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Romance sobre Chanel peca pelo estilo antigo, oposto ao da estilista

Capa do livro da escritora alemã Michelle Marly exala notas do perfume mais famoso do mundo

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Mademoiselle Chanel e o Cheiro do Amor

  • Preço R$ 39,90 (288 págs.)
  • Autor Michelle Marly
  • Editora Tordesilhas
  • Tradução Claudia Abeling

O nascimento do Chanel nº 5 é intimamente ligado à vida amorosa de sua idealizadora, Gabrielle “Coco” Chanel (1883-1971). Em 1919, a estilista já era um nome de sucesso entre a elite parisiense, que vestia suas criações modernas e livres de espartilhos e outros excessos da época.

Aos 36 anos, era uma mulher rica e há dez vivia com seu grande amor, o diplomata britânico Arthur “Boy” Chapel, apesar de ele ter se casado com uma nobre inglesa pouco mais de um ano antes e com esta ter tido um bebê de nove meses. Tudo ia bem na vida de Coco, até que Boy sofre um acidente de carro fatal na estrada que o levaria a Cannes, onde procuraria uma casa para alugar para passar o Natal com sua amante.

A estilista Coco Chanel ao lado de seu cachorro - Divulgação

A notícia da morte de Boy leva a costureira a uma depressão profunda, que preocupa os amigos, em especial Misia Sert (1872-1950), sua amiga mais próxima, e seu marido, José Sert (1876-1945).

O casal resolve levar Coco Chanel quase à força para uma viagem ao sul da França, na qual ela decide pôr em prática o último projeto que tinha junto de seu amante: a criação de uma água de toalete para dar de presente às suas melhores clientes. A ideia era mandar fazer não mais que cem frascos do perfume, mas o aroma tinha que refletir a filosofia da estilista, ser tão moderno e sensual quanto ela.

Até o começo do século 20, os perfumes quase sempre tinham apenas uma nota, ou seja, um cheiro, e nem sempre tinham muita aderência à pele portanto se dissipavam rapidamente.

O novo plano profissional funciona como um antidepressivo para Chanel, que aos poucos vai retomando sua vida profissional, social e, por fim, amorosa. Ela se envolve com o compositor Igor Stravinsky (1882-1971), também casado e pai de quatro crianças com uma ex-bailarina de saúde frágil, e acaba por hospedar toda a família dele na casa que dividia com Boy, ao norte de Paris.

Enquanto isso, ela mesma passa a se hospedar em uma suíte no hotel Ritz, hábito que manteve até o fim de sua vida, em 1971.

Depois da paixão de Stravinsky, que ameaça deixar a mulher e seguir Chanel o resto da vida, ela conhece um outro russo, desta vez o grão-duque Dimitri Pavlovitch Romanov (1891-1942), com quem também se envolve. E é Dimitri quem a ajuda na busca de um perfumista, Ernest Beaux, que teria criado um aroma para a imperatriz Catarina 2ª, conhecida como a Grande (1729-1796), que inspiraria Chanel em sua criação mais famosa.

Eram os anos 1920, e Paris era o centro do universo para os iluministas. Chanel convivia com artistas e intelectuais como Pablo Picasso (1881-1973) e Jean Cocteau (1889-1963), mas não era aceita pela elite, por seu passado pobre.

Eis o pano de fundo para o romance “Mademoiselle Chanel e o Cheiro do Amor”, escrito pela alemã Michelle Marly, recém-lançado no Brasil pela editora Tordesilhas. Na Alemanha, a obra vendeu 100 mil exemplares.

O livro tem uma curiosidade: sua capa exala algumas notas do perfume que outra diva, a atriz Marilyn Monroe, famosamente disse ser a única coisa que usava para dormir.

A técnica usada para que isso aconteça se chama microencapsulamento e é um charme a mais de um livro que tem seus altos e baixos.

Entre os altos, a trama, o cenário e os personagens, imbatíveis. Entre os baixos, o estilo da narrativa, algo irritante, afetado e —por que não?— antigo, o oposto do que Coco Chanel foi em vida e representa para a moda e os costumes até hoje.

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