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MODO DE VIDA
Não temos de ser iguais ao Ocidente
da Redação
Inovações
tecnológicas estrangeiras, como a Internet, são bem-vindas
em países islâmicos, mas isso não implica a adoção
de um modo de vida ocidental ou mudanças no núcleo familiar.
A afirmação é do xeque Abdo Nasser el Khatib, 44,
formado na faculdade de sharia (lei baseada essencialmente no Alcorão
e no registro das ações e dos dizeres do profeta Muhammad),
na Arábia Saudita.
Atualmente, El Khatib preside o Departamento de Imigrantes no Dar al Fatwa,
espécie de ministério religioso, no Líbano. (PDF)
*
Folha - Há parâmetros para saber que inovações
tecnológicas são bem-vindas no islamismo?
Abdo Nasser el Khatib - A tecnologia em geral é bem-vinda,
deve melhorar a situação do ser humano. O Islã só
é contra o que prejudica o homem. A Internet é uma faca
de dois gumes. A parte positiva é entrar em contato com as pessoas,
mas utilizá-la para promover sexo é reprovável. No
Líbano, a Internet é utilizada em quase todos os órgãos
públicos, empresas e agências. Na faculdade de sharia, é
comum seu uso. Podemos abrir páginas sobre o Islã. Há
formas diferentes de lidar com a globalização. Cada país
tem uma abertura maior ou menor.
Folha - Qual a contribuição do Ocidente?
El Khatib - Os avanços tecnológicos, por exemplo.
O Islã ensina que cada ser humano deve procurar o conhecimento
e a ciência. Mas isso não significa que tenhamos de imitar
o modo de vida ocidental. O modelo familiar islâmico é muito
mais avançado que o ocidental. Respeita a mulher e lhe dá
um papel especial na educação dos filhos. A mensagem do
profeta Muhammad, que a paz esteja com ele (entre os religiosos, é
comum essa reverência quando o nome do fundador do islamismo é
citado), é universal.
Folha - Qual o papel da religião no resgate de identidade?
Ela combate a impessoalidade?
El Khatib - A sociedade deve ter vínculos fortes. Quando
alguém reza de forma coletiva, essa oração é
válida 27 vezes mais que a oração praticada individualmente.
Há muitas recomendações do profeta Muhammad, que
a paz esteja com ele, para que as pessoas sempre trabalhem unidas. Isso
impede que as pessoas se afastem.
Folha - Por que a relação entre Estado e religião
é forte em alguns países islâmicos?
El Khatib - Não há separação entre
política e religião no Islã. Não existe secularidade.
Ser honesto, dirigir a nação para o caminho certo, seguir
uma política pura, isso é religião, é um tipo
de adoração. Se você sai de casa para se sacrificar
e sustentar a família, está adorando Deus. Tudo está
relacionado. Não há separação nem desencontro.
O Alcorão é considerado um código de vida completo
para o ser humano, que organiza sua vida material, espiritual, física,
econômica e militar.
Folha - Que mudanças o islamismo pode trazer?
El Khatib - O islamismo é uma religião justa. Atualmente,
a economia mundial é capitalista. O dono do capital faz dos necessitados
escravos. E o capital cresce numa parte pequena da sociedade. O sistema
de juros é proibido no islamismo. O dinheiro não deve criar
dinheiro, deve vir por meio do trabalho. No Brasil, antes havia a classe
média. Hoje, ela praticamente não existe mais. Há
pobres e ricos. O petróleo dos árabes está dominado
pelos americanos. Se o Islã governar, tudo ficará no lugar
certo. Não haverá mais desigualdade. O Islã, se governar,
vai acabar com muitas potências que foram criadas a partir do sofrimento
alheio. Isso é inaceitável.
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