupos maiores, reinos, países.

É por isso que quase todo país tenta ter um Exército bom. Seja para atacar, seja para se defender. Os adultos muitas vezes têm medo de perder o que têm, ou então querem mais do que precisam.

Há chance de algum outro país entrar nessa guerra?

Olha, esse é um dos maiores medos de quem acompanha o assunto, porque o grupo terrorista que atacou Israel, o Hamas, é amigo de um outro grupo ainda mais poderoso, o Hizbullah, que fica no Líbano. E os dois são bancados pelo Irã, que é inimigo dos Estados Unidos. E os americanos apoiam Israel, até mandaram o maior navio de guerra do mundo lá pra perto, assim como que dizendo: "Não mexe com meu amigo".

Mas muita gente não quer isso, porque seria um grande problema para o mundo, ainda mais com uma outra guerra acontecendo na Ucrânia.

Qualquer um que quiser pode entrar?

Sim, mas é preciso ver quem consegue participar sem arriscar ser destruído. Isso é importante na hora de tomar uma decisão dessas.

Israel pode ter intenção de acabar com o povo palestino e destruir toda Faixa de Gaza? Eles têm força para isso?

Não funciona assim. Israel lutou várias guerras com árabes na sua história, e no processo tomou muita terra dos palestinos, que eram os árabes da região em que o país foi criado. Assim, os palestinos dizem que eles querem acabar com os judeus, que são a maioria dos moradores de Israel.

Mas os judeus, que sofreram uma campanha de extermínio na Europa pelos nazistas, ouvem países como o Irã dizer que eles não têm direito a ter um país. É uma briga que os diplomatas tentaram resolver dando um país para cada povo, mas isso nunca funcionou direito.

Quais os principais aliados de Israel?

O principal, de longe, é os Estados Unidos. Nesse ataque agora, muitos países europeus que eram mais a favor dos palestinos declararam apoio a Israel, mas só o Reino Unido acompanhou os americanos e vai mandar navios de guerra para apoiar.

A França está sofrendo ataques e ameaças por ser pró Israel?

A França não é exatamente pró-Israel, ela foi solidária no caso do ataque. Mas existem muitos árabes na França, e eles vivem em constante tensão com o governo e com o que consideram preconceito da sociedade.

Então as coisas se misturam e ocorrem ameaças, como aquela contra aeroportos na quarta passada (18). Mas muitos franceses são bastante pró-Palestina, então há muitos protestos.

O Hamas tem força para contra-atacar no mesmo nível? Ou é uma guerra totalmente desigual?

Não, o Hamas faz uma coisa chamada "guerra assimétrica", ou seja, sem simetria, com forças desiguais. O Hamas tem armas e foguetes, mas uma boa parte do arsenal foi feita de forma artesanal. Isso não quer dizer que não possa fazer um grande estrago, como fizeram no ataque terrorista agora.

Os jornalistas são protegidos na guerra ou podem ser atacados?

Cobrir guerra é arriscado ["cobrir" é a expressão que se usa quando um jornalista está escrevendo sobre um assunto específico]. Você usa um colete à prova de balas e um capacete com a palavra IMPRENSA escrita em inglês e torce para não levar um tiro, mas não existe assim uma garantia.

Os jornais e TVs no Brasil escolhem um lado para defender?

Não, quem é profissional não escolhe lado nas suas reportagens.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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