Acionistas aprovam compra da Fox pela Disney por US$ 71 bilhões

Disney foi forçada a melhorar sua oferta, após proposta da Comcast

Mascote da Disney, Mickey Mouse acena na Bolsa de Nova York (Nyse)
Mascote da Disney, Mickey Mouse acena na Bolsa de Nova York (Nyse) - AFP
New York | Reuters

A Twenty-First Century Fox informou nesta sexta-feira (27) que seus acionistas votaram pela aprovação da compra de seus ativos de cinema e televisão pelos US$ 71 bilhões (R$ 263 bilhões) ofertados pela Walt Disney.

Antes da aquisição se efetivar, a Fox vai separar sua rede de canais televisivos e estações da Fox Broadcasting, Fox News Channel, Fox Business Network, FS1, FS2 e Big Ten Network em uma nova empresa de capital aberto.

A Disney foi forçada a melhorar sua oferta no mês passado depois que a Comcast, a maior empresa de TV a cabo dos Estados Unidos, fez uma oferta de US $ 66 bilhões pelos conhecidos programas de TV e franquias da Fox, incluindo "X-Men" e "Os Simpsons".

A disputa entre a Comcast e a Disney foi parte de uma batalha maior no setor de entretenimento, já que as empresas de mídia gastam dezenas de bilhões de dólares em acordos para competir com a Netflix e a Amazon.com.

HOLLYWOOD

O negócio deve mudar a cara de Hollywood e do setor mundial de mídia, que está passando por uma rápida digitalização.

Dominante nos últimos anos com seus megablockbusters, como as ficções da franquia "Star Wars", as animações da Pixar ou, agora, as adaptações "live action" das animações, a Disney aumenta ainda mais seus tentáculos na indústria de cinema.

Ao adquirir a Fox, a Disney abocanha marcas como "Planeta dos Macacos", sucesso na virada dos anos 1960/1970, ressuscitado pelo estúdio, primeiro com um longa de Tim Burton, em 2001, depois, com três títulos nos últimos seis anos —o mais recente estreou neste ano e teve arrecadação modesta nos Estados Unidos, mas se saiu melhor no mercado internacional.

Se a fusão já valesse, os dois estúdios combinados teriam 39,2% das bilheterias. Ou seja, a cada dez bilhetes comprados nos cinemas, quatro seriam de um filme da dupla.

A Disney agora tem poderio suficiente para se tornar competidora real da Netflix, da Apple, da Amazon, do Google e do Facebook no reino do vídeo online, que vem crescendo aceleradamente.

Ao mesmo tempo, o acordo significa que um dos estúdios mais célebres, o 20th Century Fox, passará por um "downsizing", com algumas operações combinadas às dos estúdios Disney e outras redirecionadas à produção de filmes para distribuição online.

Fundado em 1935, o estúdio Fox transformou Marilyn Monroe em estrela, produziu clássicos como "A Noviça Rebelde", lançou o primeiro dos filmes da saga Star Wars e transformou "Avatar" no filme de maior sucesso de bilheteria de todos os tempos.

Mas recentemente, como a maior parte de de Hollywood, ele vinha encontrando dificuldades para acompanhar as mudanças na forma pela qual as audiências mais jovens consomem conteúdo – ou seja, por meio de dispositivos conectados à internet.

​​STREAMING

A Disney, que controla a rede de TV aberta norte-americana ABC e a rede de esportes ESPN, espera que a aquisição da 21st Century Fox acelere seus planos de introduzir dois serviços de streaming semelhantes à Netflix.

O primeiro dos grandes projetos de streaming da companhia, o ESPN Plus, entrará em operação no segundo trimestre de 2018.

Um segundo projeto, cujo nome ainda não foi decidido, chegará ao mercado no final do ano que vem.

O terceiro componente da carteira de streaming da empresa será o Hulu, um serviço já estabelecido que tem por foco telespectadores mais velhos, com uma programação que inclui séries da ABC.

A empresa está adquirindo a participação minoritária da 21st Century Fox no Hulu, o que dará controle majoritário do serviço de streaming à Disney, que antes detinha 30% de participação. Comcast e Time Warner também têm participações no Hulu.

A Disney está adquirindo o estúdio de televisão da Fox, que tem 36 séries em produção, entre elas "Os Simpson", "Homeland", "This is Us" e "Modern Family".

O ABC Studios, da Disney, é um produtor de TV muito menor e vem produzindo séries de qualidade irregular. Em agosto, a companhia perdeu a criadora de seus maiores sucessos, quando Shonda Rhimes, produtora da série "Grey's Anatomy", se transferiu para a Netflix.

Para reforçar a ESPN Plus, a Disney vai adicionar 22 redes regionais de TV a cabo dedicadas a esportes controladas pela 21st Century Fox, entre as quais a YES Network, que transmite os jogos do New York Yankees, popular time de beisebol dos EUA.

A maior parte do lucro da Disney ainda vem dos EUA, onde os canais de esporte ESPN dominam e os parques de diversões receberam 162 milhões de pessoas ao ano.

O canal de notícias Fox News, a rede Fox de TV aberta e o canal de esportes FS1 não foram incluídos na transação.

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