São Paulo, domingo, 26 de dezembro de 1999




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MARIA
Uma espírita na Universal

Maria, negra de mais de 70 anos, mora num barraco na favela da USP, em São Paulo. Sua casa está sempre cheia de pessoas que a procuram para rezas e benzimentos. Vive da pensão deixada por seu irmão, que morreu faz uns dez anos, e cria um menino cujo pai, traficante, morreu baleado na porta de seu barraco.
Ela nasceu no interior. Aos 12 anos recebeu, no centro kardecista frequentado por sua família católica, o espírito de Francisco Xavier, que anunciou sua missão: praticar a caridade, no que foi ajudada pelas entidades que recebia num centro de umbanda.
Aos 17 anos veio para São Paulo trabalhar numa casa de família, que deixou para viver com um rapaz. Abandonada pelo companheiro, foi morar com o irmão. Dos quatro filhos que teve, nenhum sobreviveu, e Maria se concentrou em sua missão. Recebendo em transe muitas entidades, dedicou-se a curar e confortar quem batesse à sua porta.
Só costuma sair às segundas-feiras, quando, junto com uma amiga, vai de ônibus à Igreja da Santa Cruz dos Enforcados, na Liberdade. Lá assiste à missa católica, reza e acende velas pelas almas dos mortos. Gosta de assistir aos pastores evangélicos na TV que ganhou recentemente em gratidão a uma cura que realizou. Foi pela TV que se encantou com os milagres da Igreja Universal. Passou a frequentá-la e se diz curada das dores nas pernas. Perguntei-lhe se abandonou as entidades. Diz que Deus está em todo lugar e que muita gente precisa das entidades dela, assim como ela precisa da força do pastor. Aí chega uma vizinha dizendo que alguém no telefone comunitário pergunta se pode visitá-la ama-nhã para uma consulta espiritual. Diz que segunda é dia de ir à Igreja dos Enforcados rezar para as almas, mas que na terça pode vir. Mas que venha cedo, pois à tarde ela tem de ir à Igreja Universal.


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