Publicidade
Publicidade
Crítica: Maior mérito de Fábio Assunção foi montar texto importante
Publicidade
LUIZ FERNANDO RAMOS
CRÍTICO DA FOLHA
Um embate de ideias. "Expresso do Pôr do Sol", montagem brasileira de peça de Cormac McCarthy, discute o suicídio, este desencanto radical com a experiência humana, e suas implicações morais.
Fábio Assunção faz sua estreia na direção teatral
McCarthy está entre os grandes escritores norte-americanos vivos. Tornou-se famoso ao ser adaptado para o cinema pelos irmãos Coen em "Onde os Fracos Não Têm Vez" (2007), ganhador de quatro Oscars, incluindo o de melhor filme.
A peça "Sunset Limited" foi escrita em 2006 e é a segunda das duas únicas do consagrado romancista.
Tem o sugestivo subtítulo de "Novela na Forma Dramática" e demarca incursão na convenção básica do drama: o diálogo tenso entre dois personagens num mesmo espaço.
Lenise Pinheiro/Folhapress | ||
Guilherme Sant'Anna (esq.) e Cacá Amaral em cena da peça "Expresso do Pôr do Sol" |
O encontro opõe posições extremas. De um lado, um professor branco que, perdida qualquer ilusão sobre o sentido da vida e desacreditado da possibilidade da arte e da cultura preencherem este vazio, vê a morte como melhor saída. De outro, um ex-presidiário negro que tornou-se pastor e argumenta com o suicida com base em sua fé.
O diretor estreante, Fábio Assunção, oferece no programa explicações sobre a escolha do texto e as opções da encenação, que assume como subjetivas. Porém, seu maior mérito foi mesmo ter realizado o espetáculo.
Assunção cercou-se de ótimos profissionais e conseguiu construir uma cena consistente, à altura da relevância do dramaturgo.
A começar de Maria Adelaide Amaral, que colabora na adaptação dramatúrgica da situação realista do original para uma mais convencionada e metafórica.
Esta se apresenta, principalmente, pelo cenário de Fábio Namatame, uma arena aberta sobre dormentes de trem, e pela luz de Caetano Vilela, que instaura ali diversas atmosferas.
É verdade que a tradução de Nelson Amorim não disfarça as características de um tratamento tipicamente norte-americano do tema. Assim, a estrutura psicológica dos personagens, suas ironias e revoltas, produzem algum estranhamento no contexto brasileiro.
A abrandar esse contraste cultural, o trabalho dos atores é bem convincente.
Cacá Amaral, como o professor desesperançado, e Guilherme Sant'Anna, como o pastor que tenta salvá-lo do ceticismo, são suportes seguros para a prosa de McCarthy fluir a contento.
Claro que todos os anteparos cênicos, carregados de significações alternativas às próprias formulações do autor, não as superam, e a encenação confirma-se como um jogo de pontos de vista contrários, ou melhor, mais como discussão do que como poética.
EXPRESSO DO PÔR DO SOL
QUANDO sex. e sáb., às 21h30; dom., às 19h30; até 30/11
ONDE Tucarena (r. Monte Alegre, 1.024; tel. 0/xx/11/3670-8455)
QUANTO de R$ 40 a R$ 50
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom
+ CANAIS
+NOTÍCIAS EM ILUSTRADA
+ Livraria
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice