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De vez em quando aparece um filme brasileiro não feito para o consumo de idiotas. “Homem Livre”, de Alvaro Furloni, é um desses. Não fica mastigando tudo para o espectador nem se apoia em clichês para o entendimento fácil.
Mesmo a história é mais original que a maioria das que vemos por aí. O cantor Hélio Lotte, que teve seus 15 minutos de fama, sai da cadeia após 12 anos. Seu crime (qual?) chocou o país no passado. Ele encontrou Deus na prisão e se refugia numa igreja evangélica de um bairro na zona norte do Rio de Janeiro. Vive uma paranoia de que estão armando contra ele. E estão. Ou não?
Claustrofóbico, o filme tem três quartos de sua duração em ambientes fechados como o quarto do Hélio, que fica no primeiro andar da igreja. Telefonemas estranhos, invasões ao local e o crescente medo de que a população do bairro se revolte com a presença do criminoso se acumulam.
O fato de o bairro pobre se chamar Piedade chega a ser humor negro. Há ainda boas atuações, com destaque para o protagonista vivido por Armando Babaioff.
Dito isso, há falhas. Inspirado pela trilogia do apartamento de Roman Polanski (“Repulsa ao Sexo”, 1965; “O Bebê de Rosemary”, 1968, e “O Inquilino”, 1976), “Homem Livre” infelizmente não chega perto desses clássicos.
Se não for culpa do roteiro, talvez seja da direção a falta de uma conclusão mais satisfatória. A última cena não é má, mas, em meio aos devaneios de Hélio, custa-se a entender o que ele passou e como o crime se liga ao presente —não importando se esse presente é imaginação ou realidade.
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