Paço das Artes recebe oficialmente nova sede em casarão de Higienópolis

Instituição passa a ocupar garagem do local em abril; abertura ao público será em outubro

Francesca Angiolillo
São Paulo

O Paço das Artes, enfim, ganhou a chave de casa —ou algo parecido—, após mais de dois anos instalado no Museu da Imagem e do Som.
 

Na manhã desta quinta (13), o secretário estadual de Cultura, Romildo Campello, assinou o termo de cessão do novo espaço, a garagem de um antigo casarão em Higienópolis.

um casarão branco com arvores em volta
O casarão Nhonhô Magalhães, em Higienópolis, que foi restaurado e será nova sede do Paço das Artes - Danilo Verpa/Folhapress


A área cedida corresponde a uma parte não tombada da residência construída por Carlos Leôncio Magalhães nos anos 1930.
 

O casarão, um palacete em estilo eclético, é conhecido pelo apelido desse barão do café, Nhonhô Magalhães, e foi adquirido pelo shopping Pátio Higienópolis em 2005.
 

Na ocasião, uma cláusula contratual estabelecia que parte do imóvel, que tem cinco pavimentos e cerca de 2.500 m², deveria ser cedida ao estado, para uso cultural, por 20 anos.

Foi assim que, no ano passado, se vislumbrou a saída para o impasse do Paço, que dispunha no MIS de cerca de 80 m², contra os aproximadamente 1.000 m² que tinha no prédio da Cidade Universitária.
 

O edifício na USP foi requisitado em 2016 por seu proprietário, o Instituto Butantan, para destinação ainda não esclarecida.

Priscila Arantes, diretora do Paço das Artes, diz ter aceitado de pronto a proposta oferecida por Campello e Regina Ponte, coordenadora da Unidade de Preservação de Patrimônio Museológico, vinculada à secretaria estadual da Cultura.
 

Além do espaço expositivo na garagem, o Paço das Artes compartilhará com o shopping o uso do teatro da casa, um espaço com um salão e um palco de madeira clara e adornado com decorações em formas de plantas e aves, que poderá ser usado para palestras e eventos similares.
 

Arantes comemora a possibilidade de dar pela primeira vez uma sede definitiva à instituição, fundada há 50 anos.
 

A coincidência da assinatura com o cinquentenário do AI-5 não passou em branco para Campello, que ponderou que também aconteceram coisas positivas, apesar do retrocesso daquele momento, como a própria fundação do Paço das Artes, “um centro que pensa e cria o futuro”.
 

O espaço menor da futura sede —cerca de 350 m², estima Arantes— sugeriu uma nova forma de atuação para o Paço das Artes.
 

Se antes, na USP, a grande área permitiu grandes exposições e parcerias, com a realização de eventos como a feira Parte, e a ampliação do público de 20 mil para 80 mil visitantes anuais, agora a ideia é trabalhar “de forma transversal”, com toda a programação se articulando a partir das temáticas das exposições em cartaz.
 

Devem ser duas grandes mostras ao ano, uma nacional e uma internacional, além da temporada de projetos do Paço, instituição que tradicionalmente se volta para a descoberta e impulsionamento de novos artistas e curadores.
 

A primeira, da artista Regina Silveira, que tradicionalmente trabalha vinculando suas obras ao espaço expositivo e à arquitetura, está prevista para outubro —a equipe do Paço, porém, deve se mudar ainda em abril para a nova sede.
 

A artista apresentará duas instalações “site specific”, uma criada para a área expositiva, que está sendo adaptada por Álvaro Razuk, e outra para a parte externa do casarão.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.