São Paulo, domingo, 26 de dezembro de 1999




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AUGUSTA
Da umbanda às CEBs, do
catolicismo ao candomblé


Augusta foi criada católica. Às vezes ia com a mãe num terreiro de umbanda. Passou mal numa visita, e a mãe-de-santo sugeriu iniciá-la na umbanda como médium. A família não se opôs, e ela passou a frequentar o terreiro.
Depois começou a trabalhar com quimbanda, recebendo um exu que ficou muito popular no bairro. Mas o namoro com Paulo tornou menos frequente sua participação nas giras. Com o casamento, interrompeu a atividade umbandista e voltou às missas dominicais, que nunca deixara completamente. Passou a fazer parte de um grupo pastoral da paróquia, que cuidava de meninos de rua, e foi criando os três fi-lhos. Com o marido, passou a frequentar a comunidade eclesial de base e logo estava bastante envolvida no movimento. Seu esforço rendeu ao bairro a cons-trução de uma creche, mas ela nunca se sentiu parte da lide-rança, preferindo fazer a tarefa miúda de ir atrás das pessoas.
Os filhos de Augusta cresceram e se engajaram no catolicismo da mãe, participando de congressos da Teologia da Libertação. Então o filho mais velho se casou e mudou para o interior de São Paulo. O ou-tro filho, engenheiro, desinte-ressou-se da religião. A filha ingressou na pós-graduação e passou a frequentar um terreiro de candomblé para fazer seu mes-trado. Augusta vivia uma fase difícil, sentia-se só. Falava pouco com o marido. A comunidade eclesial se esvaziara: alguns participantes tinham virado carismáticos, ou-tros só iam à igreja para orar. Voltou a ser atormentada por desmaios e perdas da consciência.
Queixava-se com o padre, que dizia que seu caso era de terapia. Num dia de festa para o orixá Omulu, Augusta foi levada ao candomblé pela filha, para se distrair. Augusta entrou timidamente na roda-de-santo, deu alguns passos e caiu no chão num transe catatônico. Socorrida pelo pessoal do terreiro, contou que Omulu era seu orixá desde os tempos da umbanda. Passou a frequentar o terreiro e logo se sentiu bem melhor. Foi iniciada no candomblé e escolhida para ser a iabassê, a cozi-nheira dos deuses. Seu marido a acompanha e vai acabar sendo escolhido para ser ogã do terreiro.

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